terça-feira, 2 de novembro de 2010

Hoje é dia de sanduba!

Véspera de feriado ou feriado estendido para alguns e ninguém em casa, dia de sanduba, oba!
Às vezes as pessoas pensam que um chef come pratos elaborados todos os dias, mas a verdade é que maravilhas diárias perdem o encanto e um pouco de cotidiano é mais do que necessário e feliz ou infelizmente eu posso viver longas temporadas a pão e...vinho.
Ok , não vou ficar comendo queijo quente comum e corrente que até gosto muito, senão um sandubinha com gruyére e azeite de trufas acompanhado de salada de pepino japonês e tomate cereja orgânico com um molhinho de maracujá acrescido de mostarda dijon, mel de tâmaras, sal e pimentas ralados et...voilá! Hora de almoçar!
Tenho um hábito recorrente de passear por supermercados e lojas (razoavelmente chiques) para olhar novidades, e dei com o tomate uva docinho e...industrializado, que pena...deve ter muuuuuito agrotóxico apesar de gostoso, será que injetam açúcar?
Mais tarde descobri que a patente pertence a uma empresa de congelados, que sacrilégio!
Mas voltemos aos sandubas...
Alho bem fatiado refogado com azeite Casa Real, finas fatias de champignons variados (o sabor fica mais encorpado quando se reidrata uma mistura deles que vem em pequenos sacos e se incorpora aos frescos) e abobrinhas cortadas com descascador de batatas, quase transparentes, tudo isso recheando baguete preparada com muitos grãos e untada com chévre generosamente é claro e para acompanhar um singelo Carmen Carmenére 2009, que pecado!...
A ciabatta caseira pode vir assada com recheio de brie e blushed tomatoes que são tomates menos invasivos que os tomates secos tão avinagrados...Vinagre tem um ph que ofende o paladar e tenho certeza que o estômago também, é banido de minha cozinha, mesmo o balsâmico que não for adocicado, vinagre é vinho estragado, por Diós!...
Os pimentões vermelhos grelhados, com pesto de rúcula, lascas de peccorino e pistachio ralado recheiam grossas fatias de pão preto rústico caseiro que casam perfeitamente bem com o Casa Silva carmenére reserva 2008, é o caminho de céu com certeza!
Adoro vinho chileno e o carménere, desnecessário dizer, é o meu favorito.
A uva carmenére foi varrida da região do Médoc (Bordeaux) na década de 1860 por uma praga, o pulgão phyloxera, e já era dada como extinta quando em 1994 despontou no Chile, hoje seu único produtor com o único solo vinícola do mundo livre da praga que atacou a carmenére na França. A cepa chegou misturada a um lote de Merlot e por não se desenvolver como as outras foi submetida a pesquisas e teve confirmado seu ‘pedigree’.
Os franceses não voltaram a plantá-la por ser alvo fácil de uma praga que ataca os bagos jovens das parreiras.
Plantada no Vale de Colchagua a uva se adaptou esplendidamente ao solo chileno.
O carmenére é um vinho robusto e de cor intensa com sabores que vão do chocolate a amoras, com notas de baunilha e pimenta, acompanha bem os queijos e massas, aves e carnes e claro, sanduíches! Bom feriado!