domingo, 8 de setembro de 2013

Ah biscoitos......



Do latim biscoctu, que significa duplamente cozido os biscoitos foram em algum momento confeccionados com pedaços de bolo que postos para assar uma segunda vez ficaram crocantes, mas essa não é a receita original cujo crédito parece ser persa, ainda que haja evidências de biscoitos mais antigos produzidos na China, India e África.
Os biscoitos foram inicialmente produzidos com farinha rústica e cereais, em alguns países eram acrescentadas nozes e frutas ou mel para adoçá-los, de fácil transporte e alimentício eram favoritos entre os tripulantes das naus portuguesas que se deslocavam para o novo mundo entre os séculos XV e XVI , o padre Raphael Bluteau refere-se a eles no seu Vocabulário português e latino, como pães do mar. A cada marujo ou soldado cabia na época o equivalente a 28 arrateis (1 arratel= 428 gramas) de biscoitos como ração mensal.
Aquilo que foi concebido como pão pelos povos antigos e cuja confecção era basicamente uma mistura de grãos e água era dura de engolir, mas foi o provável protótipo dos primeiros biscoitos que nas mãos dos egípcios ganharam desenhos e formatos variados além de ostentarem marcas especiais quando dedicados a aristocatas, a fabricação era trabalho de escravos contratados por períodos de horas ou mesmo semanas para produzi-los e a arte passada de pai para filho.
A primeira receita documentada de biscoito foi encontrada no século XVIII pelo erudito Amadio Baldanzi num antigo manuscrito hoje preservado na cidade de Prato, Itália, era a primeira receita dos famosos biscotti di Prato que na moderna Itália são conhecidos como cantuccini, muito secos tradicionalmente vêm acompanhados por uma bebida na qual são mergulhados, na Itália são servidos como sobremesa depois de farto jantar acompanhados de uma aguardente toscana chamada vinho santo, fora da Itália, no entanto, os cantuccini acompanham cafés e chás.
Em meados do século XVII o biscoito era um sucesso na Europa e com o evento de novas refeições a Inglaterra criou um mercado não apenas produtor, mas consumidor; foram fabricados no país biscoitos para todos os gostos e cujo excedente era exportado para as colônias. Como colônia ainda não industrializada os Estados Unidos não tinham maquinário para fabrico próprio, mas perceberam rapidamente que o consumo interno valia a importação de máquinas inglesas e aos poucos os americanos não apenas produziram peças para reposição, mas criaram suas próprias máquinas formando uma das mais ricas e poderosas indústrias americanas e assim o biscuit inglês foi rebatizado de cookie (do holandês koekie ou bolinho). Os biscoitos se confundem com a história da confeitaria desde os primeiros registros doces, embora para os padrões atuais nem fossem muito doces, chegaram a Europa durante a conquista muçulmana da Espanha e da cozinha real pularam para o tabuleiro dos ambulantes e depois para\as grandes fabricas.
O biscoito como o conhecemos formulado com manteiga, açúcar, cremes e flavorizantes só apareceu no século XVIII e apenas em 1875 o primeiro cortador metálico foi criado e patenteado por Alexander Ashbourne, o que revolucionou a indústria de biscoitos que passou a fabricar e distribuir em larga escala.
Conta-se que o biscoito da sorte nasceu no período em que a China foi invadida pelos mongóis. Durante a luta pela libertação os chineses teriam criado grandes biscoitos na forma de meia lua dentro dos quais seriam colocados mapas e mensagens a serem trocados entre generais articuladores da libertação chinesa e que tempos mais tarde o biscoito, apesar da mudança na forma, teria se tornado uma  tradição para lembrar o povo chinês de sua luta e consequente libertação do domínio de Gengis Khan e seu exército.
A verdade é que apesar da bonita lenda os biscoitos foram criados em 1909 na Califórnia, mais precisamente em São Francisco, pelo imigrante japonês Makoto Hagiwara dono de uma casa de chá, como uma inovação criativa para oferecer a seus clientes.

Fortune Cookies (biscoitos da sorte chineses)

Ingredientes:

3/4 xc de farinha de trigo
½ xc de manteiga derretida
1 xc de açúcar de confeiteiro
1 pitada de sal
3 claras ligeiramente batidas
½ cl de chá de extrato de baunilha
½ cl de chá de extrato de amêndoas
tiras de papel com mensagens

Preparo:

 Forno a 180º C. Com fouet (batedor de arame) misture todos os ingredientes até obter uma massa homogênea e consistente. Os biscoitos devem ser feitos individualmente ou no máximo dois por vez, porque o formato se consegue com a massa morna, quase quente, e são dobrados com o uso de luvas. Use papel manteiga sobre forma ou manta de silicone e com uma colher de chá faça círculos de aproximadamente 10 cm. Asse por 4 ou 5 minutos ou até que os biscoitos estejam dourados por inteiro, retire com uma espátula, coloque a tirinha e dobre o biscoito em formato de pastel, depois aproxime as duas pontas. Se quiser que fiquem brilhantes, passe os biscoitos como o auxílio de pinça culinária em uma mistura de clara em neve batida com açúcar de confeiteiro.