segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

JUJUBAS

Jujuba é o nome de uma planta da família das Ramnáceas, originária da Ásia
subtropical e encontrada no Brasil em áreas desde a Bahia até São Paulo.
A jujuba é um arbusto que se desenvolve melhor em climas quentes, mas pode
sobreviver em temperaturas abaixo de 0.
A etimologia de jujuba é zizyphon (gr.) e ziziphy (lat.).
Acreditou que sabia tudo sobre elas?
Pois é, a jujuba não é originalmente uma bala de goma e açúcar ou apenas isso.
Na China a planta vem sendo cultivada há mais de 4000 anos e o fruto é muito apreciado em sua forma natural, lá conhecido como tâmara de mel ou tâmara vermelha.
Os chineses consomem jujubas também desidratadas, defumadas e na forma de picles ou de confeito açucarado.
Na preparação do confeito a jujuba é primeiramente fervida em calda e depois posta para secar por dois dias. Fervura e secagem são repetidas mais duas vezes e a casca é retirada na última fervura e a fruta colocada em calda açucarada mais concentrada dando origem à jujuba melada.
Como o formato do jujuba chinês pode ser redondo ou alongado e quando em fase de amadurecimento muda de tons, variando do verde ao vinho até o marrom imagino que a semelhança tenha nomeado a goma açucarada de jujuba, ou quem sabe a zizyphon tenha chegado aqui em sua forma adocicada e depois tenha adotado um formato fantasia, a jujuba do nosso dia a dia.
Seu criador ou introdutor no Brasil, pode ter sido um oriental que aqui manteve um nome próximo do original ou talvez mesmo no original, já que não tenho idéia de como se pronuncia zizyphon corretamente em chinês.
Em algumas outras línguas o nome do doce é uma variação entre as palavras goma do guaragum (goma chinesa, versão vegetariana da gelatina de origem animal) e geléia.
Tanto planta quanto fruta têm propriedades medicinais e na China são indicadas para a falta de apetite, distúrbios do fígado, alergia de pele e dores em geral.
Esteticamente a jujuba é usada na forma de cremes, já que é rica em vitamina C e antioxidantes, para a hidratação da pele, prevenção do envelhecimento precoce, suavização das linhas de expressão e rugas.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

dieta saudável

Muitas vezes buscando por hábitos de vida saudáveis, mas sem orientação adequada terminamos desnutridos e obesos.
Em média cinco entre dez vegetarianos passam por esse tipo de problema.
Para mudar uma dieta alimentar é preciso conhecimento e cuidado porque às vezes no intuito de repor proteínas, vitaminas e fibras das carnes retiradas do consumo diário, termina-se por ingerir farinhas e laticínios em excesso ou se continua a fazer combinações alimentares inadequadas.
Quando me tornei vegetariana, há mais de 20 anos, fiquei logo com problemas de anemia e digestão e enjoada com a comida apresentada.
Saladas, massas, tortas salgadas, legumes cozidos...
Comida sem graça, feia, gordurosa e pesada.
Foi 100% de monotonia alimentar à primeira vista, mas eu estava decidida.
Limpando uma carne para os filhos senti de repente um cheiro estranho, parecia urina, e como vim saber mais tarde se tratava de hormônio dado para o gado.
Hormônio usado também em frangos não orgânicos, suspeitos de causarem displasia mamária.
Comer é bom demais! A gente precisa é fazer da comida uma arte, usar da imaginação e o que não dá certo deletar simplesmente, (jogar no lixo sem culpa) porque aquilo que não está bom a gente não tem que consumir e nem tentar consertar, às vezes nem os chefs conseguem.
Então a gente começa em pequenas quantidades. Aprende e aplica. Aprova ou rejeita.
É quase uma brincadeira, mas o amor a arte e o conhecimento básico fazem toda a diferença, e se de todo isso não nos interessa, não custa ler sobre o assunto e se atualizar, para aprender a comer com propriedade, cuidando de saúde, humor e do novo regime escolhido que não tem que ser levado a ferro e a fogo, mas degustado.
A cozinha cordon vert tem sutilezas, delicadezas e visual que podem ser extraordinários, mas é bom sempre começar do básico e ir incrementando, pesquisando, balanceando. Somos um agregado químico e assim é tudo o que comemos, depende de um certo olhar, uma certa combinação. Bom natal e um ano novo bem saboroso.

Ceia mediterrânea de natal

Couscous marroquino ao coentro e limão siciliano

Ingredientes:

Couscous marroquino
Suco e casca ralada de um limão siciliano bem lavado
Um maço pequeno de coentro bem picado
Sal
Azeite ou manteiga
Água

Modo de preparo:

Siga as instruções da caixa. Finalize com o suco do limão, a manteiga ou azeite e o coentro picado.


Lasanha de berinjelas

Ingredientes:

2 berinjelas
1 lata de tomate pelatti (dos italianos preferencialmente)
Mozarela de búfala
½ copo de vinho tinto de boa qualidade
Orégano fresco ou desidratado
Queijo ralado
Folhas de orégano fresco
Azeite
Alho picado
sal

Modo de preparo:

Corte a berinjela em rodelas de ½ cm e deixe de molho em água e sal por 10 minutos, escorra e leve ao forno em tabuleiro regando com azeite, sal grosso e orégano e grelhe.
Liquefaça o tomate junto com o vinho, um pouco de sal e orégano e depois refogue com o alho e azeite. Corte a mozarela em rodelas e reserve.
Retire a berinjela do tabuleiro.
A montagem deve ser feita da seguinte maneira:
Numa forma de fundo falso, vá alternando fatias de berinjela, mozarela e molho, termine espalhando queijo ralado por cima e leve ao forno para gratinar. Desenforme e decore com folhas de orégano fresco.



Sorvete de baunilha e conhaque com ameixas ao vinho do porto

1 lata de creme de leite
¾ de lata de leite condensado
1 colher de cafezinho de essência de baunilha
½ medida de lata de creme de leite de conhaque de boa qualidade
12 ameixas infundidas em vinho do porto por 1 semana ou mais
Fatias de panetone grelhado (opcional)

Modo de preparo:

Bata os 4 primeiros ingredientes na batedeira ou na máquina de sorvete. Leve ao freezer e se não tiver a máquina, bata por mais 3 ou 4 vezes a receita.
Para servir lembre de tirar o sorvete do freezer para facilitar fazer bolas para serem servidas sobre fatias de panetone, enfeitadas com as ameixas e um pouco de seu caldo.

domingo, 13 de dezembro de 2009

As rosas não falam...

Talvez em qualquer outra estação, mas na primavera todas as flores falam e algumas delas ainda por cima são comestíveis e incrivelmente saborosas.
Antigamente havia mais trabalho na terra para homens do que para máquinas e o alimento que chegava a nossa mesa tinha o tratamento delicado da mão de pessoas que com ele tinham intimidade e sabiam a época propicia de plantar e colher cada flor e fruto.
Hoje, fora da estação, achamos a nossa disposição os mais diversos frutos, legumes e verduras e às vezes nem sabemos do que se trata... Mas não se preocupe que eles vão cair em nossas mãos, chefs e experts e nós faremos você cobiçar essa coisinha sofisticada e recém-chegada ao mercado que quase ninguém conhece com receitas caídas do Olimpo!
Agora falando sério... Perdemos a sasonalidade daquilo que comemos e muitas vezes privilegiamos alimentos para os quais nossos corpos não estão preparados; fora da estação ou cheio de aditivos...
Quando vamos à feira ou ao super mercado e é, por exemplo, estação de tangerinas, nosso olfato as detecta a mega distâncias e nossas papilas gustativas imediatamente incitam salivação, ficamos com a boca cheia d’água e imediatamente todo o nosso corpo se prepara para receber esse fruto.
Na estação propícia acontece a fartura que torna os alimentos mais baratos, época em que nossas avós e suas ancestrais tinham sempre receitas para prepará-los, desde doces caseiros a remédios eficientes de dar inveja a qualquer alquimista!
A receita que segue é para pouca quantidade e pode ser aumentada proporcionalmente. Essa geléia além de ser saborosa sobre torradas simplesmente, é também excelente para temperar frangos e codornas, cobrir e rechear bolos e sorvetes, além de se agregar bem a pudins e gelatinas e tudo pode vir romanticamente acompanhado de pétalas glaçadas.

2 xícaras de pétalas de rosas sem pesticida e bem lavadas
2 ½ xícaras de açúcar
1 cl pequena de essência ou água de rosas comestível
gotas de limão

Numa panela de ágata, preferencialmente, despeje as pétalas, cubra com o líquido e cubra com o açúcar. Cozinhe em fogo baixo, sempre mexendo, por aproximadamente 30 minutos ou até que tenha aparência e consistência de geléia . Depois de pronta deixe esfriar e use, se for armazenar é preciso esterilizar e vedar bem o recipiente.
Para as pétalas glaçadas:

pétalas sem pesticidas, bem lavadas e secas ao ar
1 ou 2 claras de ovo batidas em neve
açúcar vanilado

passe cada pétala na clara e depois no açúcar e deixe secar sobre papel manteiga, depois é só aplicar na decoração.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

AVEIA

Alguns alimentos têm a propriedade de aliviar sintomas físicos desconfortáveis ao mesmo tempo em que reforçam saúde e imunidade, aumentando bem estar físico e bom humor.
Tomar medidas saudáveis, relacionadas à alimentação, nos ajuda a minorar os efeitos do stress e a repor alguns compostos que ele drena.
A aveia é um desses alimentos de preparo fácil e com super propriedades

Rica em proteínas, cálcio, magnésio, sílica e ferro, a aveia reúne várias vitaminas e é importante agente para a saúde de ossos e dentes. É tanto estimulante quanto relaxante, o que proporciona alívio para depressão, ansiedade, tensão, insônia e exaustão nervosa; também diminui níveis de colesterol e açúcar no sangue, prevenindo problemas cardíacos e de diabetes. Esta qualidade hipocolesterolêmica da aveia é atribuída principalmente às b-glucanas com capacidade de aumentar a síntese de ácidos biliares e reduzir a absorção do colesterol resultando, por conseguinte na diminuição do colesterol sanguíneo.
Rica em fibras previne é excelente contra a prisão de ventre, eliminando as toxinas do intestino; diz-se ainda, que auxilia na prevenção de tumores intestinais.
Novas evidências sugerem que a aveia também pode ajudar a reduzir a pressão sangüínea em pacientes hipertensos.
A aveia é um dos poucos grãos que contém antioxidantes difíceis de encontrar, como os compostos de vitamina E chamados tocotrienóis. Rica em fibras e proteínas a aveia sacia rapidamente, o que ajuda no controle do peso.

BISCOITO INTEGRAL DE AVEIA

Ingredientes:

100 gr de farinha integral
50 gr de farinha de trigo
50 gr de aveia em flocos
150 gr de manteiga
4 cls de sopa de água fria
¼ de xícara de açúcar mascavo ou mel de boa procedência
½ cl de chá de cravo em pó
½ cl de chá de canela em pó
1cl de sopa de gergelim ou castanha de caju triturada
1 pitada de sal


Modo de preparo:

Amasse todos os ingredientes na mão e forme uma bola, leve à geladeira por 10 minutos. Retire, coloque entre 2 plásticos ou filme culinário e abra a massa com rolo. Use um cortador e faça pequenos biscoitos. Disponha numa forma sobre papel manteiga ou silicone. Asse por 15/20minutos ou até que estejam dourados.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

vai comer tomates?

Adoro tomates e suas diversas formas de uso. Em sopas, saladas, sucos, molhos e doces. Secos, molhados, desidratados ou blushed, os semi desidratados. Tomates pertencem a família das frutas e o vermelho vitaminado é o licopeno, que se observarmos bem de perto é sempre desigual, quase artesanal e quanto mais forte mais rico em betacarroteno que é precursor da vitamina A e basta um pouquinho, um fio apenas de azeite de oliva para transportá-lo pelo corpo com facilidade além de realçar seu sabor natural. Bom pra pele? Também para as unhas e os cabelos.
A gente se habitua a certos commodities que nem sempre nos fazem bem, o congelado é um deles e apesar de afirmações quanto a não perderem o valor nutritivo, perdem em vitalidade e frescor. Eu pessoalmente considero quase uma ofensa torná-los um hábito diário que nos faz terminar esquecendo como é bom comida de verdade sem aditivos, sem agrotóxicos. Agrotóxico... É esse mesmo o assunto dos tomates... e no Brasil infelizmente são quase unha e carne, com licença da impropriedade... Aqui os tomates são tratados a pesticida como o monocrotofós, ingrediente ativo que teve o uso proibido em novembro de 2006, em razão de sua alta toxicidade além do metamidofós...Ficam na gente, não são eliminados, e não é possível neutralizar agrotóxicos no organismo completamente e se a crença popular é de que quanto mais cozidos mais purinhos ficam, no que diz respeito a defensivos agrícolas esse é um ledo engano, apenas mais um mito, o cozimento nesse caso potencializa o veneno.
Fazer o quê? Comprar orgânicos, pelo menos tomates e pimentões se achar que todo o resto é muito caro, mas dou um conselho útil antes da decisão final: mais vale uma boa alimentação ainda que um pouco mais cara do que uma saúde precária alimentada a remédios fortes e com efeitos colaterais, e se de todo nem os tomates orgânicos tiverem espaço no orçamento doméstico então o melhor é usar os pellati enlatados, mas atenção... somente os italianos! Porque se aqui existe legislação sem controle, na Itália os tomates são tratados quase como membros das famílias de quem os planta.
Eu adoro as receitas italianas, tão pródigas e perfumadas e os tomates podem ser usados de forma universal, se prestam a pratos frios ou quentes ou apenas cortados em rodelas com azeite, sal grosso e orégano já são em si mesmos uma festa. Com certeza cada um tem uma receita de tomates que é deliciosa e algumas estão na família há tantos anos que se tornaram uma tradição. Seguem umas receitinhas saborosas para terminar um dia estressante de forma relaxada...

Bloody Mary com saquê

1 medida de saquê
4 medidas de suco de tomates (pode ser o de garrafa ou o pellati batido no liquidificador)
1 rodela de limão siciliano
1 talo bonito e firme de aipo(salsão)
gotas de molho inglês
gotas de tabasco
1pitada de pimenta rosa ralada
cubos de gelo filtrado

separe o aipo e o limão e bata o resto no liquidificador, depois de pronto despeje em copo alto, coloque a rodela de limão dentro do copo e use o aipo para mexer a mistura, salpique a pimenta por cima.
Bruscheta de tomate e parmezón

Fatias de baguete cortadas em diagonal
Tomates cereja (os pequenos) orgânicos
Orégano fresco
2 dentes de alho bem socados
parmezón ralado, de preferência peccorino( de leite de cabra)

corte bem miúdo os tomates e o alho e coloque sobre cada fatia de pão, use apenas algumas folhas do orégano sem os talos sobre cada e depois espalhe o queijo generosamente por cima, leve ao forno médio/alto até que o cheiro se espalhe por toda a cozinha e sirva.


Sopa de tomates super rápida

1 lata de tomates pellati
orégano fresco (só folhas)
azeite
1 cl bem pequena de açúcar
1cl bem pequena de sal
pimenta fresca ralada
1cl de sopa de vinho tinto(opcional)
1 cl de sobremesa de creme de leite frio(opcional)
fatias pão dormido
sal grosso

bata os primeiro 5 ingredientes no liquidificador e se for usar o vinho também. Leve ao fogo baixo sempre mexendo enquanto corta o pão dormido em pequenos quadrados ou fatias, cobrindo depois com um fio de azeite e sal grosso. Leve ao forno para tostar.
Quando a sopa tiver fervido coloque numa tigela e com uma colher de chá verta o creme com cuidado fazendo uma espiral, rale a pimenta fresca e bom apetite!




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PÃO DE NATAL

Pão de frutas secas e nozes


200 gr de farinha integral
100 gr de farinha de trigo
1 cl de sobremesa de fermento granulado ou um tablete de fermento fresco
1 copo de água morna(temperatura do corpo)
1 cl de sobremesa de açúcar
1 litro de água morna
Frutas secas variadas e nozes

Ligue o forno enquanto prepara o pão.
Numa tigela grande coloque o fermento, o copo de água morna, um punhado de farinha de trigo, o açúcar e misture ( a consistência deve ser meio mole), tampe com um prato e deixe fermentando por 15 minutos, depois desse tempo a mistura deve estar borbulhada.
Acrescente alternadamente as farinhas e a água aos poucos, misturando bem. Não vai ser necessário usar todo o litro de água, assim que a massa soltar das mãos comece a sovar.
Desligue o forno, se estiver muito quente deixe a porta ligeiramente aberta para esfriar.
Quando a massa estiver suficientemente sovada (pressione de leve o dedo na massa que deve subir de volta), leve para descansar enfarinhada e coberta por aproximadamente 1 hora no forno desligado, depois junte as frutas e nozes, sove um pouco mais, enfarinhe uma forma e coloque a massa de volta no forno desligado para que ‘cresça’ por mais ½ hora. De forma e leve ao forno médio/quente por 25/30 minutos, retire do forno e bata no fundo do pão se o som for “oco” ele está pronto, coloque sobre uma grelha para esfriar e pincele o pão ainda quente com uma mistura de manteiga derretida (1 cl de chá) e açúcar mascavo.

CURIOSIDADES CULINÁRIAS

É verdade que devemos, pelo menos às vezes, nos preocupar com o teor de toxidade daquilo que ingerimos, porém isso não deve comprometer o prazer de comer, afinal encarar comida como obrigação destrói uma de suas grandes funções que é a socialização. Em torno da comida perpetuamos rituais de vida, convivência e às vezes de morte. Conta-se que nos idos de 1670, François Vatel o grande cozinheiro e maître d'hôtel francês, suicidou-se após um suposto fracasso culinário durante o último de uma série de banquetes preparados num fim de semana para Luiz XIV e a nobreza francesa, composta de 3000 pessoas no castelo de Chantilly.
Existem várias estórias sobre erros culinários que redundaram em acerto e se tornaram famosos, como é o caso das irmãs Tatin criadoras do doce que leva seu nome e que foi fruto de uma distração na cocção da sua famosa torta de maçã levada ao forno sem a massa. Ao perceberem o erro e na tentativa de fazer um conserto meio tardio cobriram as maçãs com a pâte sablée e como resultado as maçãs não respiraram e caramelizaram, dando forma a uma nova versão da torta que fez tanto sucesso que tem hoje em dia uma confraria exclusiva na frança que a defende, promove e prestigia.
Se em algum momento optamos por, ou temos que seguir alguma dieta especial não significa nos habituarmos ao sem sal, porque até mesmo o sal pode ser substituído por sabores especiais. Não é recomendável exagerar nas fibras, farinhas e queijos que em excesso tornam a comida indigesta e pesada fazendo com que a opção vegetariana, por exemplo, seja alvo de muxoxos ao invés de gemidos de prazer.
Nem se trata, muito menos, de travestir os sabores verdadeiros por outros incógnitos usando molhos em profusão.
Usando-se de tudo um pouco de forma sutil e equilibrada é possível transformar o que poderia vir a ser um provável sacrifício numa dieta leve e bem humorada.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

VEGGIE CHIC

Em 1997 me formei na escola Cordon Vert em Cheshire, Inglaterra,
uma escola especializada em gastronomia vegetariana.
Pouco tempo depois Dudu Meckelburg dono do HBD SPA na Barão de Jaguaripe me convidou para ser sua sócia num pequeno café, e assim nasceu o Café Vert no coração de Ipanema. Acho que o nosso foi o primeiro Café quase totalmente orgânico, com cardápio sazonal (trimestral), no Rio de Janeiro.
O SPA vai muito bem obrigado, mas o Café como existia já não funciona mais e eu fui dando outros rumos à vida, embora nunca tenha deixado realmente de cozinhar e pesquisar, tudo porém, em petit comitê.
Seja por questões ecológicas ou por questões humanitárias ou por intolerância de qualquer outra ordem, vejo que as pessoas hoje fazem pelo menos uma tentativa de diminuir o consumo animal em suas dietas.
O número de vegetarianos no mundo cresceu bastante.
A gente já não é mais apontada como bicho grilo e consegue na maioria dos restaurantes mais do que só folhas de alface e legumes (ultra) cozidos em água e sal.
Pessoalmente acho que cada um deve seguir o que seu coração manda, acho apenas que não custa dar uma chance para um sabor novo, uma nova descoberta e quem sabe até, uma nova aptidão?
Nos últimos vinte e alguns nos tenho sido lacto vegetariana e duas foram as coisas que me fizeram buscar o Cordon Vert.
Uma delas, a mais importante, foi tratar de melhorar o visual e o conteúdo da comida vegetariana que sempre me parecia pesadona e carecia de beleza e equilíbrio nutricional.
Acontece muito entre pessoas que resolvem do dia para a noite seguir uma alimentação terminarem desnutridas e até obesas, entre vegetarianos isso é bastante comum.
O Cordon Vert me atualizou muito no quesito sabor e visual, duas coisas fundamentais para quem gosta de comer, e esse é definitivamente o meu caso!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

UM COMPOT PRA FECHAR A REFEIÇÃO

1 maçã descascada
1 pêra descascada
1 laranja pêra bem lavada e sem sementes fatiada com a casca
Casca e suco de 1 limão siciliano bem lavado e sem sementes
Uma porção de damascos secos
Uma porção de passas secas
Uma porção de ameixas secas
2 a 3 canelas em pau
2 ou 3 cravos da índia
100 ml de vinho do porto ou tinto de boa qualidade (ao qual se tenha acrescentado 1 cl de sopa de açúcar )

Coloque tudo numa panela de barro ou inox e leve para cozinhar em fogo baixo.
Se o líquido secar antes de começar a dar ponto, coloque mais água aos poucos até que as frutas atinjam cozimento ‘al dente’.
*Com o produto da massa do queijo feito à partir do iogurte, pode-se juntar açúcar vanille e cascas de laranja, o resultado é um creme bem leve, como um mascarpone, que acompanha o compot num casamento ideal.

AZEITONAS

Sempre tive horror a azeitonas. Seja porque uma vez meu irmão a título de uma gracinha disse a visitas que a mãe nunca deixava que ele comesse o quanto tinha vontade, o que lhe rendeu como castigo comer um vidro inteiro (haja psicologia infantil....), seja porque as águas por onde navegam me causavam indescritível mareio...
Um dia quando estava no meu Café com o André, assistente de cozinha, chegou uma encomenda de azeitonas pretas. Era um tonel enorme e quase tive um desmaio ao ver aquele monte de olhos pretos mergulhados em águas turvas me olhando. Fiquei tonta, então o André me disse: vou trocar a água.
E pela primeira vez eu observei com emoção aqueles frutos pretinhos oleosos, qual peixes fora d’água. Tinham um perfume inusitado. Peguei uma e mordi. Caudalosa e horrorosa! Cuspi fora (hamsa!hamsa!) e decidi que não iam me vencer assim tão fácil.
Resolvi desidratar.
Levei ao forno quente e esperei que chegasse o cheiro do deserto e de azinhavre do suor mouro.Começaram a enrugar tirei do forno. Esfriaram. Botei uma na boca.
Manjar maravilhoso. Não parei mais de comer e ainda me pergunto por que não as embalam em vácuo ou num pouco de azeite ao invés de águas turvas salgadas.
São tão oleosas que é difícil que estraguem.
Embora possa acontecer de mofar. Óleo, calor e pouco espaço não se harmonizam por muito tempo...
Bom, a essas azeitonas se pode juntar bom azeite, pimenta fresca, orégano orgânico, talvez umas talhadas de peccorino ou de queijo mineiro.
Caem bem também umas cebolas pequeninas e quem sabe até uns tomates, pra comer com o pão e o queijo fresco ao sabor de um bom vinho tinto .

QUE TAL UM QUEIJO CASEIRO PRA ACOMPANHAR O PÃO?

A cada litro de leite consegue-se uma média de 250gr de queijo. É um queijo bem simples e saboroso e o efeito é bem legal.

Uma sacola de algodão (em alguns atacadistas de material de culinário se acha. Pode-se
usar ‘’panos de chão’’ vendidos na feira que são sacos de algodão alvejados) bem lavada e seca.
1 l de leite
1 copo de iogurte
2 cls de sopa de leite em pó.

Aqueça o leite até 36º, um pouco acima da temperatura do corpo, então misture o iogurte e o leite em pó. Tampe a mistura e deixe de um dia para o outro em lugar aquecido. Um forno pré-aquecido e desligado é o ideal.
No dia seguinte a mistura deve estar mais sólida do que um iogurte regular.
Com a ajuda de uma concha coloque esse iogurte na sacola, amarre e pendure em local onde possa sorar. Esse soro é um bom liquido para substituir água na fermentação de pão.
Depois de 1 ou 2 dias a massa do queijo deve estar cremosa pronta para ser usada.
Pode ser consumida em natura, salgada, enformada e coberta com pimenta rosa seca (aroeira), geléia de pimenta, de damasco ou qualquer outra. A consistência é de um boursin e dura mais de uma semana, depois desse tempo o melhor é verificar seainda pode ser consumida.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

PÃO

Não sei se com tudo mundo que resolve um dia cozinhar é assim, mas a coisa que eu mais tinha vontade de aprender na cozinha era pão. Sou definitivamente louca por pão e já cheguei a ter uns 5 ou 6 livros grossos, além de uns outros mais finos sobre o assunto, até que me cansei de tanto fazer pão e passei a comprar. Definitivamente não é a mesma coisa, ainda que agora algumas padarias da zona sul sejam altamente sofisticadas e produzam pães muito variados e saborosos. O problema quando se pára de fazer pão é que a mão enferruja e tem-se que começar do zero, porque o pão entre as manhas que exige, pede uma boa munheca, um bom molejo na mão para a sova.Quando éramos pequenas, eu e minha irmã gostávamos de brincar num pequeno canteiro que tinha umas cobrinhas ou minhocas (sou muito urbana para saber o que realmente eram) e quando alguma coisa se aproximava delas, se enrolavam no próprio corpo e por isso nós resolvemos que eram tatus bola e ficou assim convencionado entre os amigos da rua sem saída onde morávamos, ainda que tatu seja um bicho totalmente diferente e de muito maior volume, enfim. Não fugi do assunto pão não, apenas me lembrei que a sova do pão é bem assim, vai se enrolando em si mesma como o tal do tatu bola, formando uma bola da massa entre a palma e o punho. Uma lenda não comprovada diz que a sova chegou ao ponto quando o padeiro suou em profusão suficiente que dê pra salgar o pão, será?A feitura do pão tem uns segredinhos que devem ser levados a sério. Mais tarde com a experiência adquirida a gente vai descobrindo outras coisas que acrescenta, substitui ou tira, mas antes é preciso criar uma intimidade com a massa até poder prescindir de uma métrica exata e utilizar apenas a intuição. Então vamos lá. O fermento de pão pode vir nas formas pastosa, em grânulos, instantâneo ou seco. Normalmente, quando tenho, uso o fermento granulado instantâneo que dispensa a primeira etapa de fermentação.Tem gente que prefere trabalhar com fermento de padeiro e algumas padarias vendem esse fermento fresco a quilo. Em casa, depois do pão sovado pode-se tirar um pedaço da mistura já fermentada e guardar para levedar a próxima receita. Esse fermento tem uma duração razoável desde que mantido em recipiente bem fechado na geladeira. Quando desanda liquefaz. A Fleischmann hoje produz um ‘’melhorador’’ de farinha para ajudar na sova já que a farinha branca encontrada no mercado brasileiro tem apenas uma ou duas graduações, e é, portanto, uma farinha mais pesada para se trabalhar. Eu não uso,mas tem gente que gosta.

PÃO BRANCO

Pão branco

Ingredientes:

1 cl de sobremesa de fermento para pão
1 copo (150/200 ml) de água morna
½ kg de farinha aproximadamente
1 cl de chá de sal
1 cl de sobremesa de sal
1 cl de sopa de azeite

(Atenção! Leia as instruções de mistura do fermento escolhido, alguns não necessitam deste pré-preparo, juntam-se diretamente ao restante dos ingredientes)

Normalmente antes de começar a juntar os ingredientes crio uma estufa para fermentar massa. Ligo o forno antes de começar a receita e depois de aquecido desligo, é uma estufa bem eficiente. Depois de uma meia hora nessa estufa, a massa vai dobrar de tamanho e pode ser cortada para fazer pequenos pães ou enrolada num pão redondo, ou esticada num formato comprido para ciabatta. Passe farinha sobre o pão e espalhe, enfarinhe também a forma onde vai assar.
O forno deve estar pré-aquecido e bem quente, porém quando o pão for ao forno diminua a temperatura. Em geral leva uns 20 minutos para assar, mas o perfume que toma conta do ambiente não deixa dúvidas.
Quando tirar o pão do forno bata embaixo, se o som for oco ele está pronto.
Deixe que esfrie num gradil, pode ser numa grade fria do próprio forno.
Não corte enquanto estiver muito quente sob o risco de solar o miolo.
Bon apetit!

continuando....

A água a ser usada na mistura deve ser um pouco mais quente do que a temperatura do corpo. Se for usar outro fermento que não o instantâneo, a primeira massa deve ter a consistência de um leite grosso*.
Se for usar o fermento instantâneo misture todos os ingredientes de uma só vez, menos o azeite e um terço da farinha que deve ser incorporado no final até que a massa desgrude dos dedos. Mãos à sova em mesa enfarinhada!
Coloque a farinha sobre a mesa da sova e não sobre a massa diretamente porque o excesso de farinha endurece a massa e prejudica a fermentação. Dessa forma é possível ir verificando a textura da massa e incorporar apenas a quantidade necessária. O ponto da massa é elástico, sem grudar, mas macio ao toque.
Para saber se a massa chegou ao ponto de fermentação afunda-se ligeiramente o dedo nela e se subir de volta é hora de levar pra fermentar, enfarinhada, tampada e em lugar quente.
Não sove massa em pedra fria, a fermentação precisa de calor.
As correntes de ar durante a mistura dos ingredientes e da sova devem ser evitadas, para que o pão cresça.
Agora chega de conversa e mão na massa!
Lembre-se de escolher o tipo de fermento que vai usar antes de começar já que a receita muda um pouco de um para o outro. E não menos importante, tenha todos os ingredientes separados antes de começar.



* Junta-se ao fermento uma colher de chá de açúcar, água e um pouco de farinha para facilitar na fermentação e a mistura deve então ser coberta e levada a um lugar onde haja calor e deixada para fermentar por 15 ou 20 minutos, a aparência vai ser de uma leve fervura levantando pequenas bolhas. Nessa fermentação, acrescentam-se então os outros ingredientes.