sexta-feira, 23 de março de 2012

Pastel de Feira

Manhã bacana, muito calor, tornozelo ainda inchado apesar das pernas pro ar uma quinta feira inteira, mas, pernas pra que te quero? Pra caminhar até Ipanema, engrenar no pilates e dar uma canja do que vai ser Pão & Meditação pra minha professora fofa, a Laura, o projeto deve começar no mês de abril, vamos ver se dá audiência, estou bem animada! Pernas pra que te quero de volta pra casa e o cheiro da feira invade o olfato. Passeio entre as barracas vistosas e provo manga, melancia e abacaxi, compro um que já vem descascado e sigo embriagada pelo rastro do pastel, a caminhada é curta e lá está a barraca com um povo super animado fazendo graça quase respeitosa com as moças que encostam no balcão. O chiado do óleo não para e nele mergulham-se os sabores mais variados, jabá, palmito, carne, queijo, frango com catupiry, além de quibe e bolinho de bacalhau, compra-se um pastel e leva-se uma variedade... Eu como vegetariana não sectária não ligo muito, não tenho aversão a carne e nem a gente, apenas algumas convicções, mas respeito quem pensa diferente.
O caldo de cana corre solto e algumas pessoas (Deus do céu!!!) bebem dois ou três copos e só de ver eu fico instantaneamente diabética! Mas entendo, sou filha de nordestinos e lá o povo bebe açúcar regado à café. Convenhamos que o açúcar foi explorado por Portugal no nordeste e apesar de valer ouro, os escravos viam apenas suas migalhas e vinhoto, então na ilusão de se alimentarem, “roubavam”açúcar que iam comendo, arruinando maravilhosos dentes africanos e estragando entre outras coisas a firmeza das suas peles.
Açúcar vira álcool, e é claro que nos engenhos a cachaça rolava solta, bem verdade que não para a boca de todos, enfim voltemos a feira antes que ela acabe, porque já passam das 11h 00 e agora o enxame engrossa, o caldo entorna e as sacolas de R$1 vão convidando a empregada e a patroa a encherem o carrinho enquanto do nada aparecem uns quantos moleques que se oferecem por um trocado pra levar tudo em casa. É quase uma comunidade agrícola, aqui todos se conhecem e volta e meia trocam uma graça ou uma nota de R$100, sem contrariedade alguma, aqui tudo anda na base da amizade.
Olhos sempre maior que o estômago e saio carregada e feliz, mas vou ter que sujeitar meus braços as sacas pesadas até em casa, uma boa caminhada. Mas valeu de repente essa parada na feira pra um pastel descompromissado que por sinal estava muito bom!
Bom fim de semana pour touts et bon appétit toujours!