segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Bolo de cenoura

Ingredientes para o bolo:

4 ovos
1 1/4 xc de óleo vegetal
2 xcs de açúcar
1 cl rasa de sobremesa de extrato de baunilha
2 xcs de farinha de trigo
2 cls de sobremesa rasa de fermento em pó para bolo
1 cl de sobremesa rasa de bicarbonato de soda
1 cl de chá de canela em pó
1 pitada de cravo em pó
1 pitada de sal
3 xcs de cenouras raladas
1 xc de nozes picadas
Punhado de frutas secas ou cristalizadas ou raspas de laranjas cristalizadas (opcional)
3cls de sopa de suco de gengibre (rale o gengibre e esprema em pano de algodão)
Gotas de extrato de baunilha

Ingredientes para a cobertura:

¼ xc de manteiga amolecida
200 gr de queijo creme tipo boursin
3 ½ xcs de açúcar de confeiteiro
1 cl de chá de extrato de baunilha
1 xc de nozes picadas


Preparo do bolo:

Pré-aqueça o forno em temperatura média. Processe ovos, óleo, açúcar, algumas gotas de baunilha e gengibre, até obter uma massa cremosa, peneire e acrescente à farinha, o bicarbonato, sal, cravo, canela e açúcar, adicione a cenoura e depois as nozes e as frutas, misture ligeiramente. Unte uma forma desmontável tamanho 23 cm x 5 cm e leve o bolo ao forno médio por 30 minutos ou até que esteja corado, deixe esfriar antes de retirar da forma e depois coloque sobre grelha fria para que esfrie completamente antes de espalhar a cobertura.

Preparo da cobertura:

Processe a manteiga, o queijo, o açúcar e a baunilha até obter um creme homogêneo, aplique sobre o bolo já frio e guarneça com as nozes picadas.

Romãs para o ano novo

Na mitologia grega conta-se que o deus Hades sequestrou Perséfone para seus domínios, o mundo subterrâneo dos mortos, e Perséfone então prometeu não ingerir qualquer alimento enquanto estivesse cativa, porém passado algum tempo quebrou a promessa quando encontrou uma romã e comeu dela seis sementes. Quando Deméter sua mãe, finalmente a encontrou concluiu que ao quebrar a promessa Perséfone não rejeitou inteiramente Hades e assim ficou estabelecido o acordo em que ela passaria metade do ano junto a seus pais, quando seria Koré, a eterna adolescente, enquanto nos seis meses restantes ficaria com Hades, quando se tornaria a sombria Perséfone.
Debulhar uma romã é um exercício de encanto, os grãos de vários tons de vermelho perolado parecem pequenos rubis ou pérolas d’água que vão emergindo a tona da polpa macia à medida que os dedos procuram por essas pequenas jóias suculentas.

Gelatina de espumante com romã

Ingredientes:

1/2 xícara (chá) de água fria
2 colheres (sopa) de açúcar
8 g de Agar Agar (gelatina de origem vegetal)
350 ml de espumante rosé
punhado de grãos frescos de romã
*Chantilly

Preparo:

O ideal para essa sobremesa é usar recipientes transparentes individuais.
Misture o açúcar e a água, polvilhe a gelatina por cima e deixe descansar até que toda a água tenha sido absorvida. Aqueça em fogo brando, mexendo sempre até a gelatina dissolver, mas não deixe que a mistura ferva para não perder as propriedades do agar. Retire do fogo e deixe esfriar um pouco antes de adicionar o espumante, disponha um pouco de romã no fundo do recipiente que vai usar, despeje a gelatina por cima e deixe que tome um pouco de corpo antes de salpicar mais romã, o Agar Agar não precisa ir a geladeira. para tomar corpo, porém a sobremesa fica mais saborosa gelada. Leve a geladeira e antes de servir desenforme em prato de sobremesa, cubra com o chantilly e salpique mais sementes de romã para decorar.

*Chantilly

Ingredientes:
1 clara
150 ml de creme de leite gelado e dessorado
1 cl de sopa açúcar de confeiteiro

Preparo:
Bata a clara em neve até que fiquem bem firmes e aos pouco acrescente o açúcar. Junte a mistura cuidadosamente ao creme de leite e utilize.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

agora faltam apenas sobremesas! et voilá a ceia vegetariana!

Champignos portobelo fatiados ao creme de leite

Ingredientes:

1 pacote pequeno de champignons portobelo (branco)
150 gr de creme de leite gelado dessorado
1 cl de sopa de manteiga
Alho e cebola bem picados
Sal e pimenta ralados
1 cl de chá de molho inglês
1 cl de sopa de conhaque (opcional)

Preparo:

Lave bem, retire os talos e fatie os champignons, reserve. Refogue o alho/cebola na manteiga e acrescente os champignons fatiados, mexa de vez em quando em fogo brando até que o champignon escureça. Acrescente o creme de leite e os outros ingredientes, mexa ligeiramente, desligue o fogo e tampe a panela. Sirva em seguida.


Abóboras boleadas no vapor

Ingredientes:

1 bom pedaço de abobora baiana madura
Salsa picada

Preparo:

Pique bem a salsinha, descasque a abóbora e boleie com um boleador próprio para frutas. Cozinhe no vapor e quando for servir salpique com a salsinha.

Aspargos grelhados em azeite de trufas envoltos em massa folheada

Ingredientes:

1 pacote de aspargos frescos
Sal grosso
Azeite de oliva
Azeite de trufas
1 pacote de massa folheada congelada

Preparo:

Retire a massa do freezer tendo o cuidado de mantê-la em temperatura manejável, porém ainda fria Lave os aspargos com cuidado e corte 1 a 2 centímetros de talo. Grelhe em forno quente salpicado com sal e regado com azeite de oliva, quando estiverem macios retire do forno e deixe esfriar. Enrole na metade dois ou três talos com a massa e leve para assar em forno médio, quando o folheado estiver corado retire do forno e regue um com um fio muito fino de azeite de trufas, sirva com o arroz, os champignons e a abóbora.

mais receitas de fim de ano

Torradinhas de peras, roquefort e amoras

Ingredientes:

3 fatias de pão de forma branco
1 pêra pequena
100 gr de amoras firmes
6 cls de sopa de vinho late harvest
50 gr de roquefort
1 cl de creme de leite gelado e dessorado
Folhas de rúcula

Preparo:

Retire as cascas e toste cada fatia de pão ligeiramente, corte diagonalmente formando 2 triângulos e ainda quente enrole cada triângulo num rolo de massa arrendondando as torradas como canoas. Descanse as amoras em metade do vinho, descasque e corte a pêra em finas fatias e leve ao fogo brando com o restante do vinho por 2 ou 3 minutos, retire do fogo e deixe esfriar,reserve as frutas.
Misture o roquefort ao creme e reparta pelas torradas,guarneça com as pêras e termine com as amoras e uma folha de rúcula sobre elas.



Arroz perfumado

Ingredientes:

Talos de capim limão
Casca ralada de 1 limão siciliano
250 de arroz basmati
1 xc de chá de chá de jasmim concentrado
Alho picado
Cebola picada
Óleo vegetal
Sal
1 punhado de amêndoas fatiadas tostadas
1 cl sobr de manteiga


Preparo:

Lave bem o arroz e refogue no alho e cebola. Adicione os talos de capim limão e o chá, complete com água suficiente para cobrir o arroz, tampe e deixe cozinhar em fogo brando. Cheque a água a cada quanto para que não seque. Retire os bulbos do capim limão depois de 15 minutos e acrescente sal e a casca do limão, quando estiver quase no ponto desligue o fogo e deixe o arroz terminar de cozinhar no vapor. Na hora de servir acrescente a manteiga e salpique as amêndoas tostadas sobre o arroz.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cardápio de festas

Uma chuva amena deu trégua a secura e ajudou a umedecer o tempo e a evitar mais fogo. Veio pequena e depois foi crescendo, esfriando o solo sem machucar nem fazer muitas poças, sem grandes estragos se apagou aos poucos.
O incêndio descontrolado em Haifa foi assustador e levou muitos dias, muitas vidas e identidades enquanto durou. O fogo purifica, dizem, mas primeiro queima,muito,arde muito.O extremo tem essa qualidade embriagante de destruir e queimar.
Diz-se que com o desenvolvimento da inteligência e através da observação, o homem conseguiu produzir o fogo, ao que parece somos uma civilização que se divide em antes e depois dele. Como todas as nossas invenções têm sempre um lado obscuro, o fogo não é exceção, mas aqui no nosso caso, sob controle pode criar delícias pras festas de fim de ano. Devagar vamos chegar lá, comecemos então por duas entradas fáceis, frescas e saborosas, nossas festas caem em pleno verão enquanto na Europa a neve e o frio pedem comidas mais quentes. É certo que o calor nunca nos impediu de num verão de muitíssimos graus de consumir feijoada com muita pimenta, mas vale pegar leve, então vamos lá!

Patê de avocado(avocado-olhar em postagens mais antigas)

Ingredientes:

1/2 avocado por pessoa
2 a 3 colheres de sopa de queijo tipo boursin
sal e pimenta ralados
suco e casca ralada de 1/2 limão siciliano
1 fatia de pão integral
azeite
1 dente de alho bem picado
folhas grandes de manjericão fresco

Preparo:

amasse bem o avocado e misture metade do suco de limão, a casca ralada e o queijo creme, a mistura deve ficar firme, experimente e tempere com sal se achar necessário,mantenha coberto na geladeira. Corte fatias verticais da fatia de pão integral e frite no azeite e alho, virando de vez em quando até quase tostar. Na hora de servir use pratos de sobremesa e disponha o patê numa lateral, enquanto na outra coloca as fatias torradas umas sobre as outras,guarneça com uma folha de manjericão na lateral do patê.


Tabule de trigo argentino

ingredientes:

1a etapa-
1/2 xc de trigo argentino
1 a 2 tomates bem picados
1 punhado de salsa/cebolinha bem picados
1 punhado de hortelã fresco bem picado
1 punhado de sementes de romã
sal
azeite
2a etapa-
1 maca acida
gotas de limão
1/2 cebola cortada em rodelas muito finas
azeite
2 a 3 cls de sopa de açúcar mascavo

preparo:

1a etapa-
deixe o trigo de molho por 1/2 hora, depois escorra bem a água até que fique seco e misture aos outros ingredientes.
2a etapa-
lave bem e corte a maçã em rodelas verticais, mantendo a casca e o talo, retirando apenas os caroços misture ao limão e reserve. Leve a cebola para dourar e junte as fatias de maçãs, uma pinça culinária e o melhor utensílio para esse preparo. Quando as maçãs começarem a amaciar junte metade do açúcar aos poucos e deixe que apenas dourem antes de retirar. Mantenha a cebola em cozimento e adicione o restante do açúcar até que fiquem carameladas. Em prato de sobremesa disponha o tabule e na lateral as fatias de maca sobrepostas, terminando com um pequeno arranjo de cebolas. A salada deve ser servida fria com os acompanhamentos quentes.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

o veneno da lata

De acordo com a Ruthinha cozinhar o leite condensado em lata no feijão tá valendo então, mãos à obra! Ela diz que não há toxidade nessas latas, que partículas não se desprendem durante o cozimento e me contou uma coisa curiosa; que muita gente há anos atrás costumava juntar pregos ao cozimento do feijão para suplementar com ferro a alimentação, sabedoria popular é imbatível, mas se resolver fazer isso hoje melhor saber bem a procedência dos pregos porque nem tudo que reluz é ferro! Muita gente, principalmente os vegetarianos quase sempre carentes de ferritina, usam em suas cozinhas panelas de ferro que são super pesadas e necessitam estar sempre bem enxutas e untadas de óleo antes de guardar, são aparentemente um bom suplemento e como retêm bastante calor economizam energia e cozinham por igual os alimentos, mas vão melhor em comidas como cozidos, feijão e derivados, carnes e ragus, porque deixam um ligeiro gosto metálico que afeta um pouco os alimentos mais delicados, para esses a panela de barro é mais indicada, mas é preciso cuidados na manutenção com a panela de barro como os que se tem com a de ferro e é bom secá-la no calor do forno para evitar fungos.
Mudando de saco prá mala como diz o Raulzito, fiz duas experiências saborosas na semana passada. Comprei um queijo de Minas meio barro meio tijolo (antes do ponto meia-cura) e coloquei por cima dele galhinhos de óregano seco e espirrei azeite por cima, fechei tudo em saco plástico e deixei na geladeira por 2 dias antes de consumir, muito bom!Fiz também uma medida de queijo tipo boursin ( a receita está em postagens mais antigas),enformei com aro inox, cobri com um blushed tomato (postagens mais antigas) e por cima galhinhos de orégano seco, ficou bonito, perfumado e saboroso. Mas nosso assunto na verdade era o doce de leite, tergiversei, tergiversei, mas amarrei o assunto de novo, que tal casadinhos prá inglês ver, os macaroons , recheados com doce de leite?


Ingredientes

1 1/2 xc de amêndoas peladas
1 xc de açúcar cristal
2 claras em neve
½ cl de chá de extrato de amêndoas
Açúcar de confeiteiro para polvilhar
Doce de leite caseiro em ponto quase duro

Preparo:

Pré- aqueça o forno (médio) e unte uma forma ou utilize manta de silicone. Processe as amêndoas com o açúcar até obter uma farofa fina, acrescente o extrato de amêndoas, as claras e neve e uma pitada de sal com uma espátula, combinando bem os ingredientes de forma delicada. Coloque a mistura em saco de confeiteiro ou saco plástico em que se cortou o bico e faça pequenas bolinhas bem afastadas umas das outras, em torno de 32, para 16 macaroons, achate e polvilhe com o açúcar de confeiteiro. Leve ao forno por 10 minutos ou até ficarem corados. Transfira para uma grade para que esfriem completamente antes de recher.
Os macaroons têm durabilidade curta, em torno de 4 dias se estiverem bem fechados em embalagens plásticas. Bom apetit!

domingo, 14 de novembro de 2010

Almoço de domingo

Frio em novembro no Rio de Janeiro é um evento! Eu sou suspeita para falar porque detesto calor, dias floridos e ensolarados com temperatura amena são o meu ideal de perfeição, essa coisa de sair e ter que voltar correndo pra casa com abstinência de ar condicionado é francamente muito chato. As horas passam devagar no domingo véspera de feriado e fico babando feito o Manoel Carlos pelo Leblon... Caminhada assim num dia frio e com o bairro quase deserto promete ser longa e relaxada, então o almoço precisa ser bom, bonito e razoavelmente rápido pra não estragar a sensação de férias.
Um arroz 7 cereais com abobrinhas refogadas e outros quantos ingredientes é um pouco mais moderno do que o “risoto” que se fazia em minha casa e pode ser precedido por um singelo creme de abóboras com crôutons integrais e enquanto produzo os dois vou pensando na sobremesa que não precisa ser complicada e segue na postagem logo abaixo desta. Bon apetit!


Creme de abóbora

Ingredientes:

Um bom pedaço de abóbora bem madura
Água suficiente para cobrir a abóbora
Sal
1 cl de sobremesa de suco de gengibre

Preparo:

Descasque a abóbora e corte em cubos para ser cozida em fogo brando na água e sal. Não encharque a abóbora, quanto menos água for colocada, mais cremoso o resultado final, não ponha água de menos tampouco para não queimá-la. Quando estiver macia, processe e junte o suco de gengibre. Se for servir em pratos individuais acrescente uma colher de chá de creme de leite gelado e dessorado.

Crôutons integrais

Ingredientes:

Algumas fatias de pão integral
Azeite
Pimenta do reino ralada

Preparo:

Retire as bordas do pão e corte em cubos. Numa frigideira aqueça o azeite e salteie os cubos de pão com cuidado até dourarem. Antes de desligar o fogo rale a pimenta, mexa


os crôutons com cuidado e retire da frigideira. Estão prontos para ser usados, mas se for guardar use uma lata que vede bem para que não amoleçam.


Risoto 7 cereais

Ingredientes:

1 medida de arroz 7 cereais cozida a gosto
1 receita de abobrinhas al sugo
100 gr de parmigiano reggiano ralado
Um punhado de passas louras
1 punhado de amêndoas lascadas tostadas
1 cl de chá de manteiga


Abobrinhas al sugo

Ingredientes:

2 a 3 abobrinha bem lavadas e cortada em pequenos cubos
2 a 3 dentes de alho bem picados
Azeite
1 lata de tomate pelati italiano
Sal

Preparo:

Refogue o alho e o azeite, acrescente a abobrinha e refogue por mais 4 ou 5 minutos.
Processe ½ lata do tomate e junte ao refogado. Cozinhe em fogo brando por mais 5 ou 10 minutos, desligue o fogo, salgue a gosto e mantenha a panela fechada por mais alguns instantes para terminar o cozimento. A essa abobrinha junte os outros ingredientes, coloque em refratário e leve ao forno quente por 10 minutos aproximadamente e sirva ainda quente.

Doce de leite com algumas variações

Tem coisas que são melhores que chocolate suíço. Doce de leite é uma delas e comer a colheradas é como ir chegando devagarzinho no paraíso batendo delicadamente com os nós dos dedos na porta do nirvana. A língua estala enquanto o creme vai se acomodando na boca espalhando nuances doces e que eu tenha sentido ou saiba, o retrogosto é apenas de leite gordo e açúcar, varia na textura, varia na qualidade e na embalagem, mas acho que é só. Alguns vêm flavorizados de caramelo, baunilha e amêndoas, já vi até alguns com menta, não tive coragem de provar, achei um sacrilégio... Mas, para a tristeza dos fãs nem o leite condensado é mais como era antigamente... Acreditam que pode ser feito em casa? Não se assustem, não vou dar a receita que faria qualquer um ter uma hiperglicemia só de olhar a quantidade de açúcar que o bicho leva, além da mais de hora cozinhando no fogo lento... Doce de leite foi desde sempre o meu favorito, chocolate só quando o pânico é em língua estrangeira, aí a extravagância se justifica. Quando não, o doce de leite é o melhor remédio, mais do que água com açúcar que se não vai ao fogo para dar ponto fica a receita mais insossa que alguém pode tomar, enfim... Há gosto nesse mundo para tudo. Quando eu era pequena não tinha panela de pressão, então na hora de cozinhar o feijão, tirava-se o rótulo, lavava-se a lata e lá ia ela mergulhada na água escura e quando um ficava pronto o outro estava no ponto. A vontade era abrir ali mesmo a lata quente e virar tudo no prato, raspar rápido com a colher antes que as outras formigas da casa chegassem para roubar o prazer e a provável dor de barriga. Ruthinha me ilustre, essa lata colocada no feijão fez com nossa saúde o que talvez não valha nem a pena lembrar?
O leite condensado cozido na lata pode dar ao doce os pontos mais variados; o de calda para bolo e sorvete, o meio ponto de brigadeiro pra depois terminar misturado a chocolate em panela, o que evita que queime, ponto caramelo duro, ponto doce de leite consistente que fica excelente de recheio em macaroons, os casadinhos europeus sofisticados aos quais muitas vezes corantes de anilina comestível são acrescentados o que lhes dá um ar especial. A receita básica é com amêndoas, alguns substituem por pistaches. Mas num fim de semana preguiçoso posso no máximo me aventurar a fazer copinhos de brigadeiro de doce de leite. Bom apetit e bom feriado!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tropicália

Chega essa época do ano e o Rio mais do que nunca faz jus a sua tropicalidade.
O calor e as águas da chuva perfumam de mata atlântica cada esquina da cidade e o sol nas bancas de revista ilumina as jaqueiras urbanas que começam a se enfeitar.
O cheiro das mangueiras abarrotadas provoca suspiros desavisados nos pedestres que a olhos compridos admiram a distância no doce balanço a caminho do mar sem lenço e nem documento, mas quem precisa?
Meu cunhado quando veio ao Brasil pela primeira vez ficou abismado quando soube que muitos dos bananais no caminho de Santa Cruz eram fruto de floração espontânea e ele que tinha o maior trabalhão pra plantar e cuidar de bananas em solo israelense ficou quase indignado com tanta exuberância, mas de bananas já falamos, voltemos então as mangas e jacas.
Jacas não são frutos de mais ou menos ou ama-se ou odeia-se. Eu como filha de nordestinos, o que é apenas uma desculpa para tanto e não uma regra geral, adoro jaca!
Um dia fazendo experimentos na cozinha criei um caramelo que nem eu acreditei de tão bom ficou!Juro que nunca comi nada tão delicioso ainda mais acompanhado de camembert em pequenos canapés. Depois de comer uns quantos, num delírio glicêmico, pensei até em criar uma fabriqueta artesanal de caramelos tropicais, mas vamos as mangas que são um pouco mais unânimes, que tal um mango chutney tropical rápido e caseiro? Então mãos a obra!

Ingredientes:
2 kg de mangas maduras firmes descascadas
3 cls sopa de azeite
1 cl de chá de pimenta em flocos ou pimenta calabresa ralada
2 1/2 xc de cebola roxa
1/4 xc de gengibre ralado
1 xc de pimentão vermelho bem picado
150 ml de suco de abacaxi fresco
120 ml de late harvest (vinho branco doce)
1/2 xc de açúcar mascavo
1 1/2 cl de sopa de curry
*Sal kosher e pimenta branca ralados
1/2 xc de passas louras

Preparo:
Corte as mangas em cubos e reserve, salteie ligeiramente por alguns minutos os flocos de pimenta para dar sabor ao azeite e mexendo sempre adicione a cebola, o gengibre e o pimentão mexa por mais 1 ou 2 minutos. Acrescente a manga e refogue tudo por mais 2 ou 3 minutos. Misture em um recipiente o suco de abacaxi, late harvest, açúcar e o curry e adicione à mistura refogada, aqueça tudo em fogo brando por 30 minutos, sempre mexendo e finalize temperando com o sal e a pimenta ralados.

*O sal kosher não é iodado, o que é melhor para cozinhar já que o iodo deixa o sal de cozinha com um leve gosto de metal o que no caso do chutney comprometeria o sabor do produto final.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Hoje é dia de sanduba!

Véspera de feriado ou feriado estendido para alguns e ninguém em casa, dia de sanduba, oba!
Às vezes as pessoas pensam que um chef come pratos elaborados todos os dias, mas a verdade é que maravilhas diárias perdem o encanto e um pouco de cotidiano é mais do que necessário e feliz ou infelizmente eu posso viver longas temporadas a pão e...vinho.
Ok , não vou ficar comendo queijo quente comum e corrente que até gosto muito, senão um sandubinha com gruyére e azeite de trufas acompanhado de salada de pepino japonês e tomate cereja orgânico com um molhinho de maracujá acrescido de mostarda dijon, mel de tâmaras, sal e pimentas ralados et...voilá! Hora de almoçar!
Tenho um hábito recorrente de passear por supermercados e lojas (razoavelmente chiques) para olhar novidades, e dei com o tomate uva docinho e...industrializado, que pena...deve ter muuuuuito agrotóxico apesar de gostoso, será que injetam açúcar?
Mais tarde descobri que a patente pertence a uma empresa de congelados, que sacrilégio!
Mas voltemos aos sandubas...
Alho bem fatiado refogado com azeite Casa Real, finas fatias de champignons variados (o sabor fica mais encorpado quando se reidrata uma mistura deles que vem em pequenos sacos e se incorpora aos frescos) e abobrinhas cortadas com descascador de batatas, quase transparentes, tudo isso recheando baguete preparada com muitos grãos e untada com chévre generosamente é claro e para acompanhar um singelo Carmen Carmenére 2009, que pecado!...
A ciabatta caseira pode vir assada com recheio de brie e blushed tomatoes que são tomates menos invasivos que os tomates secos tão avinagrados...Vinagre tem um ph que ofende o paladar e tenho certeza que o estômago também, é banido de minha cozinha, mesmo o balsâmico que não for adocicado, vinagre é vinho estragado, por Diós!...
Os pimentões vermelhos grelhados, com pesto de rúcula, lascas de peccorino e pistachio ralado recheiam grossas fatias de pão preto rústico caseiro que casam perfeitamente bem com o Casa Silva carmenére reserva 2008, é o caminho de céu com certeza!
Adoro vinho chileno e o carménere, desnecessário dizer, é o meu favorito.
A uva carmenére foi varrida da região do Médoc (Bordeaux) na década de 1860 por uma praga, o pulgão phyloxera, e já era dada como extinta quando em 1994 despontou no Chile, hoje seu único produtor com o único solo vinícola do mundo livre da praga que atacou a carmenére na França. A cepa chegou misturada a um lote de Merlot e por não se desenvolver como as outras foi submetida a pesquisas e teve confirmado seu ‘pedigree’.
Os franceses não voltaram a plantá-la por ser alvo fácil de uma praga que ataca os bagos jovens das parreiras.
Plantada no Vale de Colchagua a uva se adaptou esplendidamente ao solo chileno.
O carmenére é um vinho robusto e de cor intensa com sabores que vão do chocolate a amoras, com notas de baunilha e pimenta, acompanha bem os queijos e massas, aves e carnes e claro, sanduíches! Bom feriado!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Yo no creo em brujas pero por las dudas…

Os calabacines ou mini abóboras não são apenas uma delicatessen bonita de se ver, mas alimento super nutritivo também. Ricos em vitaminas A, B, C, além de potássio, cálcio, magnésio e ferro, contêm muita água, boa quantidade de fibras e pouquíssimas calorias.
Em geral muito doces e saborosos têm um sabor especial mesmo quando assados simplesmente com cravos espetados e sal grosso ou em receitas mais elaboradas.
O interessante é que fazem as vezes de um recipiente individual seja para entradas ou pratos principais, lindamente, ainda que não necessariamente precisem desempenhar apenas essa função; como a abóbora comum podem ser servidos quentes ou frios em receitas variadas, doces ou salgadas.
Há dezenas de maneiras de prepará-los e no fim desse mês podem fazer bonito sobre a mesa no dia de Haloween.
Para assar basta colocá-los em tabuleiro e levá-los a forno quente. Pode-se destampar ou não antes de assar e se não quiser perder a água basta fazer *papillotes de papel manteiga.
Como sugestão para o próximo domingo que tal usarmos o risoto de limão para rechear os calabacines assados, mas imprimirmos pequenas mudanças como tirar o suco e raspas de limão e trocar o vinho por cachaça de boa qualidade a qual tenham sido mergulhados uns quantos fios de açafrão? A carne da abóbora pode ser retirada cuidadosamente e virar um belo purê onde um pouco de azeite de trufas ou um pingo de manteiga misturado a uma pitada de curry sejam incorporados. Um ou outro pra não ficar um exagero de sabores... Algumas passas, lascas de amêndoas tostadas ou galhos de alecrim fresco... Deixe-se levar pela ocasião e dê seu toque especial. Um único conselho; experimente sempre sua receita antes de servir aos convidados porque muitas vezes ingredientes que parecem ter nascido um para o outro podem não casar tão bem como parece. Bom apetite!



*papillotes- Papillotes são saquinhos de papel manteiga enrolados como se fossem bombons e que são levados ao forno assando de maneira a manter aroma e suco dos alimentos durante sua preparação

domingo, 24 de outubro de 2010

hoje é o dia internacional das massas

O ARTIGO RELATIVO A ESSAS RECEITAS ESTÁ NO BLOG http://inagracindo.blogspot.com

Terrine de chévre

É importante procurar fazer a terrine com queijo de cabra orgânico porque não só o gosto faz a diferença como a conservação também, o sabor final é sempre mais fresco e leve. Nas feiras orgânicas do rio é possível encontrar e encomendar do Capril De Ville (www.caprildeville.com.br)

Ingredientes:

2 ½ xc de chévre (queijo de cabra cremoso)
¼ xc de creme de leite gelado e dessorado
1 cl de sobremesa de Agar dissolvida em ½ xc de água
Raspas de1/2 limão siciliano

Dissolvido o Agar leve ao fogo brando, apagando assim que começar a ferver, deixe esfriar antes de misturar ao chévre e creme de leite. Unte com óleo vegetal pequenos ramekins ( pequeno pote de cerâmica refratária usada para a preparação e o serviço de vários pratos ou guarnições), preencha com a terrine e leve a gelar por 2 horas aproximadamente. Em prato de sobremesa desenforme a terrine e salpiqueas raspas de limão por cima, abra o leque de peras na lateral da terrine e guarneça com alguns galhinhos de mini agrião.


Cantuccini caseiro

Os cantuccini são biscotti ou traduzido ao pé da letra:cozido duas vezes.

Ingredientes:

1½ xc de farinha de trigo
½ xc da farinha de farinha de amêndoas (basta processar amêndoas inteiras sem casca)
¾ xc de açúcar
1 pitada de sal
1 xc de amêndoas peladas fatiadas
2 cl de chá de extrato de amêndoas ou baunilha
2 ovos

Preparo:

Junte os ingredientes secos, adicione os ovos e misture tudo muito bem. Como se fosse formatar pão, enfarinhe uma superfície e as mãos (a massa é um pouco mole) e faça 2 pequenas bisnagas. Leve ao forno médio/quente (180º /200º ) sobre silpat (tapetinho de silicone para assar biscoitos) ou forma untada e forrada de papel manteiga por 20 minutos. Depois de assadas as bisnagas vão dobrar de tamanho e devem estar firmes ao toque. Deixe esfriar e corte em fatias diagonais, arrume em tabuleiro e retorne ao forno até começarem a tostar10/15 minutos, deixe esfriar antes de servir.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Terrine de boursin caseiro com cebola desfiada em caramelo de laranja

Terrine de boursin caseiro com cebola desfiada em caramelo de laranja

Ingredientes:

2 ½ xc de queijo tipo boursin cremoso (encontre nas postagens mais antigas do blog)
½ xc de coalhada seca ou creme de leite gelado e dessorado
1 cl de sobremesa de Agar dissolvida em água
2 cebolas finamente cortadas
1cl de sopa de manteiga
½ copo de suco de laranja
1 ½ cl de sobremesa de açúcar mascavo
1pitada de cravo em pó
1 avocado
Suco e raspas de1/2 limão siciliano
Pimenta do reino em grão
Azeite trufado

Preparo da terrine:

Dissolva o Agar em ½ xc de água filtrada e leve ao fogo, apagando assim que começar a ferver, deixe esfriar antes de misturar ao boursin e a coalhada (ou creme de leite). Unte com óleo vegetal uma forma comprida de pão e despeje aí a mistura, levando a gelar por 3 ou 4 horas antes de servir.

Preparo das cebolas:

Dissolva o açúcar e a canela no suco de laranja e reserve Refogue a cebola na manteiga, em fogo brando até começar a dourar, então comece a regar a mistura aos poucos com o suco de laranja. Assim que a cebola começara escurecer e ficar com aparência caramelada e com o líquido reduzido tire do fogo e deixe esfriar. Desenforme a terrine, e sirva fatiada. Guarneça com as cebolas e o avocado fatiado.

Avocado fatiado

Preparo:

Corte o avocado ao meio e descaroce, com faca muito afiada corte fatias ao longo do corpo da fruta (pode-se manter a casca) regue com o limão e salpique a casca, arranje na lateral da terrine, regue com um fio de azeite de trufas e rale sobre as fatias a pimenta do reino.


Agar- gelatina de origem vegetal ( algas)

domingo, 17 de outubro de 2010

Vai almoçar em casa?

Por mais que não se queira e até se resista é impossível não cair na rede, virar peixe plugado navegando na net. Às vezes acho que não é só para encontrar quem perdemos, nem para encurtar as distâncias ou fazer novos amigos, pescar namorados ou um colega bacana de escola, perdido nas entrelinhas do tempo. Eu, por exemplo, uso para pesquisar livros inteiros filhos de últimas edições ou desaparecidos até dos sebos e disponibilizados apenas na internet.
Faz-se compras, compara-se, discute-se, concorda-se, discorda-se, retira-se e acrescenta-se, mas no final acho que a internet foi com o tempo se vestindo de conteúdo bem mais prosaico; reunir pessoas num espaço quieto e calmo.
Outro dia quase por milagre encontramos eu e Cláudia minha amiga, um espaço de improvável silêncio num shopping da zona sul carioca. A idéia era comer comida boa e colocar a vida em dia, fizemos isso de boa maneira e além; de sobremesa saímos para uma peregrinação feminina pelas vitrines e lojas que não podia terminar sem uma última passada pela livraria, parada obrigatória para uma bisbilhotada, água sem gás e café, completo é claro, antes da gente se despedir.
Já quase não saio para comer fora, às vezes vou a um café na contra mão da hora ou um almoço em horário hospitalar para constrangimento dos que trabalham na casa e inadvertidamente abram a porta da cozinha fazendo piada ruidosa num salão que deveria ainda ser reduto de moscas e que para surpresa e azar já pode estar ocupado.
Os restaurantes vivem cheios e aparentemente ligados em sistema dolby de conversação tornando possível escutar a contragosto as partes mais íntimas de uma vida sendo expostas do outro lado do salão; a privacidade não tem mais qualquer pudor num universo de celebridades e tudo isso por uma módica quantia a quilo, massificada, aquecida no micro ondas, muito doce ou muito salgada, remexida de tal maneira que os ingredientes se tornam uma incógnita.
Coisa feia falar mal da cozinha alheia, mas é que me entristece muito que as mãos do Troisgros não prestigiem os vegetarianos, não é mesmo a praia dele, mas...
Gosto bem do Garcia e Rodrigues, embora para vegetarianos o menu seja curto demais e por mais saborosa a massa, tem um dia que basta! Alessandro e Frederico têm mais opções, fica na parte quase externa de um shopping, (sempre eles!...) é que gosto de comer perto de casa e depois voltar caminhando pelo bairro, conversando com as últimas notas de um vinho seco ou sobremesa feliz.
Então mãos a obra para um risoto rápido e umas peras em late harvest para o almoço de hoje. As peras podem ser servidas frias ou quentes acompanhadas de sorvete de baunilha básico/fácil que está em postagens mais antigas. Bon apetit e bon dimanche!

Risoto de limão siciliano


Ingredientes:

2 xcs de arroz arbório
1 cl de chá de alho picado
1 cl de sopa de cebola picada
Óleo para refogar
1 litro de caldo vegetal (1 ou 2 cubos na água)
½ xc de suco de limão siciliano
Casca ralada de 1 limão siciliano
1xc de vinho branco de boa procedência
1cl de sopa de manteiga
100gr de parmesão ralado
Sal agosto


Preparo:

Refogue o alho e a cebola no óleo e acrescente o arroz. Mexa por 2 ou 3 minutos, cubra com a metade do caldo, cozinhe em fogo brando. Antes de o arroz começar a secar, acrescente o resto do caldo e o suco de limão, abaixe o fogo, sempre observando o cozimento, se necessário acrescente mais liquido. O arroz deve manter consistência cremosa. Quando começar a amolecer adicione o vinho, mexa e antes que o arroz comece a secar junte a manteiga e o parmesão e mexa bem. Desligue o fogo e deixe a panela tampada por 2/3 minutos antes de servir.

Peras no late harvest e sorvete de baunilha

Ingredientes por pessoa:

1 pêra não muito madura
1 copo de late harvest
1 receita de sorvete de baunilha

Preparo:

Descasque a pêra e reparta ao meio, retirando as sementes com cuidado, mantendo o talo fixo em uma das partes. Leve para cozinhar e fogo brando no late harvest por 20/25 minutos ou até que esteja macia, mas sem desmanchar.
Retire a pêra do vinho e deixe esfriar. Reduza o vinho, ainda em fogo brando, a menos que a metade. Na hora de servir coloque as duas metades lado a lado com uma bola de sorvete no centro e regue com o vinho.



O late harvest é um vinho branco de colheita tardia de tom dourado pujante e sabor quase licoroso, é geralmente degustado com sobremesas, queijos e frutas e deve ser servido bem gelado. O aroma é intenso com toques de frutas, flores e madeira (carvalho) tem retrogosto bastante marcante. A vinícola Aurora tem um late harvest bem razoável e a preço bom.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Streusel ou torta de...

Dia de vento gelado incomum no Rio de Janeiro e depois da longa caminhada me deu uma fome inusitada de bananas. Fiquei sonhando com as bananas desde que escrevi o artigo, mas doce aqui em casa tem destino certo; quilos a mais para eu carregar, ninguém come além de mim... Bom pensei, dos males o melhor! Um strudel na confeitaria Kurt, massa leve de pouco açúcar como é comum aos doces europeus. Doce que não se sobrepõe ao café ou chá, que complementa apenas.
O Sr Kurt Deichmann nasceu na Alemanha, em 1907 e chegou ao Brasil em 1939 fugindo da guerra. Em 1944, abriu uma pequena loja de frios na Av. Ataulfo de Paiva, no Leblon, que aos poucos foi se transformando numa confeitaria hoje tocada por sua sobrinha Evelyn.Seu Kurt era muito amável e sempre disposto a trocar dois dedos de prosa sem pressa com os clientes. Com o passar dos anos e os nossos pequenos dedos de prosa, contei das minhas frequentes viagens a trabalho e não sei se por saudades de casa ou por gostar de ouvir novidades em sua área terminávamos por conversar sobre a doçura não tão doce da confeitaria européia, pílulas apenas, porque ele gostava de receber a todos os clientes pessoalmente e se desculpava desmanchado em sorrisos quando pausava nossa conversa.
Suas tortas são famosas, produto de trabalho artesanal cunhado por uma segunda geração e atrás delas vem gente de todo lugar, comer, comprar e encomendar.
O dia lindo, mas meio frio, não arrisquei, sentei do lado de dentro e pedi um pingado com um strudel de maçã e pronta para a primeira garfada, qual não foi minha surpresa ao escutar a garçonete cantando o cardápio de tortas dizer a palavra mágica; banana! Momentinho pode repetir, por favor? Streusel, streusel de banana diet... Então você me desculpa, esse strudel está intocado e quero provar o streussel.
Me deu saudades do Sr Kurt que com certeza teria adivinhado que o que na verdade eu tinha vindo procurar naquele dia frio em sua loja era um streusel e não um strudel, e com chá comme Il faut, mas aí já era demais até porque o café já não fumegava, então tomei assim mesmo e lavei a boca com a água sem gelo e sem gás antes de comer com os olhos, cheirar discretamente e avançar impiedosa rumo ao doce desconhecido. O Sr Kurt com certeza me viu entrar e desde aquele momento sabia o que eu queria, o streusel feito com banana rosa! Cozido sem leite, talvez com um pouco de água, talvez com tal qual para adoçar, definitivamente o que eu queria comer, ficou faltando apenas o chá.
Em confeitaria o termo streusel é usado para definir, farofa, farelo ou crumble que fica mais elegante e dá as tortas feitas com frutas um pouco mais de dignidade. A esse farelo, como num biscoito acrescenta-se manteiga, açúcar e farinha. Farinha e açúcar podem ser integrais, pode-se ainda acrescentar nozes, amêndoas ou avelãs e talvez um pouco de passas, levar ao forno ou simplesmente saltear em frigideira como quem faz uma farofa. Ajeita-se as bananas rosas e com um aro culinário dá-se o corte redondo ou quadrado, cobre-se com o streusel et voilá. Se a mão for firme pode-se usar faca afiada. Doce frio ou quente, farofa de temperatura igual ou diferente, que sem dieta cai bem obrigada com sorvete de canela! Quer a receita do sorvete? É só deixar seu comentário. Abraço.

domingo, 10 de outubro de 2010

Almoço de domingo COMEÇA NO http//inagracindo.blogspot.com

Lasanha vegetariana

Ingredientes:

200 gr de massa para lasanha crua
150 gr de ricota de cabra
150/200 gr de mussarela light fatiada
Um punhado de passas pretas
Um punhado de nozes trituradas
*molho de tomate fácil


Preparo:

Ferva 2 litros de água com sal a gosto e um galho de alecrim, coloque as tiras de lasanha para cozinhar pelo tempo informado na embalagem. Retire cada uma com cuidado e passe na água fria para não grudarem. Disponha sobre uma bandeja e pincele cada uma ligeiramente com pouco de azeite, reserve.

*molho de tomate fácil

Ingredientes:

2 latas de tomate pelati italiano ( a legislação quanto a pesticidas na plantação italiana é mais saudável que a nossa )
1cl de sopa de alho bem picado
azeite
1 cl de sopa de alecrim ou orégano
Sal a gosto
1 cl de sopa de vinho tinto(opcional)


Preparo:

Refogue o alho no azeite e adicione os tomates mexendo para que se desmanchem, misture tosos os ingredientes, menos o vinho, e cozinhe em fogo brando com a panela tampada por 5/10 minutos. Apague o fogo, adicione o vinho e tampe outra vez até a hora de utilizar. Reserve ¼ da receita para colocar o fundo da forma e terminar a lasanha.






Montagem:

Com um garfo misture a ricota com as passas, nozes e o molho de tomate já frio. Num recipiente refratário coloque uma boa quantidade de molho de tomate e cubra com tiras da massa e sobre elas fatias de mussarela seguida pela mistura da ricota. Siga esse padrão, terminando com tiras da massa cobertas por mussarela e molho de tomates.leve ao forno para gratinar por 5/10 minutos.

Salada fresca: (prefira produtos orgânicos)

Ingredientes:

1 pera firme
Alface americana
Agrião
Rabanetes
Pepinos japoneses

Preparo:

Lave bem todos os ingredientes com uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) e deixe secar. Rale os pepinos e rabanetes, corte a pera em fatias verticais bem finas e salteie ligeiramente em frigideira levemente untada com azeite salpicada com açúcar. Monte a salada fazendo um ninho baixo com o alface, arrumando rabanete e pepino misturados, ladeados apenas pelas folhas de agrião. Para o molho uma fruta cítrica, misturada a azeite, sal e pimenta ralados, algumas gotas de mel e 1 colherinha de café de mostarda.


Sobremesa:

Bananas ao forno com gelado de baunilha

Ingredientes:

1 banana por pessoa
½ copo de suco de laranja
2 cls de sopa de suco de gengibre
Açúcar cristal






Preparo:

Para o suco rale o gengibre e esprema em pano fino, misture ao da laranja e reserve. Lave bem as bananas que vão ser assadas com casca e faça um corte longitudinal em cada casca, abra ligeiramente e coloque em forma refratária. Despeje sobre cada banana um pouco de suco mistura, não importa que escorra na forma, no final é absorvida. Forno quente por 10/15 minutos. Sirva quente com o gelato.


Gelato de baunilha

Ingredientes:

350 ml de creme de leite gelado e dessorado
100/150 ml de leite condensado
100 ml de leite integral gelado
1 cl de chá de essência de baunilha

Preparo:

Processe todos os ingredientes. Se tiver uma sorveteira despeje nela a mistura até gelar,entre 30/40 minutos, e depois leve ao freezer em recipiente fechado ou coberto por 2 horas. Caso contrário, a cada hora e meia, duas, e bata a mistura com fouet ou garfo.


Fouet- utensílio culinário aramado, próprio para bater receitas líquidas ou semi líquidas

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

veio do http://inagracindo.blogspot.com ? essa estória começa lá

As ervilhas serviram a Johann Gregor Mendel para as experiências que o levaram à descoberta das leis da herança biológica, hoje conhecidas em todo o mundo como leis de Mendel, mas é claro que nem minha mãe e nem as mães da vizinhança estavam preocupadas com essas teorias quando nos faziam engolir a sopa quente de ervilha que durante anos me causou náuseas só de sentir o cheiro!Boa fonte de sais minerais, fósforo, cálcio, potássio ferro, bons na formação dos ossos, dentes e sangue, tem alguma vitamina A e vitaminas do Complexo B, que promovem o crescimento e estimulam o apetite! Era tudo o que elas queriam; filhos gordinhos! Mas minha mãe ultrapassava todas as regras de conduta materna quando me contava histórias lacrimogênicas, logo eu, criança tão sensível que por qualquer pequeno drama se derretia e abria a boca num choro logo completado por uma colherada de sopa, e ela entusiasmada continuava o drama até que eu limpasse todo o prato. Durante quantos anos não pude sentir nem o cheiro? Meu amor por ervilhas é recente, aprendi com o filho mais moço, que já não é mais tão moço...Se me arrependo? Muito! Mais do que todo o conteúdo de saúde a ervilha é uma pérola delicada de sabor e textura muito sutis. Hoje sou fã da sopa, do purê com hortelã picado, das batatinhas assadas com alecrim, dentes de alho e ervilha, do patê, delas misturadas com pequenas cebolas carameladas no melado e suco de laranjas... Ah, a relação com a história do outro blog? A constatação de que um ponto de vista é só isso; um ponto de vista apenas.

Sopa de ervilhas com croutons de pimenta

Para a sopa

Ingredientes:

2 xícaras de ervilhas secas
500 ml de água
200 ml de leite ou iogurte natural
1caldo vegetal (opcional)
Sal e pimenta ralados a gosto
1 cl de sopa de queijo tipo boursin natural
Azeite
Hortelã fresca picada

Preparo:

Em fogo brando cozinhe as ervilhas na mistura de água e leite com o caldo vegetal até que as ervilhas quase desmanchem, tempere e processe se quiser obter uma mistura cremosa ou deixe os grãos aparentes. Sirva cobrindo com um fio de azeite e guarneça com uma colherada do queijo tipo boursin, salpique o hortelã sobre o queijo, sirva fria ou quente.

Para o crouton

Ingredientes:

Fatias de pão de forma descascadas
5 cls de sopa de azeite
Pimenta do reino ralada

Preparo:

Corte as fatias de pão em cubinhos homogêneos, salteie em frigideira regada com azeite, rale a pimenta do reino sobre o crouton e mexa levemente até obter cubinhos quase torrados.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Yes nós temos bananas!

A fruta é muito antiga, sua idade é estimada em 8000 anos (antes de Cristo!) e as variedades são mais de cem.
A banana, orgulho nacional, não é brasileira como muitos acreditam, ela chegou aqui trazida pelos navegadores portugueses e começou e ser cultivada entre os séculos XV e XVI . Original do sudeste da Ásia a banana passou a ter cultivo sistemático primeiramente em Papua, Nova Guiné,hoje com técnicas especiais é cultivada em qualquer lugar do planeta que possa oferecer calor natural ou de estufas controladas.
Tudo na banana é utilizável além do fruto propriamente dito; o coração, por exemplo, é uma iguaria servida na Ásia (o sabor é parecido ao da alcachofra e como essa o coração e as pétalas são comestíveis), as cascas são aproveitadas na confecção têxtil e de papel, produzidas com técnicas centenárias.
Nutritivas e versáteis as bananas podem ser preparadas nas formas doce e salgada, refogadas, ensopadas, cozidas fritas e desidratadas, viram até farinhas dietéticas para afinar a silhueta. Enfim, cada família tem uma receitinha infalível, saborosa e econômica que é sempre uma festa. Na minha, meu irmão mais velho, o Demócrito, cultivou o “doce de banana rosa”, uma delícia feita à olho, sem receita precisa, deliciosa para ser comida gelada. Ele enfatiza que a cor só é conseguida com a banana prata, as outras oxidam e escurecem...

Doce de banana rosa

Ingredientes:

Banana prata madura ma non troppo
Açúcar orgânico branco
Leite
1 canela em pau (opcional)

Preparo:

Corte cada banana em três longitudinalmente e reserve. Polvilhe o fundo de uma panela com açúcar e disponha a primeira camada de bananas, cubra com açúcar. Repita essa ordem três vezes, termine com a camada de açúcar e depois cubra tudo completamente com leite. A panela fica parcialmente tampada e o doce vai ser cozido em fogo brando até que atinja a cor rosa, que é o sinal de que está no ponto.

Brunoise de cantaloupe au poivre rouge

Com mais acesso a informações a cozinha tem deixado de ser apenas o lugar de se fazer comida. Aos poucos a bancada deixa de ser apenas um balcão culinário para se transformar também num universo de pesquisa e reações químicas.
Pesquisar, escolher e entender aquilo que consumimos pode ajudar a transformar o que às vezes não parece tão saboroso ou neutralizar um sabor que se impõe aos demais e que por essa razão às vezes é deixado de lado, desmistificar na prática algumas regras absolutas pode trazer resultados bem interessantes.
Durante uma das aulas do Cordon Vert, cortes de pimenta, depois de picar umas quantas malaguetas, inadvertidamente cocei os olhos...O ardor é bem mais acentuado do que na boca e meus colegas solidários correram por água gelada para me ajudar, porém uma das professoras mais experiente no assunto, embebeu dois chumaços de algodão em leite que colocou sobre meus olhos. Efeito mágico e quase imediato.
Na verdade quase todos nós sabemos que o leite é capaz de neutralizar alguns venenos que atingem as mucosas, e, no entanto, para nos aliviarmos do ardor da pimenta em geral recorremos sem pensar duas vezes a água...
Existem as chamadas pimentas de cheiro apenas perfumadas com um ardor muito ligeiro, dessas hoje em dia sou fã, já das outras sempre busquei distância, porém em função dessa experiência durante meu curso resolvi dar uma chance à pimenta ardida e criar com ela um prato que realce o after taste ( retro sabor) além do ardor.

Geléia de pimenta

Ingredientes:

2 xcs de açúcar orgânico branco
Suco e casca ralada de 1 limão siciliano
300 ml de água
100 ml de suco de maçã fresco
4 pimentas malaguetas verdes ou vermelhas

Preparo:

Lave, seque e pique bem a malagueta (se não for usar luvas para picar, lembre de lavar bem as mãos com sabão neutro, certos detergentes e pimenta podem detonar uma reação de queimadura) e reserve. De preferência em panela de ágata leve os outros ingredientes ao fogo brando até levantar fervura, mexendo de vez em quando. Acrescente a pimenta e deixe cozinhar por 20/30 minutos, mexendo a cada quanto, acrescente mais açúcar aos poucos se achar necessário. Desligue o fogo tampe a panela e deixe esfriar. Para estocar tenha um vidro fervido e esterilizado com álcool.

Segue uma entrada bem saborosa que utiliza a geléia.

Brunoise* de cantaloupe au poivre rouge

Ingredientes:

1 receita de geléia de malagueta vermelha
Melão cantaloupe
2 ou 3 cls de sopa de mascarpone, boursin* ou chévre* por pessoa
Folhas de hortelã
Coentro bem picado (opcional)

Preparo:

Brunoise*- técnica francesa de corte em cubinhos homogêneos que se presta a frutas, legumes e verduras crus ou cozidos.
Chévre*- queijo de leite de cabra cremoso
Boursin* ou tipo boursin- queijo de leite de vaca cremoso, tem uma receita em posts mais antigos no blog

Em prato de sobremesa arrume a brunoise num aro culinário e guarneça com um galhinho de hortelã, na lateral disponha o laticínio escolhido a colheradas e por cima uma colher de sobremesa rasa da geléia e sobre ela um pouquinho do coentro picado. Bom apetit!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Feijoada; um pouco portuguesa, em nada escrava, quem sabe judaica?

A combinação do arroz de herança Muçulmana, com o feijão de cultivo antigo e comum a todos os povos agricultores foi desde sempre a refeição mais popular e democrática trazida da Europa para a América latina.
Achei interessante saber que em Cuba se chama Moros y Cristianos (mouros e cristãos).
A combinação super alimentícia que já foi chamada de prato de pobre passou a símbolo nacional consumido de norte a sul do país por todas as classes sociais nas mais diversas versões e sua provável origem é a feijoada portuguesa ou a fabada asturiana (faba de fava, leguminosa, feijão) pratos a base de carnes e cereais feitos de véspera e deixados em fogo lento para serem consumidos no dia seguinte, bem quentes, gordurosos e calóricos, próprios para o frio das regiões agrícolas européias.
Nesses guisados nenhum naco de carne seca ou salgada que tivesse sobrado das refeições da semana era desperdiçado; misturados a líquidos temperados com especiarias e acrescidos de legumes e verduras cozinhavam em fogo brando, muito lentamente, até quase desmancharem e se por acaso algum pedaço já estivesse deteriorado o gosto passava totalmente despercebido, misturado que estava a tantos outros ingredientes.
Carlos Augusto Ditadi, especialista em assuntos culturais e historiador do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro desmistifica a hipótese de que a feijoada seja um prato original das senzalas, considera que essa é mais uma lenda contemporânea, fruto de uma versão romanceada das relações sociais e culturais da escravidão no Brasil.
Normalmente servida aos sábados no Brasil, a feijoada coincidentemente ou não segue uma herança judaica trazida pelos novos cristãos, os marranos saídos da Espanha e Portugal que professavam sua religião em segredo, passando veladamente sua cultura para as gerações seguintes sem dar nomes aos bois. A religião judaica não permite tarefas mecânicas na sexta-feira depois que a terceira estrela desponta no céu marcando o começo do shabat, cozinhar é uma dessas tarefas não permitidas e talvez a feijoada portuguesa tenha como origem o cholent, tradicional guisado judeu de shabat que também começava a ser cozido no dia anterior e levava basicamente os mesmos ingredientes em qualquer parte do mundo onde houvesse judeus praticantes.
Quanto a fabada que é uma feijoada criada em Astúrias, há uma boa probabilidade que tenha origem no cholent já que uma pesquisa recente encomendada a Universidade de Leicester na Inglaterra e a Pompeu Fabra de Barcelona, confirma que é no principado de Astúrias que se encontram vestígios genéticos de maior predominância judeu sefaradita de toda a Espanha. É certo que de acordo com a lei alimentar judaica, a kashrut, a carne de porco é vedada, mas é difícil se certificar que tipo de carnes eram adicionadas inicialmente à feijoada ou se em algum momento foram substituídas por outras. Tem-se notícia registrada da feijoada apenas a partir do século XIX e o exemplo mais antigo está no Diário de Pernambuco de 7 de agosto de 1833, no qual o Hotel Théâtre, de Recife, informa que às quintas-feiras seria servida “feijoada à brasileira”(referência talvez ao caráter adaptado do prato?). Um caso a pensar...

domingo, 26 de setembro de 2010

É primavera

Em vão, centenas de milhares de homens, amontoados
num pequeno espaço, se esforçavam por desfigurar a
terra em que viviam. Em vão a cobriam de pedras
para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam
as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão
impregnavam o ar de fumaça; em vão escorraçavam
os animais e os pássaros - Em vão…
Porque até na cidade, a Primavera é Primavera.
—Tolstói, em "Ressurreição"


Uma pequena lufada apenas e o chão fica logo coberto de vermelhos e amarelos, roxos e rosas, dos ipês, das quaresmeiras e das muitas árvores que não conheço o nome, mas me consola a certeza de não ser a única na cidade. E não obstante, a primavera chegou, indiferente a nomes e com ela os tapetes floridos que se descortinam a céu aberto e se esparramam pelo chão dessa cidade, maravilhosa em qualquer estação, mas quando a primavera chega...
Há orquídeas em exposição no Jardim Botânico, e qual não foi minha surpresa ao descobrir durante pesquisas que é ingrediente em nossa mesa uma orquídea não tão bela como suas primas ou irmãs, mas que talvez seja mais famosa e tenha usufruído de muito mais prestigio e longevidade que as primeiras, e que seu perfume tenha inebriado desde o império asteca às cortes inglesas e francesas. Que foi um dia muito mais rara do que a mais rara de todas as orquídeas negras e pagava-se por cada pistilo seu fortunas em moedas de ouro.
Debutou na Europa como ingrediente de remédios complexos, indo parar nas boticas de famosos doutores, mas aos poucos foi ocupando o lugar de honra que lhe era destinado; a mesa da realeza.
Não veio da África, como muitas de suas irmãs, mas da Mesoamérica e como todos os tesouros descobertos pelos espanhóis nesse continente foi surrupiada por mãos ávidas numa tentativa frustrada de ser plantada em solo europeu, mas, caprichosa não cedeu.
Aos colonizadores nunca lhes bastou experimentar, era preciso se apropriar, porém seu solo não conseguia multiplicar nem esse nem os outros tesouros trazidos das Américas do Sul e Central, a terra não se prestava ao plantio dos frutos importados e ao clima faltava calor e umidade que os fizesse desenvolver.
A baunilha é uma orquídea com pistilos de verde variado que quando secos escurecem como carvão. Intensamente saborosa, tem aroma incomum à maioria dessas flores e um sabor delicado e característico. Ainda é um produto razoavelmente caro e a líquida que encontramos nos supermercados não é baunilha de verdade, mas um composto aromatizado.
É possível fabricar o extrato de forma caseira, leva tempo para aromatizar, mas não é nada complicado.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Hidropônico ou orgânico?

Os hidropônicos surgiram em 1930 através de estudos realizados por agrônomos americanos sobre a fisiologia vegetal. No Brasil a hidroponia só chegou ao mercado em 1987, mas de lá para cá seu consumo aumentou muito, o que talvez se deva à falta de informação apropriada. Muitas pessoas acreditam que produtos hidropônicos e orgânicos são a mesma coisa, mas na verdade um não tem rigorosamente nada a ver com o outro.
O hidropônico só difere dos legumes e verduras correntes por não ser plantado diretamente no solo. É cultivado sob estufas dentro de suportes artificiais, em água que recebe soluções químicas para nutrição, além de receber tratamento com agrotóxicos para evitar eventuais doenças.
Já o orgânico é plantado em solo limpo de resíduos tóxicos, aguado por fontes não contaminadas e não recebe qualquer aditivo químico em nenhum estágio, do cultivo à colheita.
O conceito orgânico começou a ser divulgado entre 1925 e 1930, mas a produção em escala só teve início à partir da década de 80, se estabilizando nos anos 90 com o crescimento de pesquisas em torno do desenvolvimento sustentável e da necessidade de práticas agrícolas ecologicamente corretas.
Eventuais excessos de nutrientes ou impurezas na solução nutritiva podem se acumular no produto hidropônico, no caso dos orgânicos o solo filtra e neutraliza as eventuais impurezas e a planta aproveita os nutrientes sem acumular excessos.
As plantas hidropônicas terminam com um metabolismo desequilibrado, ficando suscetíveis ao ataque de pragas e doenças, enquanto as orgânicas mantêm metabolismo equilibrado e são mais resistentes a pragas e doenças.
A beleza do hidropônico pretende passar ao consumidor que o produto é saudável, enquanto no produto orgânico o sistema de produção certificado garante ao consumidor que o produto é verdadeiramente apropriado para consumo sem prejuízos a saúde.

Porque orgânico?

O mercado brasileiro movimenta anualmente vários milhões de reais em torno de agrotóxicos usados indiscriminadamente em nossa alimentação diária sem qualquer cerimônia. Produtos contendo agrotóxicos são vendidos nos tabuleiros da feira e gôndolas de supermercados e nós, inocentes, no intuito de mantermos uma alimentação saudável e variada levamos para casa exatamente o contrário; alimentos de baixo valor nutricional e possível causadores de doenças.
Os agrotóxicos são responsáveis pela segunda maior causa de intoxicação da população brasileira, perdendo apenas para as intoxicações por medicação!
Alimentos submetidos a pesticidas, hormônios e insumos tóxicos têm pior qualidade nutricional e biológica, são carentes de determinadas vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais e detonadores de doenças como o mal de Parkinson, alergias momentâneas e crônicas, disfunções neurológicas, sobrecarga hepática e vários tipos de câncer.
Num solo saudável, orgânico, o controle das pragas é feito de forma natural, sem comprometer a terra, água ou agricultores com quaisquer agentes tóxicos, o tabaco e as ervas daninhas, por exemplo, são usados com a finalidade de afastar pragas na lavoura. Adubado de forma orgânica, com sua microbiota preservada, o solo gera alimentos mais saudáveis, com mais e melhores nutrientes.

Alguns exemplos da diferença de nutrientes entre alimentos orgânicos e não orgânicos:

● Frango Orgânico: possui 25% menos gordura e 38% mais ômega -3.
● Carne Vermelha Orgânica: possui de 300 a 500% mais ácido linoléico conjugado.
● Ovos Orgânicos: possuem 20% mais vitamina A e 15% a mais de cálcio.
● Frutas Orgânicas: possuem 31,9% mais fósforo, 8,5% mais fibras e 18,6% mais fenólicos (maior proteção natural ao organismo).

Os alimentos orgânicos ainda são um pouco mais caros, mas à medida que se tornarem um hábito em nossas mesas irão baratear.
Orgânicos são os produtos que vêm com o selo da ABIO (Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro), http://www.abio.org.br/abio.php.
No Rio de Janeiro as novas feiras orgânicas são nos bairros do Leblon e Jardim Botânico, e funcionam respectivamente às quintas feiras pela manhã na Praça Antero de Quental e aos sábados pela manhã na Praça da Igreja de São José, na Lagoa. Na Rua do Russel, aos sábados a já tradicional feira da Glória e no Bairro Peixoto, também aos sábados, na Praça do Bairro Peixoto (Edmundo Bitencourt), enquanto em Ipanema, funciona às terças feiras, na Praça Nossa Senhora da Paz, do lado da Barão da Torre..
Aqui as feiras orgânicas que rolam pelo Brasil:
http://www.docelimao.com.br/site/desintoxicante/cultura-organica/101-feiras-organicas-brasil-afora.html

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Dores injustificadas no corpo? Pode ser intolerância a glúten...

A celíase ou doença celíaca é causada por intolerância ao glúten e pode surgir em qualquer idade. O glúten é uma proteína contida nas farinhas de trigo, cevada, centeio, aveia, triticale, malte e painço e em todos os seus derivados, como a farinha, farelos, germe, etc.
Estudos mais aprofundados vêm sendo conduzidos no intuito de encontrar possível relação entre glúten e a artrite e vários deles apontam resultados positivos nessa direção.
A suspensão de farinhas com glúten em dietas de portadores de artrite demonstrou uma melhora inequívoca nas dores e inflamações de tecidos. Durante esses estudos foram também constatadas possíveis conexões entre glúten e outras doenças auto-imunes, como psoríases e hipotireoidismo.
Há exames de sangue específicos para detectar intolerância aos alimentos em geral.
Embora o glúten não seja necessariamente o causador ou detonador de toda artrite, pesquisas sugerem que uma diminuição ou mesmo uma completa supressão de farinhas que contêm glúten possa dar uma boa resposta para as dores no corpo.
O comércio de alimentos vem cada vez mais oferecendo produtos específicos para dietas especiais que podem ser encontrados nas prateleiras das padarias e supermercados, é verdade que ainda são caros e talvez careçam de sofisticação. Enquanto uns são meio quebradiços a outros falta sabor e atratividade, mas se pensarmos que o que concede fermentação e elasticidade aos alimentos é justamente o glúten fica fácil entender a dificuldade na obtenção de um produto final satisfatório.
Se nos dermos ao trabalho de ler o rótulo daquilo que ingerimos, vamos ficar surpresos ao perceber que alguns alimentos aparentemente inocentes podem ser indescritíveis vilões, isso sem contar com os pequenos lanchinhos que contêm glúten da primeira mordida ao último farelo das lanchonetes Mac e derivadas ou daqueles saquinhos que vai-se comendo às bocanhadas para enganar a fome enquanto se está ocupado com atividades inadiáveis.
A verdade é que ainda não foi inventado melhor remédio para a saúde que a prevenção.
Depois que alguma complicação se instala o corpo já está debilitado para reagir bem e a cada ataque fica mais cansado. São tantos os cuidados que dedicamos à aparência, porque não nos preocupamos igualmente com a saúde? Dá trabalho? Pode dar prazer também.
Escolher e talvez cozinhar aquilo que é bom para nossa saúde pode ser uma grande surpresa além de uma recompensa saborosa com o resultado final.
A goma xantana e o amido de tapioca substituem o glúten das farinhas na confecção de massas e pães. Segue um site que vende a goma http://loja.gastronomylab.com/goma-xantana.html e outro para saber tudo sobre glúten e onde adquirir produtos sem ele. http://www.riosemgluten.com.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Feira orgânica do Leblon

Im2010 168

Vá a feira orgânica do Leblon!

Apesar da chuva e da Praça Anthero de Quental molhada, eu recomendo!
Provinhas em torradas do queijo de cabra orgânico do Capril De Ville me deram vontade de fazer um curso só de tortas doces de queijo de cabra, confiem, são saborosíssimas, longe do cheese cake comum e corrente! Com esse queijo já fiz muitos experimentos, desde sopas a sobremesas, e porque as cabras são tratadas de forma orgânica e medicadas apenas com homeopatia o resultado do leite é especial! Lembrando que o leite de cabra contém 30% menos colesterol que o leite de vaca e é bastante mais digestivo.
Paramos para um dedo de prosa e o dono do capril, o Rômulo (romulocap@uol.com.br), me falou de uma manteiga feita com leite de cabra, só provei na França, maravilhosa! Quem sabe no futuro o capril faz?
As tortas do Jefferson são um capitulo a parte, a de banana imbatível cada dia mais!
As flores de brócolis para serem misturadas ao arroz, as de abobrinha que são uma delicadeza, aipim quentinho e macio, que só vendo! Quase me senti na roça...
A farinha de trigo orgânica, verdadeira raridade, encontrei a R$2.80 o ½ quilo, nada melhor para fazer pães e massas. São cada dia mais difíceis de serem encontradas.
Na mesma barraca tem banha de palma, calma, calma... Essa gordura é super saudável e agüenta altas temperaturas sem deteriorar. Usa-se bem pouco e o resultado é bastante bom. Pode ser usada também como um substituto de margarina naqueles empadões e empadinhas empapados de margarina, mas para esses, manteiga ou azeite conferem um sabor especial.
O verde e o laranja das frutas e legumes são super convidativos e os vendedores explicam tudo com muito boa vontade. Rúcula italiana, lollo roso fresquinho, alfaces dantes nunca navegadas, tomates docinhos, ovos de galinha solta, cenouras miúdas e coradas penduradas pelas ramas, abobrinhas brasileiras, barrigudinhas e quase doces, boas para se fazer chips... Uma delícia!
Os produtos orgânicos são um pouco mais caros porque são plantados em pequena escala, mas se pensarmos em custo/beneficio, certamente passaremos a consumir mais orgânicos. Sou a única vegetariana, há mais de 20 anos, em minha casa, e embora meus filhos consumam desde sempre carnes, tudo não carnívoro em minha casa, dentro da possibilidade, foi sempre orgânico e os dois mais moços usaram cada um antibiótico apenas duas vezes na vida. Com o maior foram mais vezes, porque minha consciência alimentar era outra. Troque remédios por uma alimentação mais saudável, custa um pouco mais? E quanto vale sua saúde?
Mas pense ecologicamente e leve sua sacola de casa para a feira, porque nem todos têm embalagem reciclável e se tivessem isso certamente iria onerar o produto final.
Outros pontos na zona sul estão oferecendo essa feira orgânica, pense ecológico, pense na sua saúde, na do produtor e na do planeta, vá as compras!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

diga não a margarina e as gorduras hidrogenadas

Você come fora com frequência? gosta de empadões e empadinhas,pastelões e tortas? Sabe como são feitos? Com gordura hidrogenada! Sabe o que é? E margarina, sabe o que contém?
A margarina não é tecnicamente um lácteo, ou seja, não é um produto proveniente do leite, mas de óleos vegetais, porém é um hábito comum incluí-la na categoria de laticínio nos supermercados, bem como em muitos estudos teóricos sobre o produto.
A margarina apareceu na Europa numa fase em que os alimentos estavam escassos e caros. Foi o resultado de um concurso criado pelo governo de Napoleão para se conseguir um produto que se aproximasse a manteiga e que tivesse um custo mais acessível. O ganhador do prêmio foi Hippólyte de Mége Mouriés, no ano de 1869.
A palavra margarina, do grego margaron para pérola, foi adotada por ser perolada a cor do produto final.
A primeira fábrica de margarina foi instalada na Holanda em 1871.
À partir dessa época e durante muitos anos a Europa passou a consumir a margarina, que por legislação foi obrigada a manter sua cor original para não ser confundida com outros produtos.
De lá para cá a margarina sofreu modificações sendo misturada a azeites e outros óleos e mesmo a manteiga em partes menores.
A margarina além do gosto característico que modifica o sabor de receitas propicia o aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos e a diminuição do HDL, o bom colesterol.
De acordo com pesquisas realizadas em universidades americanas a margarina caracteriza-se por:
• Teor altíssimo de ácidos graxos tipo trans
• Triplicar o risco de doenças coronarianas
• Aumentar o nível de colesterol total e o de LDL (o mau colesterol)
• Reduzir o nível de colesterol HDL (o bom colesterol)
• Deprimir resposta imunológica
• Reduzir reação insulínica
E o dado mais assustador é a comparação feita entre margarina e material plástico. Segundo pesquisas o que diferencia os dois produtos é uma molécula apenas. E isso vale não apenas para a margarina, mas para todos os produtos de gordura hidrogenada. Estudos sugerem que mesmo mantida dentro da embalagem, uma vez aberta e deixada ao ar livre, a margarina não será nunca alvo de insetos, nem vai apodrecer gerando odores, assim como nela não nascerá qualquer bactéria ou microorganismo.
O equivale dizer que o alimento não é vivo...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Geléia do que?

Nos habituamos a usar como molho, nas saladas, em sanduíches, sopas, sucos e drinques e terminamos por achar que o tomate é um legume, mas na verdade é uma fruta, e super versátil.
Ontem fiz uma geléia-puxa, um grau antes do doce de corte e ficou excelente.
O tomate é comumente associado à Itália, principalmente à culinária Toscana, onde é ingrediente fundamental. Porém sua provável origem é o Peru, embora exista alguma controvérsia.
Parte da dieta da América pré-colombiana, o tomate foi levado para a Europa pelos navegadores durante o período dos descobrimentos e com ele o milho, alguns feijões, batatas, e frutas como abacate e o cacau entre outros.
Na época, apesar de acharem que o tomate poderia ser venenoso pela sua semelhança com as mandrágoras, frutas com poder afrodisíaco, alucinógeno, analgésico e narcótico usadas em rituais de bruxarias, os europeus resolveram plantá-lo como cerca viva, para talvez manter à boa distância visitantes indesejáveis.
Mais tarde o tomate ganhou enorme popularidade e se consagrou como ingrediente indispensável na cozinha mediterrânea.
De acordo com registros da época o tomate chegou ao porto de Sevilha, primeiro porto de saída europeu até América, e o fruto foi negociado ali mesmo com a Itália e países baixos.
Atualmente existem muitas variedades de tomate no mercado, a pena é que uma grande parte vem infestada de agrotóxico e a diferença de gosto desses com os orgânicos é inenarrável. Os orgânicos são em geral muito doces em contrapartida com a acidez dos outros.
Os formatos encontrados para venda são os mais variados e também a coloração. Atualmente é possível encontrar além dos tradicionais vermelhos, tomates rosados, amarelos, laranja e verdes.
O pomodoro, como é chamado em italiano (maçãs douradas) se deve ao fato de que os primeiros frutos que alcançarem solo italiano tinham essa cor e alguns anos mais tarde apareceria em solo europeu o tomate vermelho.
O tomate é rico em licopeno, poderoso antioxidante e rico em vitaminas do complexo A e B, além de fonte de fósforo, potássio, ácido fólico, cálcio e frutose.
Ah, da receita não esqueci não, quem sabe no próximo curso ela sai como ingrediente do high tea, uma deliciosa tradição vitoriana? Até lá!

Comida através dos tempos

Desde a época dos descobrimentos, certos alimentos e condimentos foram inventariados como tesouros da coroa sendo consumidos por poucos em mesas muito exclusivas.
Na idade média, por exemplo, uma mesa farta era titulo de nobreza inequívoca, enquanto o jejum era considerado símbolo de espiritualidade. Essa leitura foi com certeza feita nas entrelinhas dos hábitos alimentares da época, quando a carne cara e rara era consumida por nobres que travavam as guerras, enquanto o clero jejuava ou consumia pães de farinha não refinada, papas de cereal e sopa de legumes entre orações.
Mas esses hábitos iriam mudar e o clero também.
Se a comida define o status, os grandes chefs franceses tiveram um papel sutil, porém definitivo, quando se tratou de avaliar o poder político-econômico de seus patrões.
Alguns deles como Carême e Vatell, foram disputadíssimos por cabeças coroadas e milionárias da França à Rússia e se deram ao luxo de recusar convites reais, em alguns casos criando, e em outros evitando constrangimentos diplomáticos.
A comida tal como conhecemos hoje, passou por diversos processos político-econômicos e sociais até chegar dessa forma às nossas mesas.
A alimentação foi democratizada somente com o evento da revolução francesa, quando surgiram os restaurantes propriamente ditos.
A aristocracia destituída deixava atrás de si uma fileira de serviçais treinados e desempregados.
Gente qualificada desempregada, gente da província em busca de oportunidade de negócios na capital...
Ingredientes básicos para juntar a fome e a vontade de comer, e assim nasceu o primeiro restaurant, aberto para alimentar a nova burguesia.
Numa versão menos nobre, o restaurant já existia na forma de refeitório popular, herança do surto de peste bubônica na Europa em meados do século XIV.
Os sanatórios alimentares ou restaurantes (do restaurar) teriam sido criados para melhorar as chances daqueles que não tinham sido vitimados pela peste a se prevenirem e os sobreviventes a se recuperarem.
Quando uma nova aristocracia foi restaurada na França por Napoleão, (surge daí o conceito de nouveaux riches, uma nova casta que trás riqueza sem nobreza) a França franqueou sua gastronomia para além dos muros de seus castelos, tomando seu lugar como modelo internacional de refinamento e elegância cada vez mais considerado um patrimônio nacional.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Lugar de mulher é na cozinha…

Não era exatamente o que pensava no século XVIII, o rei Luis XV da França.
Aficcionado da boa mesa o rei era contra a idéia de mulheres na cozinha, para ele os homens, superiores em tudo, certamente eram melhores na arte culinária do que as mulheres. A idéia, porém, não era bem aceita por sua amante, Madame de Barry, que tratou de contradizê-lo na prática, quando convidou o rei para uma ceia que foi servida pela melhor 'cuisiniere' francesa. Deliciado o rei formalizou um convite para que o cozinheiro fosse agregado à cozinha real, mas foi surpreendido por uma cozinheira mulher, a quem a pedido de Mme de Barry, concedeu a honraria Cordon Bleu, uma alusão a fita azul que adornava a comenda l'Ordre des Chevaliers du Saint Esprit (Ordem dos Cavalheiros do Espírito Santo), concedida desde o século XVI Pelo rei Henrique III da França àqueles que apresentavam excelência em sua área de trabalho.
Durante a entrega da Cruz do Espírito Santo, banquetes suntuosos eram servidos e se tornaram lendários e inevitavelmente os “cuisiniers” passaram a ser agraciados com a mesma honraria por excelência de seus serviços.
A idéia de premiar a mulheres cozinheiras não morreu com sua idealizadora, e em 1895 a jornalista e editora francesa Marthe Distel passou a publicar um folheto sob o titulo de Le Cordon Bleu ou Nouvelle Cuisinière Bourgeoise e a dar aulas no mesmo ano e assim nasceu a escola Cordon Bleu e dela outras muitas escolas culinárias.
Em homenagem a escola Cordon Bleu que no quesito sobremesa contempla a nós Cordon Vert também, segue uma receita de Biscuit Au Beurre, com manteiga de verdade que é o que faz toda a diferença...Bon apetit!

Biscoitos amanteigados

Ingredientes para a base de biscoito:

200 gr de manteiga com sal
250gr de farinha de trigo
50/75 gr de açúcar
1 cl de chá de baunilha
Amêndoas em lascas (opcional)

Preparo:

Forno quente. Amasse com a mão todos os ingredientes, misturando bem. Faça pequenas bolinhas ou abra com rolo de massas e use um cortador para dar formato. Asse por 10/15 minutos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Caldos, sopas, cremes, bouillons

Não é que o inverno do Rio de Janeiro seja realmente frio, mas há dias em que a temperatura baixa pede um creme quente, um caldo ou uma sopa fumegante que possa ser acompanhada por um pão integral de farinha forte e um copo de vinho tinto pra aquecer corpo e alma.
Desde que existe o fogo, existe sopa, que foi sempre uma maneira de aproveitar legumes e verduras que de outra forma poderiam se deteriorar.
Também as carcaças dos animais eram e são recicladas, ao invés de serem sumariamente descartadas reforçam um caldo, alma de muitos pratos.
Antigamente a economia era mais racional, o consumo menos desenfreado, e os descartáveis pouco prováveis. A família se reunia em torno de uma boa mesa a cada fim de semana e as mulheres, que não trabalhavam fora, se esmeravam na culinária, com preparos que podiam levar toda uma semana e que desde sempre equilibraram a saúde e a economia doméstica. O homem provia, a mulher administrava.
Digamos que esse posicionamento foi sempre objeto de polêmica interna, mas a verdade é que reinados e governos passaram sempre por problemas similares.
Quem seria mais importante, o provedor ou o administrador?
Pessoalmente acho que o questionamento equivaleria quase a um: como um pássaro voaria melhor, com uma ou duas asas?
Bom, voltemos à nossa sopa.
Com o evento da mulher que trabalha fora, a prática doméstica da culinária familiar foi perdendo espaço, enquanto a propaganda se encarregava de criar verdadeiras odes apoteóticas aos primórdios do fast food.
No começo talvez tenham vindo as embalagens, para acomodar as comidas trazidas de casa, mas depois...Depois a sopa passou a ser desidratada e a cada dia conter mais coisas estranhas à sopa propriamente dita. Um monte de corantes, conservantes e acidulantes artificiais que prometem uma receita bem natural, um sabor como nos tempos da vovó que se debate no túmulo ouvindo tamanha barbaridade!
Tá bem, tá bem, também não vamos ser tão radicais.
Onde arranjar tempo pra se preparar essas coisas?
Acho que é possível se dedicar algum tempo, nem que seja apenas um pouco, para preparar não apenas saúde, mas sabor pra se alimentar, e depois aliar o sabor a tecnologia e assim, viverem os dois em comunhão e felizes para sempre.
Como sou muito rápida na cozinha, sempre acho que a indústria se encarregou de nos dizer que cozinhar dá muito trabalho, desqualificando uma atividade feminina que é desenvolver carinho e cuidado, além de equilíbrio orçamentário através da culinária.
Os chefs homens existiram desde sempre e a cozinha em grande escala ontem e hoje, exige força física e alguns fortes, são além de tudo talentosos e mantêm talvez equilibrados o masculino e o feminino interno, sem questionarem quantas asas um pássaro necessita para voar.
Hoje a aula é de caldo, fundamental para risoto, também vamos preparar couscous marroquino que acompanhado de algum tipo de guisado precisa de caldo.
Au bouillon allors!

domingo, 25 de julho de 2010

amanhã tem aula com sorvete!

A partir de 2002, o 23 de setembro comemora o Dia do Sorvete.
Instituída pela ABIS (Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete), a data foi escolhida por marcar o início das temperaturas mais quentes do ano no país, época em que o consumo de sorvetes no Brasil se acentua.
A origem do sorvete remonta ao século IV a.C, mas há referências ao sorvete durante o império de Nero, por volta dos anos 60 da era cristã. O imperador teria ordenado que fosse trazido gelo das montanhas para ser misturado a frutas.
Mas foi na China que cozinheiros do rei Tang (dinastia Tang 618/697) criaram uma receita a partir da mistura de leite de búfala, farinhas e frutas, provável mistura que chegou a Itália pelas mãos de Marco Pólo em 1292, para deleite das cortes européias.

A prática do uso do sal misturado ao gelo para reduzir e controlar a temperatura dos ingredientes do sorvete durante sua confecção foi uma descoberta fundamental que simplesmente se disseminou entre produtores até a descoberta de outros métodos mais eficazes como a do tonel congelável de madeira com pás rotatórias para eliminar os cristais de gelo da mistura e obter uma massa mais homogênea.
Bem mais tarde foi atribuída a químicos britânicos a tecnologia de aerar o sorvete, tornando-o muito mais cremoso, como o conhecemos atualmente.
Existem atualmente no mercado máquinas para a confecção de sorvetes caseiros com preços super razoáveis, a partir de R$ 140.00.

Sorvete super fácil

Ingredientes:

1 lata de creme de leite gelado e dessorado
½ lata de leite condensado
1 cl de chá de baunilha

Preparo:

Processe todos os ingredientes e ponha pra gelar na sorveteira por 30/40 minutos, coloque em recipiente com tampa e leve ao freezer por 2/3 horas. Se não tiver sorveteira leve diretamente e bata a mistura 2 vezes num espaço de 2 horas.

sábado, 10 de julho de 2010

10 DE JULHO HOJE É DIA DE PIZZA!

Quer saber mais?

http://www.laporcela.com.br/curiosidades.asp

Use a massa de pão branco básico, mussarela, tomates, ervas e o que mais sua imaginação pedir. Forno bem quente, um bom vinho tinto e uma saladinha,o que mais é possível querer?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Pão branco básico

Ingredientes:

400 gr de farinha de trigo
1 cl de sopa fermento granulado
1 ½ cl de chá de sal
1 cl de chá de açúcar
2 cls de sopa de azeite
250/300 ml de água morna
Sal


Preparo:

Ligue o forno em temperatura máxima.
Misture os ingredientes secos e acrescente a água aos poucos, misturando com um garfo. Na minha experiência, 150 ml devem bastar. Misture apenas com as pontas dos dedos, manipule a massa muito pouco.
Forme uma bola e passe farinha antes de colocar em saco plástico que deve permitir bastante espaço de fermentação. Crie um pouco de ar no saco e deixe a massa descansar longe de correntes de ar, em local aquecido por umas 4 horas.
Enfarinhe as mãos e os dedos e retire a massa do saco.
Espalhe farinha num tabuleiro, formate o pão inteiro como ciabatta ou faça pequenos pães e cubra com fina camada, bem espalhada, de farinha. Leve ao forno quente por aproximadamente 25/30 minutos ou até que ele esteja dourado e possa sentir o cheiro de pão fresco. Tire do forno, dê pequenas pancadinhas no fundo, o som deve ser oco. Deixe esfriar numa grade fria e consuma.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

que tal um creme de couve flor com brie?

Ingredientes:

1couve flor pequena
1cubo de caldo básico
100 ml de água
100 ml de leite
150 gr de queijo brie cortado em cubos pequenos
Salsinha picada


Preparo:

Leve para cozinhar em fogo brando os quatro primeiros ingredientes por 15/20 minutos em panela aberta. Desligue o fogo, tampe a panela e deixe o caldo esfriar antes de processar.
Quando for servir aqueça bem o creme e coloque alguns cubos de brie em cada recipiente antes de despejar a sopa.
Guarneça com a salsinha e acrescente alguns crôutons.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pães exigem experiência

Muitas vezes nos deparamos com receitas que parecem, e muitas vezes são mesmo, inspiradoras, mas na hora da confecção algo parece que dá errado.
O pão, apesar de parecer de simples confecção, não é, enquanto não se sabe como manipular seus humores.
Quando se tem experiência na feitura de pão, a gente sabe que uma vírgula aqui,umas aspas ali, uma exclamação mais prá lá, são significativas, e como!
Se pensarmos na estrada percorrida pelo pão,é possível perceber de quantas maneiras mudou.
Do mingau insosso ao bolo doce e dele ao pão ázimo, até a descoberta casual do fermento e até aqui, a essa tentação insuperável que é hoje. Mas tem truques...
Na maior parte das vezes, o que fazemos em casa fica meio fofo, meio fosco, meio pesado.
Fica sempre a dúvida da temperatura do líquido, de que fermento usar, e, uma quase certeza: pão caseiro, não fica crocante! Puro mito! Ele pode ficar...
O primeiro módulo do curso de gastronomia vegetariana já fechou as inscrições, a aula é de pães brancos e integrais, massa de pizzas, molho de tomate e variações e a
canelinha de cada receita.
Mais informações sobre os próximos, basta acessar o blog ou deixar um recado no facebook.

o que é ser vegetariano

Na verdade não comer qualquer tipo de carne ou frutos do mar, ou quaisquer outros animais, não define inteiramanente um vegetariano. Existem categorias como os lacto-vegetarianos, ou os ovo-lacto-vegetarianos, ou ainda os vegans, que não consomem qualquer produto de origem animal. Já está ficando morto de fome?
É nessa vertente que entra um chef cordon vert...
Num país como o Brazil, principalmente, por ser tropical e proporcionar tantas variedades de legumes, verduras e frutas, o cardápio é simplesmente infindável, e, certamente não precisa ser nem monótono e nem indigesto.
A maior parte da culinária indiana por exemplo volta-se para a comida vegetariana, a mediterrânea idem, e o que dizer da oriental, que gosto exótico à parte, usa muitos legumes, vegetais e frutas nas suas cozinhas?
Seja por opção ideológica, religiosa ou mesmo por falta de recursos, esses países se dedicaram a uma alimentação pobre em carne animal, que favorece a uma vida mais saudável ao longo dos anos. Claro está que é necessário mais do que apenas uma boa alimentação para gozarmos de boa saúde e vida longa. Enfim, vamos ao que interessa.
Curryes, massa, pães e pizzas, risotos, cones e wraps, falafels,quiches e tortas salgadas, cozido e até feijoada, omeletes e tortillas. Veloutées, cremes, sopas e saladas, entradas e canapés, enfim, uma variedade que pode ser bonita e saborosa além de equilibrada. Ao contrário do que muitos pensam, o vegetariano não será subnutrido por falta de ingredientes, mas, às vezes, pelo excesso de algum deles. Subnutrido pode ser gordo, mas com falta de nutrientes que mantenham a saúde equilibrada. Um nutricionista ou um chef ( que em geral têm aulas de nutrição e combinação básica de alimentos)podem sempre ajudar aos que já são vegetarianos, aos que querem ser, ou aos que simplesmente desejem variar um pouco.Quer uma receita saborosa e fácil? Bom apetite!

Falafel de lata

Ingredientes:

1 lata de grão de bico
1 cebola
2 dentes de alho bem picados
3 cls de sopa de salsinha bem picada
1 cl de chá de coentro bem picado
1 cl de chá de cominho em pó
2 cls de sopa de farinha de trigo
Sal e pimenta ralados


Preparo:

Escorra o grão de bico e processe rapidamente com os outros ingredientes, a idéia é uma mistura rústica que uma vez frita fique crocante. Molhe as mãos e faça pequenas bolinhas para serem fritas até dourarem. Abra um pão árabe e coloque os falafel, tahini e salada a vontade.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

É tempo de figos

A origem é o oriente médio e foi a primeira fruta cultivada pelo homem de forma sistemática.
Delicioso consumido fresco, o figo empresta sua doçura a compotas, doces de corte e geléias que precisam de pouca adição de açúcar, uma vez que enquanto vai amadurecendo, o fruto desenvolve pectina natural que auxilia a geleificação.Frescos ou acompanhados de creme, na forma de sorvete, ou mel, devem ser consumidos com casca bem lavada para retirar a camada branca de pó que protege o fruto de fungos. A casca é rica em fibras, proteínas, sais minerais, goma e mucilagem. A proteína do figo contém todos os aminoácidos essenciais. Os mais abundantes são o ácido aspártico e ácido glutâmico. A polpa é usada em alguns países para amaciar carnes.

Para a confecção de sorvetes existem no mercado sorveteiras à partir de R$100 ( para 1 litro) e podem ser compradas on line.
O custo/beneficio é excelente e evita o uso de gorduras saturadas ou ingredientes artificiais, além de não deixar o sorvete cristalizar. O produto final é de textura cremosa como os sorvetes italianos desde que apenas laticínios de boa qualidade sejam utilizados.

Sorvete de figos e nozes

Ingredientes:

5 a 6 figos em calda
300/400 ml de creme de leite gelado e dessorado
½ a 1 xc da calda da compota
1 punhado de nozes ou pecãs

Preparo:

Processe os 2 primeiros ingredientes e antes de acrescentar a calda da compota cheque a quantidade de açúcar. Acrescente as nozes, e se tiver uma sorveteira, misture por 30 minutos ou até que atinja uma textura cremosa, sirva diretamente da sorveteira ou leve para gelar por 2 ou 3 horas antes de servir.

domingo, 16 de maio de 2010

Três especialistas falam de três temas diferentes: Hipertensão, dietas e terceira idade. Assista!

Orientação é muito importante quando a gente resolve adotar uma nova dieta ou mudar o estilo de vida. Nunca é muito tarde nem muito cedo pra isso, e o bom ritmo é aquele faz a gente ter vontade de dançar com ele. Vale uma passeadinha pelo portal www.portalclubea8.com.br

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Tem certas viagens que se faz, que são boas do começo ao fim, e essa última que fiz a Israel foi surpreendentemente ótima.
A gastronomia até pouco tempo desvalorizada deu um impressionante salto e desde padarias a restaurantes e bistrôs ultra sofisticados a queijarias e vinícolas com produtos excelentes entremeados por shuks (mercados árabes) coloridíssimos, Israel foi uma surpresa de qualidade no que diz respeito ao gosto pela comida e a fusão, numa cozinha regida a cada tanto por uma leva de imigrantes de algum lugar do mundo.
Tradições culturais gastronômicas são parcialmente mantidas, de alguma forma o clima vai influenciando as preferências e a variedade dos novos sabores obrigatoriamente se mistura aos já conhecidos.
Durante conversas que mantive com algumas pessoas ficou a certeza de que a comida que trazem de casa e que se perpetua por gerações é a ligação primordial de cada um com sua terra, com sua família e com a preservação das lembranças mais afetuosas que fazem parte de seu cotidiano desde a mais tenra infância. Aqui há espaço e gosto para tudo e, meu Deus, as frutas, legumes e verduras têm sabor tão intacto que pode-se comer sem parar e inventar comidas por dias sem fim e foi exatamente o que fiz.
O malabi é um manjar doce, vendido em carrocinhas no mercado e o vendedor me passou essa receita:

Malabi de farinha de arroz

Ingredientes:

1 l de leite
½ xc de farinha de arroz
½ xc de açúcar
2 cls de sopa de água de rosas
1 cl de chá de baunilha
geléia de cassis ou de amoras
Pistache picado

Preparo:

Despeje a farinha em uma tigela e acrescente 100 ml de leite, misturando bem para não encaroçar. Ferva o restante do leite e o açúcar em fogo brando. Acrescente a mistura da farinha de arroz e misture sem desmanchar o mingau que é a base da sobremesa. Diminua a temperatura e cozinhe por mais 5 minutos. Adicione a baunilha e a água de rosas. Distribua o malabi em pequenas tigelas individuais. Guarneça com a geléia e o pistache.
Esfrie completamente antes de refrigerar.

sábado, 3 de abril de 2010

Big oyster

Lendo Big Oyster de Mark Kurlansky pude observar mais de perto aquilo que de uma maneira ou de outra, todos suspeitamos, ‘’da capacidade que a comida tem de nos conectar com a profundidade do nosso lugar no mundo e mostrar como nosso alimento está vitalmente ligado à saúde do mundo natural (*Alice Waters)’’.
Ostras foram durante séculos fonte de alimento, moeda de troca, motivo de socialização e inspiração para pinturas de natureza morta, letras de música e poesias e ingrediente indispensável na culinária européia. Bingo!
Surgia o primeiro elo de contato entre os nativos americanos e os homens salgados, que assim lançaram suas âncoras no rio Hudson para desfrutar de tudo o que essa terra fértil em que chegaram podia proporcionar e foram felizes para sempre, ou pensaram que seriam.
Os frutos que crescem de forma espontânea, sejam quais forem, contam a história de seus habitantes, seu tipo de pele, altura, doenças mais ou menos características, falam de sua tradição, dos alimentos que sempre circularam na família e que perderam o cunho de segredo de estado desde que resolvemos dissecar cada alimento até sua última fibra para saber qual a propriedade, a vitamina ou o mineral que contêm e em que quantidade irá nos proporcionar o que.
Comer, como os demais atos prazerosos, é mais uma tarefa a ser cumprida diariamente para medir nosso desempenho.
A natureza criou sem nossa interferência e durante muitos séculos, alimentos próprios a cada estação e aos humores de nossa digestão.
Aquilo que crescia num dado país em tal época definia claramente a estação e o tipo de atividade desempenhado em uma comunidade em determinado tempo.
Parece que nossa insistente interferência atrapalhou tanto esse processo que até mesmo nossa identidade alimentar, leia-se solo e clima, foi ficando confusa.
Atualmente são diversas as intolerâncias alimentares, e cada vez mais comuns, e eu não me lembro de nada parecido quando era pequena e comia a comida preparada ou orientada por minha mãe e minhas tias.
Esquecemos, e talvez nosso corpo também, do conforto de uma comida caseira, sem tanto gelo ou aditivos em seu contorno tão bem aparado que mesmo as frutas, legumes e verduras passaram a ter um perfil industrial, nos fazendo acreditar que a natureza realmente arquiteta produtos com simetria e gosto de enlatado.
Falamos da saúde japonesa e da mediterrânea com a boca cheia de propriedade e nos empenhamos em seguir sua dieta para sermos mais saudáveis, mas eu me pergunto se quando lá as comidas modernas começarem a fazer efeito contrário, qual a dieta que iremos adotar?

*Alice Waters, chef, escritora e proprietária do Chez Panisse, é uma Americana pioneira e defensora da filosofia de uma culinária baseada no uso dos ingredientes mais frescos e de melhor qualidade, produto de cultura local auto sustentável.

terça-feira, 2 de março de 2010

A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original. (Albert Einstein)

Cada um de nós vem de educação e orientações diferentes, e por isso mesmo muitas vezes temos resistência em aceitar aquilo que não se parece conosco.
Na verdade, tudo é questão de hábito e aculturação, disciplina e educação.
Às vezes pessoas me pedem conselhos para fazer uma mudança alimentar e acho que a mudança não pode ocorrer apenas na área dos alimentos ou está fadada a fracassar. Abrir mão de hábitos alimentares nem sempre é fácil, então calma com o andor que o santo é de barro!
Tudo bem que a cada semana podemos investir numa segunda feira para recomeçar, mas se os fracassos se tornam repetitivos, a tendência é desistir.
Se uma doença é a causa da adaptação alimentar, o primeiro passo talvez seja compreender do que se trata e o quanto a alimentação pode melhorar ou piorar essa condição.
Basicamente acredito na prevenção e acho que devemos tratar da saúde antes que a doença apareça. Porém o fato de termos uma vida saudável não nos garante saúde plena, que depende de uma série de fatores que nem sempre têm a ver com nosso comportamento ou vontade.
Comer é antes de tudo um prazer, além de ser a base de nossa sobrevivência. Desnecessário enumerar o que a falta de alimento pode causar a uma pessoa, porém o excesso não está longe de apresentar resultados semelhantes.
A comida sem atrativos, seja destinada a algum tipo de dieta ou não, é entediante e com o passar do tempo termina por nos frustrar, e ainda que tenha nos trazido algum resultado positivo não se mantém como opção por muito tempo.
Se a dieta foi para emagrecimento, a resposta a essa frustração pode ser o ganho de muitos quilos para compensar o sacrifício feito, e aí começa o processo sanfona que deixa nosso corpo enfraquecido em com cicatrizes na pele.
Flacidez, celulites, estrias, além das marcas de subnutrição que atingem unhas, ossos e cabelos.
Em qualquer idade as dietas devem seguir orientação médica e para dar continuidade a essa orientação seria bom freqüentar um curso ou vários na área de alimentação ou então contar com profissional da área que faça um levantamento completo do gosto, estilo de vida e necessidade pessoal e assim forneça orientação e cardápio personalizado que facilite a mudança.
À partir do mês de maio começo a ministrar aulas e desde já estou fazendo assessorias para dietas personalizadas* e cardápios para estabelecimentos, principalmente SPAS, que queiram ter como opção um cardápio de gastronomia rejuvenescedora.

*no caso de dietas médicas é preciso contato com o médico e/ou nutricionista antes da formulação de dieta.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Berinjelas

Alimento de poucas calorias e muitos nutrientes, a berinjela é um fruto originário da região da Índia.
Rica em vitaminas A, C, B1, B2 e B3, a berinjela é também uma importante fonte de betacaroteno.
Estudos recentes a apontam como redutor de colesterol e excelente fonte de potássio, cálcio, ferro cobre e magnésio e proteínas.
Na culinária se presta a diversos papéis, é inclusive usado na confecção de doces e geléias exóticas.
Uma maneira de prepará-los que faz com que fiquem mais macios e saborosos é mergulhá-los em água e sal até que a água fique turva e o visgo que causa amargor seja eliminado.
Uma maneira saudável e saborosa de comer berinjelas é o ‘ratatouille’, ou "ragu grosseiro", uma receita da região da Provença, na França, com toques mediterrâneos. Pode ser comido quente, ou frio (processado na forma de patê), sozinho ou como acompanhamento de praticamente tudo.
Eu gosto de servir com couscous ao shitake ou espaguete integral.

Ingredientes para um ratatouille rápido

Uma berinjela com casca, cortada em cubos
Tomates inteiros enlatados (os italianos, que não contém agrotóxicos à base de mercúrio)
Alho picado a gosto
2 colheres de azeite
½ copo de vinho tinto de boa procedência
Orégano fresco picado
Sal

Preparo:

Deixe a berinjela, já cortada, de molho na água e sal por uns 10 minutos. Escorra e seque. Em fogo brando refogue as berinjelas no alho e azeite e acrescente os tomates. Tampe e mantenha o fogo brando por 5/10 minutos.
Acrescente o vinho e por último o orégano. Apague o fogo, mantenha a panela fechada e deixe que termine o cozimento no vapor.

Couscous ao shitake
-Existe no mercado um couscous que vem em saquinhos-

Ingredientes

Uma medida de couscous
1 e ½ medidas de água ligeiramente salgada
3 ou 4 shitakes desidratados
Azeite de trufas ou virgem


Preparo:

Siga as instruções do fabricante e quando estiver pronto regue com um fio de azeite, misture bem e coloque num aro de enformar, disponha o shitake por cima. Sirva com o ratatouille disposto na lateral do aro e só então desenforme. Guarneça com um pequeno galho de orégano fresco.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Gastronomia rejuvenescedora

Através da alimentação balanceada podemos reequilibrar nosso funcionamento interno que se reflete em nossa pele, unhas e cabelos.
Quando bem alimentados, nosso olhar fica mais fresco, nossos ossos mais fortes, o hálito mais perfumado. O próprio corpo exala um perfume diferente...
Com a digestão funcionando plenamente nosso humor também melhora.
Em qualquer idade quando nos descuidamos de nossa alimentação, o corpo vai aos poucos ‘roubando’ nossas reservas e terminamos depauperados.
Certamente depois dos 40 anos os efeitos são mais palpáveis e visíveis.
São muitos os fatores que nos fazem aparentar uma ou outra forma física, mas certamente os alimentos têm um papel fundamental em nossa saúde e na manutenção de nossa juventude
Gastamos fortunas em academias, processos estéticos e suplementos e talvez fosse interessante entender que é mais fácil manter peso, saúde e juventude através do equilíbrio de uma rotina menos estressante.
Quanto mais stress, esforço físico e ansiedade, mais combustível nosso organismo queima, e se não nos alimentamos corretamente, damos início a um processo de degeneração que vai minando nossa saúde, às vezes em doses homeopáticas, às vezes mais rapidamente.
A verdade é que tudo tem seu preço e se exageramos para mais ou para menos vamos ter resultados equivalentes.
Quando nossa alimentação fica desequilibrada, aumentamos ou diminuímos muito o peso, perdemos o viço por subnutrição.
Não só os muito magros podem estar subnutridos, os obesos também podem sofrer de subnutrição, e os efeitos colaterais da subnutrição podem ser irreversíveis.
A anemia causada pela falta de ferro, por exemplo, pode causar entre outros problemas a depressão orgânica e a flacidez muscular.
Infelizmente podemos ver diariamente, independente da classe social, adolescentes com pele, corpos, dentição e postura lamentáveis, além de enfermidades que normalmente são características em pessoas bastante mais velhas.
Dito isto, e até por isso mesmo, devemos buscar uma alimentação variada e que nos estimule a querer comer e não que se torne uma obrigação ruim e nos faça buscar ‘porcarias’ o tempo todo.
A gastronomia rejuvenescedora tem como meta fazer da alimentação saudável um prazer onde a maioria das dietas falham e nos fazem desistir.
Como chef cordon vert, aprendi o suficiente de nutrição não para ser uma nutricionista, mas para juntar os alimentos de forma bonita, saudável e saborosa.
O prazer de comer nos remete a um estado de felicidade saudável, e como tudo, precisa de aprendizado.