segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Batatas

Não é nenhum segredo minha paixão pelas batatas, volta e meia arranjo um jeito de escrever sobre elas. Um alimento tão antigo e tão consumido quanto o arroz no mundo, a batata vai muito além do apenas aquecer quando há inverno, alimentar quando há fome e ser coadjuvante das refeições. Cheia de personalidade apesar da modéstia, a batata vem mostrando através de pesquisas a sua verdadeira face que é bem mais do que muitos imaginávamos,
“Pode soar a exagero, mas por baixo da casca esconde-se uma pequena farmácia. "Uma substância que merece ser destacada é a quercetina, antioxidante capaz de inibir o crescimento de tumores de mama", completa Vanderlí. "A batata apresenta também quantidades apreciáveis de triptofano e lítio, que agem nos quadros de depressão", emenda Douglas Carignani Júnior, cirurgião e membro da Associação Brasileira de Nutrologia. Quanto aos valores nutricionais em si, não fica nada a dever a outros vegetais. É rica em fibras, vitamina C e todas as do complexo B, principalmente a B16, que atua na formação das células do organismo.” (http://saude.abril.com.br/edicoes/0278/nutricao/conteudo_179319.shtml).
Dito isso volto a repetir que as calorias contidas em 100 gramas de batatas não passam de 80, ficam calóricas quando a elas são agregadas tudo aquilo que não é batata: gorduras, molhos, carnes gordas, cremes... E tudo isso é absolutamente desnecessário se a meta é “comer” batatas, as orgânicas são tão saborosas que cozidas na água e sal já são um absoluto espetáculo e como as versáteis berinjelas se prestam certamente a muito mais do que apenas meras cem receitas. Usando-se apenas algumas ervas e sal podem ser assadas em papillotes de papel manteiga ou simplesmente levadas ao forno com dentes de alho, cebolas e tomates, quem sabe um pouco de orégano seco em galhos, umas pitadas de cominho ou curry agregadas a canela e cravo em pó? Ultimamente provei batatas salgadas assadas em carvão em brasa, ficam deliciosamente defumadas, e não há nenhum motivo pra descascá-las desde que, orgânicas, sejam bem lavadas com uma escovinha apropriada. Podem ser cozidas no vapor e regadas com poucas gotas de azeite trufado, ou preparadas no sal grosso com alecrim e um fio de azeite de oliva, preparada em camadas com berinjelas, tomates e ervas secas ou num simples purezinho regado com uma pitada de azeite para acompanhar brócolis preparados no alho ou abobrinhas recheadas com tomates e castanhas de caju gratinadas, um desafio para a imaginação
Batatas convencionais são alvo de agrotóxicos potentes e como na verdade trata-se de um alimento delicado o gosto fica mascarado e é impossível reconhecer seu verdadeiro sabor. Há coisas nessa vida pelas quais devemos pagar um pouco mais para não morrer jurando que tinham sabor de nada e que funcionavam apenas como “sustância” a batata é uma dessas coisas, prove a orgânica (Korin) ou plante em casa e depois me conte... (http://www.dicasverdes.com/2009/04/plante-batata-em-casa-com-pouco-espaco/)
Trés bom appétit!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Orgânico mais barato é possível e viável!

Acabei me enrolando um pouco e quando consegui chegar na feirinha orgânica do Leblon já muita coisa não sobrava, paciência...Fui para visitar as verduras e legumes da Fazenda Constância Orgânicos que tem o sistema “Escolha e Colha” para ter uma prévia dos produtos antes de ir visitar em Teresópolis, o pouco que tinha estava lindo, mas nem tive tempo de comprar, fica para a quinta feira que vem. Dito isto, esbarrei dois passos mais à frente com um tabuleiro cheio dos orgânicos industrializados e um vendedor prá lá de simpático e cheio de informações já explicava a uma senhorinha sobre farinhas, iogurte, e os grãos variados e bem acondicionados e bonitos de se ver e cheirar na vitrine ao ar livre e constatar como na feira os orgânicos são tão mais baratos que nas redes de mercados de bairro, a diferença é mesmo escandalosa!
Na visita que fiz ontem ao supermercado novo do Leblon onde existe uma boa variedade de produtos orgânicos, as farinhas branca e integral variavam entre R$11 e R$13 o quilo, enquanto o feijão quase R$15! Na feirinha a farinha branca a R$3,50 já tinha acabado e a integral custa R$3, enquanto o meio quilo de feijão está em torno de R$5, não tive tempo de preçar mais nada porque já em cima do laço para um compromisso não pude mais parar, mas volto semana que vem com caneta e bloco para anotar tim-tim por tim-tim e aí fica mais fácil comparar e dar uma força para que esse commodity não se vá, porque para gente como eu que não dirige é necessário trabalhar uma logística e tanto para chegar nesses sítios, tão melhor eles chegarem até nós...Talvez seja possível ou quem sabe já é o que acontece, se encomendar nessas barraquinhas a feira semanal pessoal ou mesmo coletiva entre amigos e assim o beneficio é geral e talvez se aplique algum desconto maior devido ao volume de compras...Não custa conversar...
Para fechar essas linhas recomendo a edição de dezembro da revista Vida Simples que traz artigos esclarecedores e muito bem escritos e pesquisados sobre o assunto alimentação orgânica, vale à pena comprar. Há citações interessantíssimas do chef René Redzepi da Dinamarca, cujo restaurante foi eleito o melhor do mundo pela influentíssima revista inglesa Restaurant, “não existe conflito entre uma refeição melhor e um mundo melhor” dispara o chef, também do açougueiro italiano Dario Cecchini de uma linhagem de açougueiros de Panzano in Chianti, “ aprendi que é uma ato de respeito com o animal que foi morto aproveitar toda a carne”, assim a gente pode ver que aqueles que comem carne não são necessariamente seres insensíveis, apenas educados como fomos todos quando pequenos a comer carne. Alguns de nós já viraram essa página, outros ainda não, e talvez nem virem e isso não faz de nós vegetarianos melhores e nem mais cheios de razões que carnívoros, isso faz de nós apenas vegetarianos.
Bon appétit toujours!

Carnes orgânicas

Não, não deixei de ser vegetariana e nem estou fazendo apologia a carne, mas na minha própria casa preparo para os filhos e os amigos e prefiro servi-los, já que tenho que, com o que seja o menos pior para a saúde deles.
O que exatamente é carne orgânica? Gado e aves que desde o nascimento são alimentados com rações livres de agrotóxicos, de adubos químicos, antibióticos ou hormônios de crescimento.
Você sabia que a carne de cada dia é aditivada, que zil queixas de saúde, principalmente no que toca a saúde feminina estão diretamente ligadas aos hormônios e outros insumos dados ao gado e aves e, por conseguinte seus derivados; os laticínios, carne e ovos ficam também contaminados? Com exceção das vacinas obrigatórias o resto do universo desses animais é livre de tudo que não seja natural, inclusive os remédios usados, quando necessários, vêm na forma de fitoterapia e homeopatia, além do que esses animais são criados soltos, longe dos confinamentos que normalmente ameaçam, intimidam e neurotizam a maioria dos pobres coitados que ainda por cima serão premiados com o abate.
Aqui no Rio de janeiro eu já tinha visto há alguns anos atrás no supermercado Extra da Barra “carne verde”, mas apenas carne de segunda. Hoje fazendo um reconhecimento do novo Pão de Açúcar que substituiu as Sendas do Leblon vi que tinham também carne de primeira, barata não é, mas com o que cada dia mais se descobre dos efeitos finais e colaterais dos agrotóxicos e mais tudo aquilo que entra na vida dessas carnes na ponta do lápis até que sai barato. Na verdade mesmo, o mais barato e saudável, o melhor custo/ benefício é ir aos poucos retirando as carnes do cardápio, um dia por semana, uma 2ª feira depois de um fim de semana aditivado faz uma diferença enorme!
Essas não são apenas palavras de vegetarianos aficcionados, alguns até bastante sectários, mas de muitos médicos que já não recomendam uso diário de carnes como fonte de saúde pelos altos níveis de gorduras, toxinas e remédios presentes nas carnes animais que terminam por infestar nosso corpo e que depredam lentamente nossa saúde.
Há investimentos que mostram sua cara imediatamente e outros que apresentam resultados ao longo do tempo, tudo depende do perfil do investidor, e, acreditem, com saúde não é diferente, o que foi plantado vai ser exatamente o que será colhido, dito isto que tal hoje tentar uma receita sem carne no almoço?
No blog e no meu livro e da Letícia Braga, Da Colheita Para a Mesa, são muitas as receitas saborosas, umas mais simples, outras mais sofisticadas, todas saborosas, testadas e aprovadas...
Um bom almoço para todos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Deu nos jornais, revistas e televisão

Muito bom ver um movimento, pelo menos de curiosidade, em relação ao universo orgânico, mas as fórmulas ensinadas na TV para “limpar” verduras e legumes são no mínimo estranhas, porque se fossem assim efetivas isso equivaleria a dizer que o agrotóxico com o qual foram borrifados permanece apenas na superfície do alimento, coisa que foi negada pelos técnicos que afirmaram, no entanto, que o método ensinado não elimina totalmente o veneno, faltou talvez dizer que alguns agrotóxicos contêm ingredientes que são cumulativos no organismo, ou seja: não são expelidos pelo corpo e alguns vegetais quando cozidos diferentemente do que acreditamos não eliminam o composto, mas ao contrário o potencializam. Surpreendente também foi escutar que nosso paladar não pode sentir quando um alimento contém agrotóxico,ora, há séculos atrás a cenoura era substituta de açúcar, antes mesmo da beterraba, imagine fazer-se açúcar com gosto de sabão que é o sabor da cenoura não orgânica que comemos atualmente, isso sem falar de alfaces, tomates e pepinos com gosto metálico. Culpa da semente, do solo, do clima, da colheita ter sido feita prematuramente? Pois eu gostaria de ouvir a opinião de pesquisadores no assunto, toxicólogos e não técnicos da ANVISA, com todo respeito. Explico porque: pesquisadores se debruçam exaustivamente sobre o assunto enquanto técnicos têm diferentes prioridades e talvez não sejam particularmente especialistas na área.
O que aprendi desde há muitos anos é que a limpeza ajuda a eliminar o excesso superficial, mas o que ficou no solo, no ar e além da casca não pode ser eliminado, dito isto a gente precisa considerar, por exemplo, o fato de morangos e alfaces não terem casca, e agora José?
Há muitas páginas na internet falando sobre o assunto, é vergonhoso constatar que o Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de agrotóxicos no mundo.
Acho que não deve ser fácil recuperar uma terra infestada e nem começar do zero numa empreitada agrícola, os custos iniciais devem ser altos, mas todo investimento necessita de um pouco de suor e o que aqui está em jogo é a vida do solo, da água e do ar que consumimos, a vida de agricultores, polinizadores naturais e a do consumidor final.
No Rio de Janeiro é possível se aproximar bastante de áreas orgânicas e conhecer como funcionam, receber informações com quem tem experiência de sucesso em seu negócio, é fato que para os pequenos produtores nunca é muito fácil e que estão sempre mais expostos às intempéries, mas muitos trabalham nos diversos níveis de plantio consciente. No Sítio do Moinho é possível programar visitas e ter uma informação mais empírica, mas é preciso marcar a visita para ser guiado: http://www.sitiodomoinho.com/ .
Talvez muitas das mazelas das quais soframos atualmente estejam mais ligadas ao que ingerimos do que possamos imaginar, separei algumas das muitas páginas que visitei na internet para me atualizar, vale dar uma olhada. No mais somos totalmente donos de nossas escolhas mesmo quando achamos que não, bom appétit toujours!

http://www.unicamp.br/fea/ortega/temas530/julianaa.htm
http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=556&Itemid=571
http://www.ecologiamedica.net/2010/05/vale-pena-pagar-mais-por-certos.html

sábado, 10 de dezembro de 2011

A pressa é inimiga da refeição

Eu já sabia disso, mas pressa é pressa e com preguiça de andar mais umas poucas quadras por conta de uma chuvinha enjoada encurtei o caminho, e muitas vezes os atalhos abrigam apenas armadilhas. E foi assim que sem ter tempo para cozinhar hoje apelei para o pior endereço de massas do Leblon: A Pastrella- (Avenida Ataulfo de Paiva, 27 - Leblon Rio de Janeiro – em frente ao edifício dos jornalistas) que sempre foi bem ruim, mas passando dessa vez e olhando pela vitrine percebi uma ligeira reforma e muito mais atendentes o que pelas minhas contas indicava melhor serviço,ledo engano... Tivesse andado mais umas poucas quadras ou pedido por telefone a Cantinella- (Cobal do Leblon R.Gilberto Cardoso, s/n Ljs. 5 e 8 Tels: (21) 2259-1498 / (21) 2511-5436 Tel/Fax: (21) 2274-6990) teria com certeza sido mais feliz...Para começar o pedido colocado na sacola veio errado e tive que esperar aproximadamente duas horas para vê-lo trocado,o endereço é a poucas quadras da minha casa,depois uma diferença de quase R$13 foi cobrada mesmo eu dizendo quanto tinha pago pelo pedido,ou seja: no mínimo deveriam ter se aproximado no peso do total que tinha pago e para completar, minhas suspeitas foram justificadas. Tudo o que foi comprado era para meu filho que não gostou de nada, a mini pizza (mais cara que uma fatia da pizzaria mais badalada do baixo Leblon) tinha como base uma massa do tipo congelada barata, o queijo era absolutamente gorduroso e o gosto indecifrável. Procurei o endereço no facebook, mas eles não estão lá, uma pena. Maus serviços, principalmente os caros, a gente não deve deixar barato ou vamos sempre pagar alto por qualidade ruim. Olho vivo que o novo espaço do Olivier Cozan vem por aí para arrasar,vai ser no Leblon e o projeto dele é o seguinte: água de cortesia, couvert de cortesia , primeiro restaurante do brasil que nao vai cobrar servico , todos funcionarios sao socios ! almoco 34 reais entrada,prato sobremesa no coracao de leblon ! a escqueci primeiro boulangerie , chocolate,biscoito tudo self servico a kilos mais barato que supermercado ! hahahaha aguarde as noticias temos mais.
No mais bom sábdo friozinho e trés bom appétit!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sabe a história do alho e do vampiro? Ta no final do artigo!

Foi uma surpresa descobrir que não somos autônomos na produção de alho, e importamos… da China e da Argentina. Agricultores do sul alegam que o alho argentino vem barato porque é “podre” e assim desvaloriza o nosso que acaba saindo mais caro e como se pode ver nem tudo o que está barato é alimento da estação e muito menos local.
Antes dos medicamentos sofisticados a natureza não funcionava apenas como celeiro alimentar, mas como farmácia e talvez o primeiro uso do alho tenha sido como remédio.
Nós modernos somos tão viciados em química para sobreviver que quando cruzamos o caminho de alguém que usa alimentação como fonte de cura achamos engraçado, mas basta clicar no Google para ver como as propriedades do alho hoje são cientificamente comprovadas, o que é bem divertido de se observar; milhares de anos curando milhares de pessoas não foram suficientes para comprovar sua eficiência.
A trajetória do alho nunca foi fácil, há aproximadamente 6000 viajou da Ásia ao oriente e chegou finalmente a Europa que através das colonizações disseminou seu uso e plantação. Em todas as terras onde se enraizou o alho foi tão fundamental quanto o sal, mas por conta do forte odor foi inicialmente rejeitado pela aristocracia e François-Vincent Raspail (1794–1878) químico, naturalista e fisiologista francês, ele mesmo um aristocrata, o apelidou de cânfora dos pobres e não viveu o suficiente para mudar de idéia a seu respeito. O alho já foi moeda de troca na compra de escravos, no pagamento de impostos, usado como reforço alimentar, base para medicamentos e na conservação e mumificação de corpos, a nenhuma outra planta foi atribuído tamanho poder na proteção contra malignidades aliado as suas qualidades medicinais. Achei o artigo que se segue bastante interessante e esclarecedor no que diz respeito a vampiros e alho...

O pavor do Drácula de Bram Stocker à cruz é facilmente explicado, mas tanto a suscetibilidade fatal à luz solar como a ojeriza ao alho, podem ter sido inspiradas em pessoas reais portadoras de porfiria, uma doença rara do sangue.
O nome porfiria vem do grego porphiros, significando vermelho-arroxeado.
"Na porfiria pigmentos conhecidos como porfirinas acumulam-se na pele, ossos e dentes. Estas podem ser benignas no escuro, mas se transformam em toxinas cáusticas e corrosivas ao tecido cutâneo sob a luz solar. Sem tratamento, chegam a causar desfigurações tais como ouvidos (?) e narizes mutilados, lábios carcomidos e, as gengivas, revelam dentes vermelhos semelhantes a presas. A pele, por sua vez, adquire o aspecto retalhado de cicatrizes com excesso de pigmentação e uma palidez cadavérica, revelando a anemia subjacente". (Nick Lane, 2003).*
A porfiria é doença genética e mesmo que alguns dos sintomas não possam ser aliviados, atualmente o principal tratamento para alguns tipos é a injeção de concentrado de glóbulos vermelhos (hemácias) ou soluções do Grupo Heme. Recomenda-se também aos pacientes o uso continuado de filtros solares.
Na Idade Média, entretanto, essa injeção era impossível, pois não havia sido descoberta. Pode ser então que algum paciente tenha sido orientado ou induzido por algum curandeiro a comer ferro, carne crua ou a beber sangue. Nascia, assim, a lenda – ou o mito – do Vampiro e do Lobisomem.
A natureza genética da porfiria juntamente com o casamento entre membros de uma mesma família em alguns grupos étnicos europeus orientais e entre a nobreza européia em geral, poderia ter desencadeado a doença em pessoas geneticamente ligadas. A lenda da maldição familiar dos lobisomens – ser lobisomem o sexto ou o sétimo filho do casal – pode ter se originado desse fato.
"Quanto à crença folclórica sobre o poder do alho para afugentar vampiros, é porque existe no fígado uma enzima chamada de Citocromo P450. Ocorre que muitas drogas e compostos orgânicos que destroem o Grupo Heme do Citocromo P450 hepático, têm muito em comum com um dos principais componentes do alho, o diaquilsulfito, que é volátil. Isso sugere que a ingestão ou aspiração de alho aumenta a severidade de um ataque de porfiria". (Thiago Varela, 2003).
Informaçoes da página http://www.lunaeamigos.com.br/vampirismo/vampiro03.htm

sábado, 3 de dezembro de 2011

Medias lunas argentinas

Recém chegada e chocada com minha semana em Buenos Aires explico: fui totalmente surpreendida por preços que da noite para o dia subiram vários zeros depois da vírgula e com muitas explicações para tal, e como é típico do povo argentino tomaram logo de assalto as ruas em passeatas e discursos inflamados, recortando as noites em showmícios e fogos, los hermanos jamais deixam barato.
Mas de forma bem egoísta devo dizer que o que mais me impressionou foi o quesito comida já que meu turismo glutão está intimamente ligado a cidade de Buenos Aires. Confesso que tenho certa vergonha em admitir que minhas escapulidas a cidade têm como meta comida e bebida, principalmente medialunas, os croissants argentinos. Sempre ávida pelo café da manhã em Buenos Aires me desperto mais cedo do que de costume na esperança de sorver os últimos vapores adocicados que emanam da bandeja de pães. Mas para meu desapontamento dessa vez me deparei com o triste espetáculo do fim do famoso croissant adocicado em detrimento, quem sabe, de uma maior margem de lucro nas vendas. Provei vários em locais diferentes na tentativa desesperada de encontrar aquele que me trouxesse de volta as canções de Gardel ou os poemas de Jorge Luis Borges, mas em vão, na língua derreteram apenas massa fofa e adocicada e quiçá gordura hidrogenada que com boa vontade me lembrou o pão meio doce recheado com queijo de um bar que de tão pobre era apenas freqüentado por moscas locais até que eu e Sara minha prima causamos espanto adentrando o lugar para uma boquinha nervosa e esfomeada,isso foi em Tracunhaém,conhecem?
Não sou louca por manteiga, mas onde já se viu chamar de croissant um pão que usa como escusa qualquer outro tipo de gordura metida a besta recheada de propaganda enganosa tentando fazer as vezes de gordura saudável? Saudável é gordura do leite de vaca ou de azeitonas ou as gorduras à partir de vegetais, a gordura hidrogenada e a famosa margarina são um veneno dos diabos, diferem do plástico por apenas uma molécula e olha que é capaz de existirem plásticos até mais saborosos!
Também gastamos sola de sapato e uma pequena fortuna num restaurante que de tão escuro parecia carecer de interesse que namorássemos cada prato, ora a gente começa a comer com os olhos e depois com o inevitável, e escuridão na hora de comer só se justifica se o chef for tímido demais para não querer ver seus pratos comentados...
Nos lugares tradicionais vai-se obrigatoriamente para desfrutar de um ambiente que apesar das forças contrárias ainda sobrevive, como no Café Tortoni onde o garçon pode te chamar de mi reina se você dá sorte, o que vale qualquer comida que por força da fome se tenha que enfrentar, lá a comida é tipo lanche, nada a reclamar.
Não teria coragem de sugerir uma manifestação nas ruas pela volta das medias lunas argentinas, não que me falte vontade, então fica aqui impresso meu protesto por mais uma importante instituição de valor inestimavel que cai por terra.
Para não pensarem que é exagero meu vale uma olhadinha nas páginas que se seguem,a segunda para minha felicidade traz a receita ilustrada. Esperando o que? Mãos a obra pra o pão de café da manhã de domingo, sem esquecer do doce de leite pra acompanhar! Trés bom appétit!

http://cafeconmedialunas.blogspot.com/ http://www.panelaterapia.com/2010/10/medialunas-argentinas.html

sábado, 19 de novembro de 2011

Gelatina é composta de resto de animais, adoçantes e...

Esses dias buscando num site kosher por gelatina vegana no Brasil (a maioria das gelatinas kosher são veganas, mas não necessariamente) fiquei sabendo que os componentes da gelatina em folha e da em pó com sabor da marca Oetker são diferentes. Em geral a gelatina é composta de tendões, peles, ossos e gordura de boi, mas na gelatina em folha os componentes são de porco e não de gado. A gelatina industrial, e são inúmeros os produtos que nem imaginamos que a usam para dar consistência final mais firme, não é a coisa mais saudável do mundo como fomos habituados a pensar desde pequenos. Recentemente a gelatina de sabor comum passou a ter um acréscimo de adoçante junto com o açúcar, além claro de levar corantes que permitidos pela a ANVISA não têm igual aceitação em outros países que regulam alimentos.
A quantidade de colágeno encontrada nas gelatinas comercias pelas quais muitas vezes são procuradas não justifica sua fama, assim que, vale à pena dar uma olhada atenta aos rótulos e fazer a conta, os produtos que levam gelatina, quaisquer que sejam não são nem vegetariano e nem veganos, mas existe no mercado substituto para a gelatina e o mais popular é deles é o Agar Agar que leva em torno de uma hora para gelificar e não necessita de refrigeração. Como a maioria de nós não está habituada ao seu uso as primeiras tentativas podem ser frustrantes, nada que não possa ser consertado, reaquecer para liquefazer o Agar não estraga a receita e assim vai se chegando a quantidade necessária para se preparar sobremesas, recheios e pratos salgados sem grandes problemas.
As vantagens do Agar sobre a gelatina? Em primeiro lugar não é composta de “restos de animais” e é totalmente vegetariana. Extraída de algas marinhas que, por assimilarem grande quantidade de minerais na água do mar, são ricas em fósforo, iodo e sais minerais além de possibilitar a gelificação nas misturas de sucos ácidos, às vezes impossíveis de atingir ponto com gelatinas comuns e que com uma pequena dose extra de Agar fazem um sucesso!
Uma colher de sopa de Agar em flocos é equivalente a uma colher de chá de Agar em pó, para cada 2 xícaras de líquido usa-se essa medida que pode ser um pouco aumentada ou diminuída dependendo do resultado desejado. Algumas frutas contêm enzimas que impossibilitam o Agar de gelificar e precisam ser previamente cozidas, entre elas as mangas, mamões e abacaxis que a partir do cozimento podem virar suco e com adição de uma quantidade pequena de açúcar ou sal quebrar essas enzimas e dar o ponto final, experimente!

sábado, 12 de novembro de 2011

Escondidinho de ratatouille

Existe um ditado árabe que diz que se uma moça não conhece pelo menos 100 receitas de berinjela ela não serve para casar. A verdade é que a berinjela é de uma versatilidade impressionante e capaz de servir a mais de 100 receitas diferentes com a maior facilidade. No meu próximo livro eu dou uma ajudinha, um pouco menos de 100 receitas porque acho que cada um deve imprimir suas digitais em suas receitas, comida é memória das culturas e identidades com as quais temos afinidade, lembranças de família ou de um gosto que ficou parado na memória e é capaz de nos fazer voltar no tempo com apenas um breve perfume experimentado e aqui nesse prato perfume é o que não falta!
Numa viagem a São Paulo em que fiquei alguns dias, experimentei em diferentes restaurantes varias versões de ratatouille, que adoro, e fiquei fascinada com a criatividade e diversidade, cada qual evocando sua cultura na confecção do mesmo prato. Difícil escolher o mais saboroso, mas o visual mais bonito foi do Dalva e Dito de Alex Atala...
A receita é provençal nos moldes como a conhecemos, mas deve ter um dedinho mouro e um óreganozinho italiano já que berinjela, tomates e ervas aromáticas crescem bem nessa região e foram sempre de plantio familiar. O ratatouille é um ragú de legumes que basicamente leva esses ingredientes aos quais muitas vezes são acrescentadas abobrinhas, algum tipo de pimenta inteira e outros temperos diversos de origem mediterrânea, a forma de corte e apresentação também variam dependendo da área de origem, quando bem feito é lindo de se ver e cheira a distância, não custa lembrar que usando orgânicos e laticínios de qualidade o sabor vai falar por si só, então vamos lá!

Purê de batata baroa (mandioquinha)

Ingredientes:

1 kg de baroa
1 punhado de salsa/cebolinha cortadinha
1cl de sobremesa de sal
250 ml de leite
1 cl de sopa de manteiga
20 gr de parmesão ralado

Preparo:

Faça um purê que não fique mole e junte o parmesão, reserve.

Ratatouille

Ingredientes:

1 berinjela média
1 cebola pequena bem picada
4 dentes de alho grandes bem picados
10 a 20 tomatinhos (pode ser metade amarelo, metade vermelho)
1 punhado de shitake picado
sal
azeite
alecrim
3 cls de sopa de vinho tinto(opcional)

Preparo:

Corte a berinjela em pequenos cubos e coloque de molho em água e sal até que a água escureça, descarte a água. Refogue cebola e alho e junte a berinjela, o tomatinho, o shitake e o alecrim, deixe cozinhar por 20 minutos em fogo baixo, acrescente o vinho e deixe apurar por 5 minutos em panela tampada. Abra a panela para que o ratatouille esfrie para montar o escondidinho.


Farofa para gratinar:

2 castanhas brasileiras(do Pará) raladas
½ torrada integral ralada
20 gr de parmesão

Montagem:

Pode ser montado em um ramekin ou em aro de alumínio que seja próprio para forno. Comece com o purê e recheie com o ratatouille, cubra com uma nova camada de purê e salpique por cima a farofa, leve ao forno, modo grill, para gratinar.
Sirva com salada verde. Bom appétit!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Plantando orgânico em vaso para consumo pessoal

Quando faço palestras ou dou aulas respeito a opção alimentar de cada um e apenas quando perguntada discorro sobre o assunto carne. Claro que privilegio sempre os produtos vegetarianos/orgânicos por ser uma chef cordon vert convicta e por acreditar que devemos dar uma chance ao novo, nem que seja para dizer que não gostamos. Pessoalmente sei que carnes não fazem bem a ninguém, mas acho que cabe a cada um entender que elas não fazem falta numa dieta equilibrada. Pesquiso muito há muitos anos sobre o efeito da alimentação no corpo humano e usando a mim mesma como cobaia percebo como a inclusão de orgânicos mudou radicalmente meu estado geral, tudo o que posso consumir de orgânicos troco sem pensar duas vezes.
Os orgânicos vêm barateando não apenas porque o consumo vem aumentando, mas porque passado o primeiro estágio de se preparar e implementar canteiros de cultura orgânica o custo diminui e o preço do produto cai. Medir o custo/beneficio obtido por uma alimentação sem agrotóxico talvez seja uma conta que muitos ainda não tenhamos posto na ponta do lápis, a verdade é que existem venenos que permanecem em nossa corrente sanguínea e vão se instalando em pequenos depósitos sem serem expelidos, alguns suspeitos inclusive, de serem causadores/coadjuvantes de mal de Alzeheimer e doença de Parkinson. Um teste simples para medir a toxidade de um alimento é comprar um orgânico e um não e deixar os dois expostos para ver qual não vai atrair insetos, e se insetos não querem um alimento é porque ele não está bom, a natureza tem uma sabedoria sutil que discerne o venenoso e o saudável, acho que deve ser um caso raro um animal que em seu habitat próprio se envenene com o que coma, já entre nós isso é caso comum e diário, afinal nosso corpo traduz em seus contornos internos e externos aquilo que comemos.
Bom, tudo isso foi para dizer que parece trabalhoso, mas não é, plantar em vasos uma pequena horta doméstica orgânica, e se o espaço é pequeno as sapateiras de pendurar de plástico fazem um bom serviço desde que tenham orifícios para escoar água, é só pendurar em lugar que bata sol ou pelo menos alguma luz.
Evitar comprar tomates, pimentões e morangos entre os muitos outros vegetais que contêm agrotóxico pesados pode afastar umas quantas mazelas que se não são sentidas imediatamente vão mais tarde cobrar seu preço. Para plantar os dois primeiros basta retirar as sementes, lavar e deixar secar em papel toalha e depois usar vaso ou cantoneira. Existem alguns lugares que vendem terra orgânica para hortas, alguns hortos também vendem terra limpa e assim você tem em abundância alguns orgânicos ao alcance de sua mão. Minha horta pequenina vem dando frutos e já tenho tomates quase despontando, cúrcuma e hortelã perfumadíssimas e agora cebolinhas, vão crescendo aos poucos e vou lançando mão deles na minha culinária diária.
Aqui segue um dos muitos endereços encontráveis na internet para começar um horta orgânica, evitem apenas o papel alumínio em sua cozinha prefiram o papel manteiga para evitar o contato da comida com alumínio, e coragem! Fazer uma horta é super fácil!


http://www.youtube.com/watch?v=TATbyhqkVAA

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Comidinha rápida para fim de noite frio

Terminando o dia cansativo com uma comidinha rápida e super saborosa acompanhada de vinho bordeaux Chateau de Garguille

Sopa cremosa de legumes japoneses orgânicos para yaksoba

Ingredientes:
1 prato de legumes japoneses para yaksoba (vendido pronto)
4 dentes grandes de alho
½ cebola
3 cls de sopa de azeite
2 copos de água
sal
40 ml de leite de baixa lactose

Preparo:
Pique bem o alho e a cebola e refogue com os legumes, acrescente a água e o sal, tampe a panela e cozinhe em fogo brando por 15/20 minutos, processe tudo com o leite e sirva quente.

Talharim grano duro com funghi shitake e azeite de trufas brancas

Ingredientes:
½ pacote de talharim grano duro
50 gr de funghi shitake desidratado
lascas de grana padano
azeite de trufas brancas
1 maço pequeno de brócolis cozido no vapor

Preparo:
Coloque o shitake na água do talharim e cozinhe a massa de acordo com as instruções. Depois de pronto regue com um fio de azeite, acrescente o brócolis e guarneça com o grana padano.

E para terminar uma infusão feita com 3 ou 4 fatias bem finas de pêra descascada acompanhada de uma metade de um talo de canela.
Trés bom appétit!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Doce que não engorda

Carboidratos, fibras, vitaminas e minerais ficam mais concentrados nas frutas secas e a mistura delas reidratadas, com 1 ou 2 pauzinhos de canela, 1 cravo,1 pitadinha de sal ou 1 pacotinho de açúcar orgânico já produzem uma sobremesa docinha que pode morar na geladeira por um longo tempo saciando aquela fome de doce que ataca de vez em quando e deixa resultados amargos e dobras sem fim no corpo da gente.
Pode-se usar apenas uma ou a mistura de várias frutas secas e também frescas e acrescentar ao aferventar 1 ou 2 colheres de sopa de vinho do porto ou 1 de vinho branco de colheita tardia e para acompanhar um sorvete de creme talvez ao conhaque ou então rechear massa folheada ou massa filo ou tartelettes simplesmente. Vão bem nas saladas de frutas ou acompanhando pratos salgados, ficam deliciosas misturadas a queijo cremoso de cabra e produzem uma farofa poderosa! Ficam lindas se bem arrumadas dentro de gelatinas semi-transparentes ou usadas em receitas de crumble, quentinhas.
Secas como a gente compra muitas vezes causam gases, mas levemente cozidas são de fácil digestão. São as precursoras das barrinhas atuais com a possível vantagem de serem mais alimentícias e naturais, sem os tantos aditivos que ocupam quase um rótulo inteiro. A forma de compota foi a maneira que nossos ancestrais, predominantemente nos climas frios, encontraram de conservar o excedente da colheita de frutas e ter alimento saudável ao longo do ano.O açúcar não era um produto barato como hoje, e como a maioria dos alimentos/condimentos inacessíveis trazidos de além mar era vendido a preço de ouro pelos descobridores europeus; primeiro foi usado como remédio freqüentando as casas reais apenas e depois a preços menores como adoçante regular. No caso do açúcar de cana brasileira terminou saindo mais barato levar da colônia que usava mão de obra escrava para moagem e refino do que fazer uso do açúcar de beterraba produzido na Europa de custo altíssimo para a extração e com potencial adoçante bastante inferior. Assim, na falta de açúcar propriamente dito as manhas para a produção de compotas eram segredos passados de mãe para filha que conheciam as propriedades adoçantes de algumas frutas e legumes e a técnica, hoje tão banal, para que a compota não embolorasse, azedasse ou apodrecesse guardada por mais de uma temporada em dispensa fechada. Somos aquilo que ingerimos, sem qualquer sombra de dúvidas e instintivamente sabemos o que é mais saudável e melhor para nós o que não significa abrir mão do sabor senão às vezes moderar um pouco o excesso, e se açúcar é preciso eu recomendo o Native orgânico, dá uma olhadinha no site http://www.nativealimentos.com.br/, bom fim de semana!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

As estrelas do Michelin

O dia começou com uma neblina grossa e surpreendente para a época do ano, o fog tomou conta da cidade, mas algumas horas depois o sol abriu e soprou uma brisa apenas fresca. De repente depois do primeiro frio da manhã uma emergência em despir toda a lã sobreposta e desnecessária e aproveitar o outono quase quente com uma floração primaveril tardia. Kings Road é a meta e o The Botanist o restaurante. Já escrevi no blog sobre ele, sacrilegamente nos últimos tempos foi guardado numa segunda gaveta e substituído pela vã função de novas aventuras gastronômicas em Londres.
A distância às vezes faz coisas que o paladar agradece, e assim depois das últimas frustrações o retorno foi necessário e pródigo confirmando que adentrávamos um restaurante de verdade, desses onde da água ao café nenhuma vírgula pode ser acrescentada, tudo no lugar certo, na hora certa, de paladar correto e apurado e visual irretocável.
Se tem estrelas do Michelin eu não sei, e prefiro nem perguntar porque os dois últimos estrelados onde comi custaram muito dinheiro e não me disseram absolutamente nada, fiquei envergonhada de comentar afinal entre minha opinião e as estrelas Michelin...
Eu vegetariana me fartei num creme quase espuma de aipo trufado regado com um fio de azeite de trufas e em seguida comi uma salada quente de girolles com mini cenouras, parsnips (que são parentes da cenoura embora brancos) laminados e fritos em pouquíssimo óleo, rabanetes cozidos no vapor em tempero muito suave e castanhas levemente açucaradas. De sobremesa uma esponja de figos com levíssimo creme caramelo e tudo regado a Chardonnay do sul da França estupidamente gelado. Degustação feita em companhia de minha amiga Daniela, muito elegante, que gemia enquanto comia um risoto de frutos do mar al dente acompanhado de lulas crocantes em parmesão que não provei, mas pude ver o bonito conjunto e sentir o aroma do prato, além, é claro, de escutar seus ais durante todo o almoço! De sobremesa ela pediu um petit gateau recheado de frutas vermelhas acompanhado de sorvete artesanal de morangos envolto em finíssimo biscotti. A conta foi bastante razoável, o serviço impecável e o expresso bem quente, o que atualmente é raro, já que muitas máquinas mais modernas se recusam a “queimar” o pó do café com água excessivamente quente. Saindo de lá uma passada imprescindível pelo mercado gourmet do Harvey Nichols, vontade de levar todas as novidades não faltou, mas me bastou um vidrinho de azeite de trufas brancas que estão na estação e levantam o moral até mesmo de um simples miojo quentinho.
Bom depois de um mês batendo perna à porta de mesas estreladas Michelin que me perdoe, mas vou ser bastante mais parcimoniosa na hora de contar estrelas, dito isso eu e Daniela já temos almoço agendado em Niterói no restaurante do museu, comi uma vez lá logo depois que abriu e gostei muito de tudo o que vi e comi.
Dou notícias durante a semana e alguma receita legal! Bon appetit!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Palestra do dia 19/10

“Criado o primeiro homem, levou-o Deus a passear entre as arvores e lhe disse: observa as obras que criei, vê como são belas! Procura não pecar e não destruir o mundo que fiz. Pois se vieres a estragar algo, não haverá quem conserte. (Talmude)


Não apenas belas e nem apenas alimentícias, o que brota da terra não é apenas matéria para nos alimentar, mas também farmácia para nos curar. A natureza é sabia e produz em cada estação aquilo que nosso corpo precisa para se manter saudável. No inverno os alimentos são mais escuros, saem debaixo da terra, as raízes trazem do solo calor para nos aquecer e as hortaliças como a salsa, coentro, couve manteiga, repolho são ricos em vitamina C e sais minerais para nos proteger de gripes assim como a laranja, tangerina, morango, uvas e bananas que são abundantes no inverno. No Brasil quase tudo cresce em quase todas as estações, como por exemplo, as bananas, laranjas e tangerinas também as batatas, cenouras, abóboras entre outros. No frio é a vez dos alimentos com menos água, as frutas e legumes com muita água e cor brotam no calor pra matar a nossa sede e amenizar a temperatura do corpo e ajustar o termostato. Na hora de comprar, compre o que está barato, porque se tem muito está na safra e se está na safra menos veneno é usado.
O veneno usado para matar bicho de lavoura vai ficando na gente e o alimento que era para fazer parte da farmácia natural, embora ainda funcione como tal, tem um “efeito colateral” acrescentado, o veneno, então o bom é procurar comprar de quem planta pouco, porque remédio de lavoura é caro e quem vende menos não pode se dar a esse luxo. É bom também fazer compra no fim da feira porque com o tempo que fica no tabuleiro ao sabor do sol, o legume, a fruta e a verdura dão uma espreguiçada da viagem. Tudo que vem de mais longe de onde a gente mora é colhido antes da hora, antes de estar completamente maduro e aí não desenvolve o potencial necessário, ao invés de farmácia inteira fica só meia farmácia, mas ainda tá valendo!
Nós como civilização, estamos divididos em antes e depois da descoberta do fogo. Descobrir o fogo significou não apenas se aquecer durante as estações frias ou iluminar caminhos à noite ou manter animais afastados do sono dos homens, significou cozinhar! E cozinhar mudou a vida dos homens que se até ali eram nômades, deixaram de apenas acampar para fincar raízes, plantar e criar animais e produzir os primeiros utensílios de cama e mesa, e assim desde essa época, cozinheiros e artesãos foram sempre muito valorizados. E vai daí que pequenos povoados foram aparecendo e com eles novos alimentos também.
A coalhada, por exemplo, foi descoberta por acaso. O leite ordenhado e levado no lombo dos camelos em potes de barro para ser bebido durante as viagens talhava debaixo de tanto calor e de tanta estrada e era tomado assim, coalhado, e com o passar do tempo e algumas pesquisas foi descoberto que era um alimento excelente e barato. Do leite foram aparecendo os derivados: manteiga, queijo e iogurte. Já a margarina, não tem uma gota de leite nela e nem somra de parentesco com ele e pior,é comparada ao plástico, a fórmula é bem parecida, a diferença entre os dois é de apenas uma molécula. Se você deixar a margarina fora da geladeira durante semanas ela nem apodrece, nem atrai bichos e nem cheira mal. A margarina foi criada na França, num concurso durante um período em que leite era racionado e obrigatoriamente tinha a cor branca para ser diferenciada da manteiga, além de ter preço muito mais barato, mas não faz bem a saúde, na verdade ela é a tal da gordura hidrogenada, a que faz mal, a gordura saturada. Manteiga é um alimento bom, mas precisa ser consumido com moderação, não se escuta dizer que o povo francês morre muito de doenças relacionadas com gordura e eles são seguramente os maiores produtores e consumidores de laticínios do mundo. Pronto, de volta a farmácia! Comida e remédio precisam de moderação, então a gente não exagera nem no sal e nem no açúcar, evita comida em conserva, conserva vem de conservante que além de sal e açúcar e gordura em excesso pode significar ainda corantes e outros aditivos que não fazem muito bem a saúde. Sal em excesso impede a urina de fluir e fica no sangue, fazendo pequenos depósitos aqui e ali, numa poupança que não é muito boa porque vai impedindo o sangue de andar livre pelo corpo, o açúcar e as gorduras em excesso também não dão passagem. Pode-se comer de quase tudo um pouco, e é um bom hábito aprender a ler os rótulos. Não entendeu alguma coisa? Procure informação, ajuda de quem sabe, a gente evita muita doença quando conhece aquilo que come. É bom também botar na ponta do lápis o que se gasta com alimento, se por acaso usamos alimentos empacotados ou enlatados a conta aqui é diferente, o excesso de gorduras e conservantes vai significar dias, semanas, meses e até anos roubados da nossa vida e para isso é preciso acertar a contabilidade rapidamente antes que fique muito caro. A gente vive com pressa, vive cansado e infelizmente se alimentar mal agrega menos saúde e mais mal estar e mais cansaço que vira mais mal estar e mais cansaço, até que tudo junto vira doença, somos definitivamente aquilo que comemos! Nossa saúde e nossa doença dependem mais dos alimentos que escolhemos do que imaginamos, vivemos cada dia mais para comer do que comemos para viver e assim adoecemos matando a fome com biscoitos recheados e salgados empacotados, sempre com pressa, comendo distraidamente e sem nos darmos conta de quão pouco cuidado dedicamos aos únicos bens verdadeiros que temos: vida e saúde. Muitos de nós gastamos horas cuidando da aparência sem dedicar tempo necessário para a escolha e preparo adequado dos alimentos, mas o que aparentamos por fora tem tudo a ver com o que colocamos para dentro. Vale à pena investir em panelas que peçam menos gordura na hora do preparo, vale à pena servir um prato com alimentos de muitas cores, legumes e verduras de preferência pouco cozidos sobre banho-maria, salpicados com pouco sal e ervas frescas picadas. Fazer uma hortinha em casa ocupa pouco espaço e garante uma alimentação mais saborosa e saudável, eu já vi hortas suspensas feitas em porta- sapatos plásticos com furinhos embaixo, pendurados em lugar que tenha sol e não requer talento especial e nem dá muito trabalho, sol e água dão conta do recado. Tomates, por exemplo, que levam veneno pesado, podem ser plantados em vaso sendo os mais práticos os pequenos: retira-se as sementes para serem secas, primeiro com papel toalha e depois arejando em local fresco e claro, aí é só plantar em vaso, o resultado é uma planta ornamental bonitinha e tomates bem doces e livres de agrotóxicos.
Vivemos no século da pressa e a pressa é inimiga da refeição. Se Deus aparecesse hoje no supermercado com certeza a maçã não seria a vítima da proibição desse século, mas os salgadinhos, os enlatados, refrigerantes e doces industrializados.
O que faz um alimento ficar conservado é açúcar, gordura e sal que se usados em excesso vão minando gradativamente a saúde. Leia o rótulo dos alimentos como quem lê a bula de um remédio, porque no fim é isso o que os alimentos são, instrumentos de cura e bem estar e dito isso, não significa que tenham que ser feios ou sem graça, o que precisam é de nosso interesse para serem saudáveis e saborosos. Beber bastante água, água pura sem mistura, limpa aquele alimento que talvez não seja tão bom para o nosso organismo.
Acrescentar frutas cítricas na dieta diária ajuda a limpar nossos canais, não é fato que usamos o limão para retirar gorduras e para limpar o cobre, a prata e o bronze? Então beber limonada que é boa e barata é bom para o nosso corpo, limpa as gorduras, aumenta a resistência e ainda ajuda a afastar muco e gripe que muitas vezes são obra de intolerância alimentar ou resultado de excessos que derrubam a imunidade.
Educação alimentar é sempre melhor que remédio, procurar informação sobre o que se come e atualizar o que diziam nossas mães e avós não se perde no tempo.
A modernidade trouxe muitos benefícios,mas como toda mudança,efeitos colaterais que apenas o tempo irá, tomara, ajustar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Batata foi elevada a categoria de alimento super nutritivo

Eu por exemplo não me surpreendo e fico super à vontade com o fato de sempre ter sido defensora e consumidora de batatas, e não entendo porque depois de milênios freqüentando nossas mesas só agora estudos reconheçam seu valor. De origem peruana, dos altos Andes onde qualquer esforço a mais significa um excesso verdadeiro, manteve essas populações bem alimentadas e protegidas de forma acessível.
Rica em vitamina C, a batata é o vegetal mais rico em potássio do planeta, para que serve potássio? Principalmente para manter o coração funcionando bem e manter o corpo hidratado, quer mais do que isso? Tem mais, é só pesquisar.
O que engorda na batata? Tudo que não é batata, fritura, molhos, gorduras,queijos e os diversos aditivos para sabor e conservação adicionados quando são industrializadas.
Um pacote de batatas fritas comprado no supermercado tem “embutido” aproximadamente 70 ml de gorduras em seu preparo, imagine o esforço e tempo despendidos numa engrenagem que tem que funcionar com excesso de graxa, pois assim se sente nosso organismo cada vez que uma carga de gordura excessiva é ingerida. Mas a batata mesmo, pobre, pobre em gorduras,o que não quer dizer que possa ser ingerida em excesso, aliás nada em excesso é bom sabemos todos por experiência própria, mas porque insistimos? Força do hábito de ingerir indiscriminadamente aquilo que parece ser mais fácil e dá menos trabalho, porém esse trabalho dá frutos a médio e longo prazo,assim como as “comidas fáceis” também! Não é possível manter uma dieta baseada em excesso de sal, açúcar, farinhas e gordura animal sem pagar um preço alto por isso, mas isso todos nós sabemos não é mesmo, mas colocamos em prática? Talvez porque diferentemente de nossos ancestrais que conheciam o poder medicinal dos alimentos, nós acreditamos em remédios que aparentemente curam mais rapidamente e que mesmo tomados conforme prescrição nem sempre curam e às vezes deixam rastros de efeitos colaterais além do que precisam a priori “ter “uma doença para curar, sejamos mais rápidos, evitemos...
Eu acredito firmemente que quem cozinha precisa entender de alimentos, conhecer as combinações e misturas, a durabilidade e a utilização sazonal para manter a saúde de quem come, de quem produz e do solo produtor, a interação quebrada é a falta de saúde generalizada que presenciamos hoje, então viva a batata!
Durante a segunda guerra na Inglaterra o racionamento de comida foi bem apertado e um amigo meu, David Howard, foi praticamente alimentado com batatas, e claro que só batata é muito pouco e a desnutrição deixou marcas nele mais tarde, uma das receitas que me ensinou foi essa:

Cascas de batatas assadas com iogurte temperado
(para essa receita o ideal é usar as orgânicas porque os defensivos agrícolas se instalam nas cascas)

Ingredientes para assar as batatas:

cascas de batatas bem lavadas
papel manteiga
pouco azeite
sal
orégano para temperar

Preparo:

Seque bem as casacas, forre uma forma com papel manteiga, pincele com azeite e disponha as cascas e tempere com sal e orégano, forno quente por 15/20 minutos.


Ingredientes para o iogurte temperado:

1 copo de iogurte natural
um punhado generoso de cebolinha e salsa
sal a gosto

Preparo:

misture tudo e utilize

sábado, 24 de setembro de 2011

Almoço no Dinner de heston Blumenthal

Há privilégios que devem ser obrigatoriamente reconhecidos e estar em Londres ainda mais com improváveis 24º a essa época do ano merece reconhecimento profundo.
Andar num dia quente e ensolarado assim por Notting Hill Gate e flanar pelo mercado de antiguidades na Portobello Rd. preçando aqui e ali alguma prataria ou louça antiga é um passeio muito especial, mesmo para quem volta e meia pode se dar ao luxo. Digamos que flanar não foi bem o que fiz já que não deixei de controlar o relógio a cada tanto e quase me atraso para o almoço, na verdade o compromisso para o qual eu estava ansiosa de verdade desde cedo. Almoço no Mandarin Hotel, no Dinner de Heston Blumenthal. O Mandarin tem mais estrelas que o céu sobre ele e o Dinner, que reabriu há uns dois dias é cria de Blumenthal e de seu chef executivo Ashley Palmer-Watts, tem como carro chefe a releitura de pratos da antiga gastronomia inglesa.
Muitos drinques numa carta farta, vinho branco Bordeaux estupidamente gelado e excelente e cardápio enxuto com o que a culinária britânica sempre considerou la créme de sua gastronomia, caça! Por isso mesmo quando há um mês fiz a reserva frisei minha preferência vegetariana e para minha surpresa o cardápio está preparado para esse tipo de mudança. Na cozinha pude ver através do vidro pelo menos 5 pessoas cozinhando, assim que o Salamungundy uma salada originalmente feita com coração defumado de vitelo, beterraba e rabanete no vapor, teve o coração de vitelo substituído pelo da alcachofra e o prato principal não precisou de retoques, foi aipo grelhado com pickles de nozes, maçã e cebolas. De sobremesa chocolat bar com sorvete de gengibre que unindo sabores tão fortes imaginei que fosse uma sobremesa pujante e cheia de personalidade, mas gostei muito do biscoito de alcarávia que acompanhou o café.
Enfim o dia foi longo e farto de surpresas e apesar da hora tardia ainda há uma pequenina luz no horizonte, mas o corpo pede cama, assim que uma boa noite a todos e bom fim de semana.

sábado, 10 de setembro de 2011

Abóboras e história

Estão super na época, enchendo as gôndolas do supermercado e tabuleiros das feiras livres. As baianas super doces e macias convidam a muitos pratos e aqui vão servir para uma torta leve misturada com queijo de cabra orgânico e que pode ser pré-preparada antes da praia e levada ao forno novamente na hora do almoço, com ela pode ser servido sete cereais ou arroz negro guarnecido com cebolinhas picadas como comi na casa da Letícia e estava delicioso. O arroz negro era servido apenas ao imperador e sua família desde a dinastia Sān Huáng Wǔ Dì, há aproximadamente 4000 anos atrás. Servido atrás dos muros da Cidade Proibida, foi assim batizado quando após a queda das últimas dinastias, as Míng e Qīng foram derrubadas e com elas todo o luxo que a realeza chinesa ostentava foi rotulado de supérfluo e decadente, inclusive a bagagem cultural voltada para as artes e cultivada desde o período das rotas da seda e do chá. Alguns historiadores afirmam que o arroz ficou perdido por séculos, outros que foi levado a Europa pelos espanhóis e depois esquecido pelo preço alto que ostentava e pelo estranhamento que causava a uma sociedade que recém se encantava com os refinados. Aqui no Brasil reza a lenda que um agrônomo/pesquisador brasileiro foi o responsável por sua redescoberta e batismo. Realidade à parte, a verdade é que atualmente o arroz é exportado pelo Brasil e vem sendo cultivado desde 1994 em solo brasileiro e o melhor é que pode ser encontrado na forma orgânica! Ao tratarmos de história vamos esbarrar em pontos de vista daqueles que pesquisam, das circunstâncias e materiais disponíveis no momento e principalmente de informações que resistem ao tempo e as traduções possíveis. No site que se segue informações bacanas de utilização e preparo do arroz proibido.Bon appétit!
http://www.chacaradeorganicos.com.br/tag/arroz-negro/

Torta de abóbora

Ingredientes:

1 media de massa da quiche básica (pag 44 do livro Da colheita para a mesa) acrescida de 2 cls de sopa de mistura de gergelim branco e preto
2 xcs de abóbora cozida no vapor
1 xc de queijo cremoso de cabra (Capril Deville)
2 ovos
galhos secos de orégano ou alecrim

Preparo:

Forno pré-aquecido e quente. Processe o queijo e os ovos e incorpore a abobora, prepare na própria forma desmontável a massa crua e deite aí o recheio cubra com muito orégano ou alecrim, abaixe um pouco a temperatura e leve para assar em forno médio por 20 minutos. Reaqueça na hora de usar ainda dentro da forma. Sirva com salada verde bem temperada e arroz. De sobremesa na página 148 do livro um granizado que pode ser de frutas vermelhas acrescido de iogurte espesso e adoçado com mel de trufas brancas.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Boi voador…

A noite veio chegando coroada por uma lua quase cheia e por “Un Cuento Chino”, filme argentino recém em cartaz que começa com um boi caindo do céu na China e terminando de vez com uma história fadada a ser feliz para sempre, e como não existem coincidências o desenrolar dessa história termina em Buenos Aires.
Onde barreira lingüística não chega a ser problema levantam-se barreiras humanas que levam tempo e resistência antes de dissolverem, nunca totalmente porque todos temos limites e fronteiras intransponíveis, e mais vale observar com olhos mudos e ouvidos atentos do que cruzar muros não autorizados. Relações humanas podem e devem ser travadas com delicadeza, o que às vezes requer apenas silêncio, ouvidos e abstração, sair um pouco da zona de conforto pessoal e calçar o sapato do outro sem estardalhaço, existe em alguns de nós a mania estranha de achar que qualquer não é compulsoriamente um sim travestido.
Na tela comia-se pouco e de forma estranha, assim que uma passada rápida no mercado depois do filme, terminou com um pratinho de 250 gr de legumes para yaksoba da Korin (orgânico), miojo, queijo minas da fazenda Vale das Palmeiras (orgânico), vinho Sauvignon Blanc reserva 2010 da Casa Silva, óleo de gergelim tostado e amendoim torradinho em metades, et voilá, um jantar levinho antes de se recolher!

yaksoba de miojo com cubinhos de queijo minas

Ingrediente por pessoa:

1 ½ pacote de miojo(descarte o tempero que vem junto)
130 gr de legumes para yaksoba
2 cls de chá de óleo de gergelim tostado
1 punhado de amendoim tostado
1/3 de xc de queijo de minas em cubinhos

Preparo:

Aqueça o óleo de gergelim num wok ou frigideira funda e com pinça culinária saltei os legumes por 5 minutos, salgue a gosto, disponha o amendoim, acrescente o queijo e desligue o fogo, tampe até que o miojo esteja pronto. Misture cuidadosamente e sirva quente. Se quiser acrescente um shoyu misturado com açúcar mascavo e suco de gengibre.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Metade do planeta morre de fome e a outra metade morre do que come

Pouco se fala, e por razões óbvias, do tratamento que recebem os alimentos que chegam até nossa mesa. Ouvimos aqui e ali sobre hormônios dados a animais para crescimento rápido, confinamento de outros para reprodução relâmpago, uso de defensivos agrícolas, um eufemismo para agrotóxico, usado nas lavouras, mas quanto será que isso interfere em nossas vidas realmente? A resposta é: muitíssimo! Diariamente são reproduzidos artigos sobre pesquisas alimentares em diversos sites e em publicações especializadas. É fato que muitos de nós preferimos ignorar pelos mais diversos motivos ao que nos expomos e também ao resto do mundo, sem nenhum exagero, quando ignoramos de que forma é feita a produção de alimentos, principalmente no Brasil. Porque no Brasil especificamente? Porque felizmente para produtores e infelizmente para consumidores somos hoje considerados o maior produtor e distribuidor de agrotóxicos no mundo! A retórica dos produtores é que a demanda por alimentos numa população mundial crescente a cada dia obriga um tratamento agrícola drástico, mas que lógica é essa que alimenta para não matar e mata por contaminar? Alguma coisa nessa conta simplesmente não bate! De acordo com o suplemento Razão Social do jornal Globo de 6 de setembro, “Desde 2008, a Anvisa apontou o nome de 14 sustâncias presentes em agrotóxicos potencialmente nocivas à saúde para serem retiradas do mercado. Seis processos já foram concluídos, mas, desses, quatro ainda estão em definição na justiça, devido a liminares conseguidas pelas produtoras dos insumos.” alguns desses componentes já são proibidos há anos na União Européia, EUA e China e muitos dos produtos que exportamos têm que modificar seus processos agrícolas ou não são aceitos em nenhum país dessas comunidades, outros não são aceitos de forma alguma, então porque são vendidos indiscriminadamente por aqui afetando nossa mesa, saúde e nossa terra?
Dentre os vegetais mais afetados por agrotóxico estão; pepino, batata, morango, abacaxi, tomate e pimentão. Uns vêm carregados de venenos já proibidos e em altas doses e outros com concentração muito acima do permitido. A dica é: orgânicos quando possível e consumo de alimentos que estejam na safra e em sua região de moradia, na safra o uso de defensivos é menor. No caso dos tomates todo cuidado é pouco porque embora o licopeno seja um poderoso anticancerígeno os defensivos usados nos tomates, de acordo com pesquisas, são suspeitos exatamente de causar câncer entre outras doenças, e a ingestão continuada apenas aumenta os níveis de concentração de veneno em nosso organismo. Aqui algumas declarações que nos ajudam a entender um pouco o quanto prevenção é importante.
“Os perigosos fungicidas - Maneb, Zineb e Dithane -, embora proibidos em vários países, são muito usados, no Brasil, em culturas de tomate e pimentão. Os dois primeiros podem provocar doença de Parkinson. O Dithane pode causar câncer, mutação e malformações no feto.”( http://www.sindipetro.org.br/extra/cartilha-cut/11agrotoxicos.htm).
“O cirurgião Armando Portocarreiro, responsável pelo serviço nutricional do Hospital Samaritano, explica que os agrotóxicos estão associados a certos tipos de câncer no sangue, como a leucemia, e que em países como a França e a Suíça já existe lei determinando que os produtos com agrotóxicos tenham identificação especial.” (http://saudealternativa.org/category/agrotoxicos/), ou seja consumo por opção e não por falta de informação. Aqui acrescento também uma explicação breve para esclarecer uma confusão comum entre consumidores, a de que orgânico e hidropônico são primos irmãos, nem de longe! “O produto hidropônico é produzido em água com grande concentração de nutrientes químicos. As folhas absorvem toda a química, principalmente o nitrato, substância altamente cancerígena.”
( http://www.agrisustentavel.com/san/segselo.htm)
A diferença dos hidropônicos para as plantações comuns é a pouca ocupação do solo que se por um lado otimiza espaço por outro distancia o plantio de nutrientes necessários, mas não deixa igualmente de fazer uso de remédios e toxinas como as plantações comuns, enquanto o plantio orgânico precisa de certificado, passa por testes e exames para comprovação de pureza antes de receber um certificado.
Vale uma visitinha ao endereço a seguir para entender melhor essa diferença, http://www.planetaorganico.com.br/saudhid.htm.
Tudo isso dito que tal uma entradinha bem gostosa para esse feriado preguiçoso que pode ser acompanhada por um pão de campanha e um Cousiño Macul Antiguas Reservas Chardonnay 2007 geladérrimo? Et voilá:

Ingredientes para 4 pessoas:
1 “rolinho” de queijo de cabra ou queijo de cabra cremoso orgânico*
1 abobrinha orgânica
1 cl de chá de azeite de trufas
1 cl de chá de azeite de oliva orgânico (Borges)
*1 receita de compota de cebolas

Preparo:
Lave bem a abobrinha e com fatiador de queijo corte finas lascas. Unte uma forma com azeite, disponha as fatias e pincele com o azeite de trufas, forno quente por 10minutos. Retire do forno e reserve. Corte fatias de 2 a 3 centímetros do “rolinho”, ou se for usar queijo creme enforme em aro pequeno. Envolva com uma ou duas fatias de abobrinha, guarneça com a compota e salada verde.


*queijo de cabra orgânico certificado ( capril Deville, deville@guiamaua.com.br )

Compota de cebola
Ingredientes:
2 cebolas médias finamente fatiadas (rodelas)
1 cl de chá de manteiga
2 cls de sopa de açúcar

Preparo:
Em frigideira derreta o açúcar e refogue a cebola até ficar transparente 5/10 minutos. Polvilhe o açúcar e mexa até quase caramelar, 20 minutos aproximadamente. guarneça o queijo e sirva. Bon appétit!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Você conhece carota?

Boa, bonita e barata, principalmente quando é orgânica e todo seu doce sabor aflora a cada mordida. Crua em fitas, raladas, refogadas em fatias, grelhadas em rodelas, assadas, nas sopas, em cremes, suflês, sucos, bolos etc...etc...etc... São inúmeros os etcs em que se inclui. Pensou em cenoura? Acertou em cheio!
A carota, chamada assim desde que se tornou produto de plantações domesticadas era originalmente de cor roxa, branca ou amarela e foi mais tarde desenvolvida na cor laranja, a mais comum nos dias de hoje.
Uma versão para sua cor laranja é comumente atrelada a uma suposta homenagem dedicada a William of Orange no século XVI,mas sem qualquer comprovação histórica além de contrariar fatos que nos apontam que como tal a cenoura já existia há muito mais tempo, constando de um manuscrito bizantino do ano 512 da era atual e de um texto iluminado do século XI, em ambos a imagem da raiz aparece na cor laranja, sugerindo inclusive que já estivesse no mercado muito antes de ser objeto do primeiro documento.
A cenoura apareceu como receita pela primeira vez sob o nome de carota em livro de Apicius Czclius datado do ano 230 da era atual e sumiu quase completamente por muitos anos após a queda do império romano reaparecendo novamente na Europa trazida pelos árabes durante a Idade Média. A data de seu exato cultivo doméstico é imprecisa, como são imprecisas as referências literárias e pictóricas, mas acredita-se que o plantio da cenoura tenha sido iniciado em torno do século VIII na região da Turquia. Foram muitos os manuscritos sobre saúde que incluíram cenouras, suas sementes e óleos como curativos desde mordidas venenosas de animais a males estomacais, mais tardes foram desvendadas dezenas de propriedades embutidas na simples cenoura sendo o betacarroteno a mais importante.

Breve história entre um paciente e um médico:

paciente:
-Estou doente

médico:
há 3500 anos – coma essa raiz
há 2500 anos – essa raiz é um alimento para hereges- diga essa prece
há 150 anos – isso é pura superstição- beba essa poção
há 50 anos – essa poção é feita com veneno de cobra, tome esse comprimido
há 15 anos – esse comprimido não é bom,tome esse antibiótico
Hoje – essa não é a solução da natureza, coma essa raiz

Na página 99 do Da Colheita para a Mesa mais um pouco da história dessa raiz em que do fruto à folhagem tudo é saboroso e aproveitado e na página 100 receita de carrot cake com cobertura de cream cheese. Bon appétit!


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sushi à brasileira

Eu nunca fui muito louca por arroz, dito isto, lembrei de uma versão que adoro e que acho que vale à pena colocar em prática para o almoço de fim de semana, de uma forma híbrida digamos assim. As misturas no Brasil sempre se mostraram saborosas e bonitas, tantos foram os imigrantes que se enraizaram e ainda se enraízam nessas terras, e que encontrando falta de ingredientes naturais de seu solo foram substituindo umas coisas por outras coisas, colocando uma vírgula aqui, umas aspas ali, criando uma culinária que redundou em pratos miscigenados arrancando exclamações de entusiasmo e para os quais existem as mais diversas versões e disgressões que pouco importa quando o sabor final diz ao que veio.
Novas levas de imigrantes chegam a cada quanto e mais familiarizadas com a diversidade que há a se oferecer no Brasil debruçam-se entusiasmados sobre nossas águas e matas, e se um dia fomos nós os que sofremos influências, hoje quem aqui chega busca e leva com nome e sobrenome, ingredientes para realçar as cozinhas de seus países.
Então voilá, sushi a brasileira e de sobremesa sugiro o pudim de fruta do conde com calda de gengibre, na página 135 do Da Colheita para a Mesa, bon appétit!

Sushi à brasileira

Ingredientes:

1 xc de chá de arroz japonês
1 xc de chá de água
½ xc de chá de leite de coco
raspas de coco sem açúcar
sal a gosto
óleo de arroz (se quiser sabor mais acentuado use o de gergelim branco)
folhas de couve manteiga orgânicas
2 a 3 dentes de alho bem picados
geléia de pimenta (opcional para acompanhar o sushi)

Preparo:

Cozinhe o arroz na água e sal por 15/20 em fogo brando, quando a água começar a secar junte o leite de coco, se for preciso junte um pouco mais de água e um pouco mais de leite, o arroz deve ficar empapado, mas não aguado. Desligue o fogo e mantenha a panela tampada quando o líquido estiver secando para que o vapor termine o cozimento e o arroz não grude na panela.
Lave bem a couve, retire o talo central e refogue no óleo e alho, essa folha vai fazer às vezes da alga ao enrolar o sushi, portanto o refogado não deve ser demorado para que a folha não amoleça. Com luvas de borracha para não queimar as mãos use uma esteirinha de sushi e se não tiver a esteira use apenas o papel filme. Espalhe o arroz sobre o filme, ligeiramente umedecido com água, em formato quadrado, recheie com as folhas de couve e enrole como um rocambole e aperte bem para que o arroz não se solte, depois de firmemente enrolado abra a embalagem e espalhe sobre ela coco ralado, repita a operação de apertar o rocambole, cuidando para que as raspas de coco sejam homogeneamente distribuídas. Retire da embalagem com cuidado e corte em sushis altos com faca bem afiada. Como acompanhamento, sugiro fatias finíssimas de banana da terra fritas, feijão branco muito temperado com alho picado com doses de curry e cominho bem combinados e um fatia generosa de tofu defumado colocada no feijão durante o cozimento. Farofa de alho na manteiga com cenoura ralada casa bem com esse prato.


sábado, 20 de agosto de 2011

Círculo dos 99

*Conta uma lenda que um rei triste contratou um bobo de seu reino reconhecidamente feliz para alegrá-lo, mais do que rir sua intenção era saber como conseguir a mesma felicidade e assim consultou os sábios de sua corte que lhe informaram que a felicidade tinha raiz no fato de o bobo não pertencer ao circulo dos 99 e para ilustrar sobre o que falavam sugeriram ao rei que deixasse para o bobo um saco com 99 moedas de ouro com um bilhete contendo o seguinte texto: deixo aqui 100 moedas de ouro como merecimento e espero que possam fazer de você alguém ainda mais feliz, apenas não reparta esse segredo com ninguém. O bobo incrédulo passou a contar as 100 moedas quando descobriu que eram apenas 99 e assim passou o resto de seus dias angustiado planejando de que maneira poderia conseguir a moeda que estava faltando...

As trufas são nessa época um tesouro que as montanhas européias abrigam e são caçadas hoje por cães farejadores, já que os porcos anteriormente usados exclusivamente para a tarefa começaram a se tornar apreciadores e predadores desse fungo magnífico que pode custar verdadeiras fortunas. Frescas são incomparáveis como é incomparável também o aspargo em seu frescor sem que seja necessário acrescentar a seu preparo nada mais que sal e calor para que o sabor crocante, fresco e indescritível se junte à massa, trufas raladas ou fatiadas e grana padano, num casamento que nem uma vírgula a mais cabe, apenas um bom vinho para acompanhar. Acho que já disse isso antes, mas arriscando me repetir lá vai: azeites não são como vinhos, ao envelhecer rançam e os de trufa não fogem a regra. Bon appétit et bonne semaine!


Talharim grano duro com lascas de trufas frescas italianas e aspargos grelhados

ingredientes por pessoa

½ dúzia de aspargos frescos
100 a 150 gr de talharim
fatias trufa frescas ou 1 cl de chá de azeite de trufas brancas
sal
lascas de grana padano

preparo

Lave bem e corte 2 ou 3 cm do talo dos aspargos e leve ao forno quente salpicado de sal por aproximadamente 15 minutos. Cozinhe o talharim no tempo indicado na embalagem de forma que fique al dente, escorra a água e derrame sobre ele o azeite,misture bem e em seguida forme um anel com o auxilio de um garfo culinário e luva de borracha, no meio do anel coloque lascas de trufas e grana padano e na lateral os aspargos grelhados. Sirva quente.

mousse siciliana

ingredientes:

suco e raspas de 1 limão siciliano
2 claras batidas em neve
1/2 lata de leite condensado light/diet
1/2 cl de chá de açúcar orgânico
biscoitos italianos cantuccini

preparo

Misture as raspas do limão ao açúcar e reserve. Junte o suco ao leite condensado e depois acrescente delicadamente as claras, geladeira por 3 a 4 horas. Na hora de servir, individualmente, use uma colher de sorvete e espalhe por cima as raspas de limão, na lateral coloque 1 ou 2 biscotti.


*resumo do conto Círculo dos 99

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Afálico?

Falávamos animadas sobre cardápios, quando de repente ouvi dela a expressão e achei genial! Minha amiga atravessando um momento mente, se aprofundando em psi me saiu com essa, as aulas estão abordando o momento afásico causado por traumas e ela, assoberbada de trabalhos e da energia que se arrasta meio nefasta do lado de fora de nossas janelas, me saiu com essa!...
Falamos com animação admirada por mulheres que conhecemos e que mesmo já entrando nos oitenta têm vida amorosa animada com direito a crise de ciúmes e vida dupla numa fase que poderíamos acreditar que já está tudo acabado e que as senhoras de respeito apóiam os cotovelos ralados no parapeito da janela à espera do ato final, mas não, para elas ainda não chegou a hora e animadas se perfumam e enfeitam, nada afásicas e muito menos afálicas ao que parece.
Em nada é possível generalizar e se o fazemos é por pura comparação, passamos existências inteiras em cabos de guerra tão desnecessários, agarrados aos nossos fragmentos de certeza, que com certeza irão embora da mesma forma como chegaram, no fundo nossas idéias mudam com rapidez tão impressionante que talvez tenhamos vergonha de admitir que nos agarramos à “coerência” por simples medo de enfrentar mudanças sem tremelicar. Mas voltemos ao afálico... A verdade é que os tempos vão bem bicudos e embora eu escute o tempo todo, principalmente dos filhos, que foi sempre assim desde sempre, me impressionam as notícias, os comportamentos, a voracidade, é preciso às vezes fazer um esforço sobre humano para conter o desapontamento com os que já nem disfarçam ao que vieram. Na verdade atualmente nem é preciso tanto esforço pra se ficar afálico, porque o contrário disso é se encantar com o frescor, com as trocas justas, a solidariedade, afálico é fácil quando a desconfiança e o cinismo dão a tônica dos negócios. Dito isto, vou lá pra minha cozinha preparar sanduíche quente de gruyére na manteiga de trufas brancas, acompanhado de salada verde, tomates orgânicos e um copo estupidamente gelado de chardonnay Montes Altos 2008, boa noite!

sábado, 6 de agosto de 2011

Cúrcuma, açafrão da terra

No fim de semana ganhei de uma amiga uns temperinhos de seu sítio na serra de Friburgo e minha surpresa foi ver pela primeira vez uma cúrcuma de verdade, não aquele pozinho amarelado pendurado em saquinhos sobre as gôndolas do supermercado, mas a raiz de verdade. A semelhança com o gengibre não é apenas aparente, são da mesma família, o picante de um lembra alguma coisa do outro e que linda, fresca e saborosa é essa raiz com mais utilidades do que um Bombril! A origem é Indonésia e colore e dá sabor a muitos pratos asiáticos inclusive ao curry, é reconhecida pelas propriedades digestivas além de ser ativadora da função hepática, sem esquecer é claro, que tem poderosa ação antioxidante e na medicina ayurvédica é comumente utilizada como coadjuvante de vários medicamentos. Alguns queijos holandeses usaram a cúrcuma durante a idade média para identificar a área de produção e a família produtora através da coloração mais, ou menos forte, alguns continuam a usar o método em larga escala, uma vez que a coloração é atóxica e favorece a saúde em vários aspectos.
A raiz ou rizoma, dizem, se mergulhado na terra se reproduz com facilidade (vou tentar para ver se dá certo) criando outros muitos rizomas que podem continuar sendo reproduzidos. Depois vira uma planta com uma floração linda que lembra bromélia, orquídea ou lótus. Das folhas, no oriente, se fazem papillotes para envolver e cozinhar alimentos e o rizoma que por dentro tem cor que varia do vermelho ao amarelo colore desde arroz a bolos, a panos e uma infinidade de alimentos industriais. A cor é oleosa e mancha, assim que, todo o cuidado é pouco com louças e panos claros, na mão vale à pena usar luva cirúrgica porque a manipulação longa deixa os dedos manchados por algum tempo.Se você fala inglês convido a visitar a página http://www.livestrong.com/curcumin/, para ver as maravilhas curativas das quais a cúrcuma é capaz e quem sabe resolva fazer uma pequena plantação e se beneficiar e aos seus amigos, como fez a amiga Betty comigo?
Que tal tentarmos uma comidinha rápida e bacana para o fim de semana?
Risoto de cúrcuma na cachaça, acompanhado de aspargos verdes grelhados (página 89 do livro Da Colheita para a Mesa) e uma sinfonia de cogumelos sobre massa folheada e de
sobremesa um gelado de iogurte com calda de carambola.
O arroz arbóreo, especial para risotos, não deve ser lavado antes do preparo para manter intacto o amido que garante sua cremosidade.

Ingredientes:

2 xcs de arroz arbório
1 cl de sobremesa de alho picado
1 cl de sopa de cebola picada
Óleo para refogar
1 litro de água com sal a gosto
1 a 2 cls de sopa de rizomas de cúrcuma ralada
1xc de cachaça de boa origem adocicada
1cl de sobremesa de manteiga
100gr de parmesão ralado
2 cls de sopa de leite de coco


Preparo:

Refogue o arroz no alho e na cebola, junte metade da água e cozinhe em fogo brando com a panela aberta. De vez em quando dê uma mexida no arroz para que não grude no fundo da panela. Quando a água começar a secar acrescente a metade que sobrou e em seguida a cachaça, tampe a panela e desligue o fogo. Deixe o arroz tampado por 15/20 minutos até quase secar, então acrescente o parmesão e a manteiga, o leite de coco e misture bem. Sirva montado em aro culinário quadrado, sirva os aspargos na lateral do arroz que deve ficar semi-empapado.

Sinfonia de cogumelos sobre massa folheada

Ingredientes:

1 lâmina de massa folheada
5 a 10 gr de cogumelos desidratados e fatiados variados
1 cl de chá de manteiga
1 cl de chá de suco de gengibre (rale e esprema em pano)
1 cl de chá de shoyu (molho de soja)
1 cl de sopa salsa e cebolinha picadas

Preparo:

Lave bem os cogumelos e seque em peneira de nylon,reidrate aquecendo em 10 ml de água e reserve. Com um aro culinário ou cortador de biscoitos corte a massa em formato redondo e leve a forno médio por 10/15 minutos ou até que estejam douradas, ao mesmo tempo refogue os cogumelos na manteiga até que escureçam, reduzindo o caldo. Para montar encaixe o “biscoito” no aro e sobre ele os cogumelos se apertar muito, desenforme e guarneça com a salsa e cebolinha.

Gelado de iogurte

Ingredientes:

½ l de iogurte natural diet
150 ml de creme de leite light gelado e sem soro
1 pistilo de baunilha
1 a 2 carambolas bem maduras
1 xc de açúcar
2 cravos
100 ml de água

Preparo:

Faça um corte numa das pontas do pistilo de baunilha e esprema o conteúdo misture bem ao iogurte e o creme, se tiver uma sorveteira (custa pouco mais de R$ 100 e vale muito à pena!) bata até que o creme quase solidifique antes de levar ao congelador por 1 ou 2 horas.Se não leve à geladeira por 4 a 5 horas batendo em intervalos de 1 hora. Corte as carambolas horizontalmente em forma de estrelas, leve ao fogo brando cobertas por açúcar com os cravos e junte a água aos poucos, mexa levemente para não desmanchar as estrelas, mas tendo o cuidado para não queimar, o doce está pronto quando a calda estiver caramelando. Corte o pistilo da baunilha em tiras muito finas verticalmente e disponha sobre o gelado, sirva a com a calda quente ou fria na lateral do gelado.

domingo, 31 de julho de 2011

Tá com pressa? Que tal fazer de um pacote de miojo um banquete?

Ingredientes:

1 pacote de miojo
sal
100 gr de cogumelo paris fatiado
1cl de sobremesa de azeite de trufas brancas
1cl de sopa de queijo de cabra cremoso

Preparo:

Descarte o tempero que vem com o miojo, leve para ferver ½ litro de água com sal a gosto enquanto salteia o cogumelo no azeite de trufas, quando tiver escurecido e criado uma água misture o queijo. Miojo pronto, com a ajuda de garfo de massas e uma luva de borracha faça um ninho com o macarrão e coloque no meio o recheio, trés bon appétit!

Batata, o vilão da mesa, será mesmo?

De origem andina a batata é um dos alimentos mais consumidos no mundo todo, e a idéia geral de que é um alimento “engordante” na verdade não procede. Uma olhadinha nessa tabela de calóricos dá uma idéia aproximada de que o que é engordante na batata é tudo o que não é batata...
*batata inglesa cozida 100gr 52 cal.
*batata inglesa crua 100gr 64 cal.
*batata inglesa sauté 100gr 68 cal.
*batata inglesa FRITA 100gr 267 cal.
Tubérculo rico em carboidrato a batata possui baixa quantidade de gordura e é rica em vitaminas do complexo B e C, fósforo, ferro, potássio, cálcio e amido que é a mais importante fonte de carboidratos numa dieta equilibrada. Como alimento energético ajuda a manter o calor necessário ao corpo durante o inverno, o mesmo é verdadeiro em relação a outras raízes que abundam nessa temporada. No Brasil as temperaturas variam muito durante o inverno e se em alguns lugares as temperaturas atingem níveis glaciais noutros o inverno é apenas um trimestre a mais no calendário, por isso é muito difícil precisar a temporada exata de certos alimentos, aqui quase tudo floresce o ano inteiro, mas não em uma única região, e, portanto, alimentos mesmo os não importados de outros países muitas vezes têm que empreender longas viagens num território enorme como é o brasileiro o que implica em que alimentos tenham que ser colhidos antes de estarem completamente maduros para agüentar longas distâncias sem perecer, isso compromete o sabor e as propriedades desses alimentos que não desabrocham completamente e ficam expostos, ainda que cobertos, a visitas indesejáveis, inclusive de alguns roedores... Lave muito bem tudo o que for consumir mesmo o que vai ser descascado e dê preferência aos alimentos que estão em alta na sua região ou em regiões próximas de onde mora, a oferta abundante de certos alimentos durante uma estação é uma boa indicação de safra e existem tabelas que podem ser consultadas para esse fim, os alimentos da estação podem ser aproveitados como sugerimos no livro Da Colheita para a Mesa. Não faço apologia ao vegetarianismo, essa foi uma opção pessoal, mas acho que é interessante experimentarmos coisas novas e acrescentarmos, talvez, como coadjuvante de nossa dieta regular um prato vegetariano ou até mesmo tentar uma segunda feira sem carne sugerida no livro, a diferença vai ser notada tanto no paladar quanto na digestão, dito isto, uma receitinha rápida para a hora do almoço que se aproxima!


Batata rústica

Ingredientes por pessoa:

1 batata inglesa grande com casca bem lavada
50 gr de cogumelo paris fatiado
1 abobrinha pequena bem lavada e cortada em cubinhos
2 a 3 dentes de alho picados
Azeite
alecrim fresco
1 cl de chá de sal grosso
1 cl de chá de vinho branco adocicado (opcional)

Preparo:

Pincele uma forma com azeite, corte a batata em rodelas horizontais de 1 centímetro e disponha sobre a forma cobrindo tudo com um fio de azeite, sal e alecrim, leve ao forno por aproximadamente 20 minutos ou até que tenham dourado. Numa frigideira refogue o alho no azeite e acrescente a abobrinha, doure e em seguida acrescente os cogumelos, mexa com cuidado por 5/10 minutos, acrescente o vinho e tampe por 1 ou 2 minutos.
Retire a batata do forno e arrume em camadas (pode ser arranjado dentro de uma aro culinário, semelhante a um cortador de biscoito maior, são vendidos em 5 ou 6 unidades de diversos tamanhos) começando pelas batatas e terminando com o refogado. Se quiser, quando for servir, atravesse por cima um ramo fresco de alecrim e salpique com lascas de queijo (raladas em descascador de batatas).

Minha sugestão é de que seja acompanhada por chalotas carameladas ( página 102 do Da Colheita para a Mesa) e tiras de cenoura ( cortadas em descascador de batatas) salteadas ligeiramente em azeite e para fechar uma maçã assada com especiarias( página 144). Bon appétit!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

almoço de sábado

Esfriou de novo e a chuva dá vontade de a gente ficar em casa abrigado refém de um vinho carmenére da Caliterra (Chile), um creme quente de raízes e uma quiche de queijo de cabra com salada de folhas variadas ao vinagrete de maracujá, e antes que a preguiça bata o bom é ir ao super mercado e garantir tudo pro almoço de sábado, vale uma mousse de chocolate diet pra fechar o almoço não vale?
O queijo cremoso de cabra é ultra versátil como base para receitas doces e salgadas e pode ser preparado em casa, com muito carinho e cuidado porque o leite de cabra é temperamental e de repente quando a gente acha que ia dando tudo certo ele desanda e a receita vai por água abaixo...Tem sempre o do Capril de Ville, queijo orgânico saboroso pra ser comprado no mercado ou entrando em contato com www.caprildeville.com.br/ , vantagens é que não faltam nos laticínios produzidos com leite de cabra, 30% menos no teor de gordura e colesterol e de muito mais fácil digestão do que o leite de vaca, quando é orgânico o gosto e cheiro são mais suaves dando aos outros ingredientes igual oportunidade de estrelato, dito isto corra ao supermercado antes que a chuva caia com vontade e mãos à obra, bon appétit!

Creme quente de raízes (para dois)

Ingredientes :

2 cenouras
1 batata inglesa grande
1 batata doce
sal
1 dente de alho
azeite
200 ml de água
Preparo:
descasque e corte em pequenos cubos cenouras e batatas, pique bem o alho, refogue no azeite, acrescente os legumes, o sal e ferva em fogo brando. Assim que os legumes amaciarem desligue o fogo e tampe a panela por 5 minutos para que terminem de cozinhar sem amolecer. Processe, cheque o sal e sirva.

Quiche de queijo cremoso de cabra e tomatilhos e ervas (página 119 do livro)

Ingredientes para a massa
200gr de farinha de trigo
50gr de farinha integral
1 punhado de gergelim
125gr de manteiga gelada
2 cls de sopa de água
sal a gosto

Ingredientes para o recheio

2 a 3 xcs de queijo cremoso de cabra
2 xícara (chá) de leite
3 ovos
100 g de queijo parmesão ralado
Tomatilhos(cereja, pêra ou uva)
Manjericão ou orégano fresco
Modo de Preparo
Abra a massa em uma fôrma redonda de 20 cm de fundo removível.
Bata bem os 4 primeiros ingredientes com um fouet e em seguida despeje na forma. Adicione os tomatilhos e manjericão ou orégano com cuidado.
Leve ao forno para assar por 30 minutos ou até que fique dourada. Retire a quiche do forno e sirva quente ou em temperatura ambiente.

Salada de folhas

Escolha folhas orgânicas como alface frisée, rúcula, agrião,mostarda, etc...

Vinagrete de maracujá

Ingredientes:

2cls de sopa de maracujá natural concentrado
40 ml de azeite de oliva
Sal e pimenta ralados
1 cl de chá de mel

Preparo:

misture bem com um mini fouet ou garfo, aplique.

Mousse de chocolate diet

Ingredientes:

1 tablete de Amaro picado
200 ml de creme de leite gelado e dessorado
2 claras batidas em neve
2 cls de chá de gelatina em pó transparente, reidratada e aquecida
2 gotas de baunilha

Preparo:

derreta o chocolate e o creme de leite em fogo brando, antes que o chocolate esteja totalmente derretido,desligue o fogo e continue mexendo até obter uma mistura homogênea. Junte bem a gelatina já quase fria,a baunilha e por último e com cuidado as claras,leve para gelar por 2 ou 3 horas e sirva.

domingo, 17 de julho de 2011

Minhas Tardes com Margueritte

Minhas Tardes com Margueritte (La tête en friche) de Jean Becker.

Noite fria no Rio, lua cheia, e chegamos ao filme programado no Laura Alvim, pouca fila e o filme já vai dizendo adeus do cartaz e não se pode deixar de ver...Gerard Depardieu fabuloso e sua companheira de cena, ah a doce Margueritte, assim mesmo com dois ts... Que economia de gestos e quantos olhares sem nenhum ou quase nenhum trejeito que traísse aquilo que nos esperava... Narrativa de poucos cenários e pouquíssimos atores engolindo às vezes letras até a morte, completando lacunas das cruzadas do jornal a esmo ou ouvindo páginas de livros cumprir seu papel, narrando como a vida passa ao largo, indiferente e além do nosso controle. Palavras, palavras, palavras, algumas que não se encontram em dicionários ou são complicadas de achar ou mal explicadas e que das estações do ano não entendem nada e nem sabem nada sobre frutos realmente, apenas dão vaga idéia de significados daquilo que pode ser qualquer coisa, mas sempre falta...
Um único tomate jogado entre suas páginas e explicação vaga do pomo d’oro e mais nada, onde já se viu, apenas uma qualidade de tomate? No mínimo ofensivo para italianos que cultivam esse fruto como se fossem da própria família tal o amor dedicado, mas certamente na Itália os dicionários se ocupam muito mais deles, os tomates.
E assim, durante as tardes, sentados num banco de praça os dois conferem os pombos, dezessete ao todo, nomeados de acordo com suas personalidades, é claro, e um sentimento improvável e delicado aflora em pequenos bocados, um flerte não com a frieza dos dicionários, mas do tipo que não tem palavras e nem necessariamente diz eu te amo. Filmes assim merecem sopa de tomates bem temperada, para ser degustada com Caliterra cabernet sauvignon e um pão branco básico (página 60 do livro Da Colheita Para a Mesa), recheado quem sabe, com muzzarela e pesto (página 55 do livro ainda do mesmo livro), então segue a receita, bem fácil, bon appétit!

Sopa de tomate italiana

Ingredientes:
8 a dez tomates pelados (dica para pelar na página 56 do livro, as sementes podem ficar)
3 ou 4 dentes de alho
5 ou 6 galhinhos de orégano desidratado
1 ½ cl de sopa de azeite
Sal
1 cl de sopa de vinho tinto
5 cls de sopa de creme de leite gelado e dessorado (opcional)

Preparo:
Refogue o alho no azeite até quase queimar, junte os tomates e cozinhe em fogo brando por 15/20 minutos, mexendo a cada quanto, junte os galinhos de orégano, o vinho e o sal, desligue o fogo deixe esfriar apenas um pouco e processe. Antes de servir se quiser acrescente o creme de leite, um fio de azeite e guarneça com um galhinho de orégano seco.

capuccino de shitake

Eu sou suspeita quando o assunto é shitake, na verdade adoro todas as variedades de fungos frescos ou desidratados, mas confesso que o shitake é meu favorito, não é chamado de elixir da vida à toa, são muitas as propriedades atribuídas a ele, vale à pena dar uma passeada pela internet para provar o que a ciência tem descoberto ao longo dos anos e de que maneira esse cogumelo saborosíssimo pode ser aproveitado no seu melhor ângulo. O inverno no Rio é curto e daqui a pouco se acaba, assim que vou botar na mesa o capuccino de shitake que servi no lançamento do livro e no último evento aqui em casa, a receita é bem simples como é em geral tudo o que faço. A idéia principal é deixar que o alimento diga ao que veio e acrescentar muito pouco a ele, um pouco de pouca coisa é o bastante e não esconde as verdadeiras características de um alimento, alguns cheio de personalidade, outros nem tanto, mas são exatamente tais características que tornam a combinação e a harmonização um atrativo para todos os sentidos. Os fungos desidratados do Chile têm custo/beneficio sensacional e às vezes podem ser encontrados nos Hortifrutis do Rio de Janeiro, se ficar difícil encontrar o shitake use porcini, quanto mais personalidade tiver o cogumelo escolhido, mais marcante vai ficar o sabor do caldo, use apenas os desidratados nessa receita que se harmonizam excelentemente bem com um reserva da Casa Silva carmenére e o pão rústico integral da página 61 do meu livro e da Letícia Braga “Da Colheita Para a Mesa” , quem sabe antes de fechar o inverno fazemos um curso das possibilidades com os diversos tipos de champignons? Aceito propostas! Bon dimanche et bon appétit!

Capuccino de shitake

Ingredientes:

½ pacotinho de shitake desidratado (10gr aproximadamente)
½ copo de água filtrada (150/180 ml)
½ copo de leite desnatado (150/180 ml)
300 ml de creme de leite gelado e dessorado ou 1 receita de boursin (página 59 do livro)
Sal à gosto
1 cl de chá de xerez (opcional)
1 cl de chá de shitake ralado ou processado, misturado a 1 pitada de canela em pó


Preparo:

Limpe bem os shitakes com papel toalha e numa peneira enxágüe levemente com água filtrada. Reidrate em fogo brando nos 150/180 ml de água e tampe a panela por 15 minutos para apurar o sabor, acrescente o leite e deixe ferver apenas, junte o xerez, desligue o fogo e tampe a panela por outros 10/15 minutos. Acrescente o creme de leite, misture bem os ingredientes e processe o creme, cheque o sal e peneire. Quando for servir aqueça em fogo brando e desligue antes da fervura para que o creme não se separe e coagule, se isso acontecer, passe pela peneira uma vez mais e mexa vigorosamente ou processe o creme outra vez. Sirva em xícaras salpicando o pó de shitake com canela.

sábado, 9 de julho de 2011

Almoço de sábado/domingo

Dia lindo, mas o frio não dá trégua. Eu pessoalmente fico bem feliz porque somos incompatíveis eu e o calor extremo, a única coisa que me consola são as frutas que na época do verão são maravilhosas. Com um dia lindo e fresquinho assim vale à pena uma boa caminhada, uma lufada fresca no rosto, uma ida rápida ao mercado do bairro e uma comidinha gostosa. Caneta na mão pra anotar os ingredientes antes de sair de casa!
Do livro da Letícia e meu Da Colheita para a Mesa, segue o inhoque de aipim e para acompanhar o almoço quem sabe o creme quente bicolor da página 94 ou caldinho de chuchu e alho poró da página 103? Passo a receita do inhoque a dou uma de sobremesa, o resto tá no livro esperando você utilizar, bom fim de semana ensolarado! Trés bon appétit!

Inhoque de aipim

Ingredientes:

½ kg de aipim cozido em água e sal
½ xícara de farinha de trigo peneirada
1 clara de ovo levemente batida
1 colher (sobremesa) de manteiga
Sal a gosto

Preparo:
Amasse o aipim ainda quente e acrescente os outros ingredientes. Em mesa enfarinhada,
faça “cobrinhas” de massa e corte pequenos nhoques. Numa panela de 5l, coloque água previamente salgada para ferver e vá deitando pequenas porções de inhoque para cozinhar. Quando vierem à tona, retire com escumadeira, escorrendo bem a água. Coloque em prato refratário e cubra com molho roux ou de tomates. Se não for servir imediatamente, deixe esfriar antes de aplicar o molho


Pudim/mousse de tangerinas com calda de gengibre

Ingredientes do pudim:

Suco caseiro de 3 tangerinas coado
½ lata de leite condensado
2 claras batidas em neve
1 pacotinho de gelatina incolor ou 13 gr de agar

Preparo:

Pincele óleo de cozinha em forma de pudim para untá-la. Se preferir, utilize formas pequenas ou ramekins. Hidrate a gelatina com um pouco de água e reserve por 10 minutos. Aqueça sem ferver e reserve novamente. Bata as claras. Misture o suco

ao leite condensado e, em seguida, adicione as claras cuidadosamente.Leve à geladeira por no mínimo 3 horas e tire somente na hora de levar à mesa. Desenforme e sirva com a calda.

Calda de gengibre

Ingredientes:

100 gr de açúcar
10 ml de suco gengibre (rale e coe em pano de algodão)

Preparo:

Leve o açúcar ao fogo brando, tendo o cuidado para não queimar, até que alcance a consistência de calda. Retire do fogo e aos poucos misture o suco de gengibre,mexendo sempre para não endurecer a calda, se isso acontecer retorne ao fogo brando e mexa até consegui a consistência de calda de pudim. Deixe esfriar e aplique.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O xote das meninas

Mandacaru quando fulora na seca, é o siná que a chuva chega no sertão,
Toda menina que enjôa da boneca é siná que o amor já chegou no coração...
(Trecho de Xote das meninas Composição: Luiz Gonzaga / Zé Dantas)

Nessa última viagem a Israel, fotografei alguns cactos em plena floração e outros que já exibiam sua fruta espinhosa, a sabra. Sabra é também a denominação dada ao cidadão que nasce em Israel, numa alusão a fruta que espinhosa por fora é doce por dentro e agüenta quaisquer intempéries. A sabra por dentro é como o mandacaru do sertão brasileiro, mas a pele é tão espinhosa quanto o próprio cacto então na hora de colher e de servir todo o cuidado é pouco, atualmente Israel já exporta uma variedade lisa como o mandacaru, mas a mais comum para consumo interno ainda é a espinhosa e que na estação pode ser encontrada no mercado ou na beira das estradas, nos próprios cactos ou já limpas em tabuleiros, para serem consumidas, é deliciosa bem gelada.
A planta é desértica, um cacto que não é filho legítimo da região, é mexicano e foi trazido pelos espanhóis para a Europa e depois replantado pelas mãos calejadas dos mouros em terras africanas e floresceu em areias desérticas do oriente médio se adaptando bastante bem. Como todo fruto da natureza o sabra não apenas alimenta, mas cura uns tantos males, diz-se que é um milagroso cicatrizante usado desde o século XVII por médicos judeus entre outras qualidades medicinais a ele atribuídas.
Fruto muito saboroso e bonito de se ver, pode ser o principal ingrediente em uma exótica salada. Fatiado bem gelado e disposto sobre folhas de alface americana, pode vir bem acompanhado de bolinhas de queijo de cabra condimentado com pimentas e regado com vinagrete de romãs, hummmmm...
Não há de ser muito fácil encontrar por aqui todos esses ingredientes, mas fica plantada a idéia que pode criar boas raízes se por acaso numa andança por mercados sofisticados os ingredientes forem achados, garanto que visual e sabor impressionam! Mas nada impede que continuemos pensando no que vamos comer hoje à noite ou amanhã antes de anoitecer...
Preparei para o Sem Censura de ontem um pãozinho bem básico que finalizei com recheio de mussarela e blushed tomatoes que não são totalmente desidratados como os secos, que também podem ser usados nessa receita. Como toque final, por cima do pão um galhinho de alecrim ou orégano siciliano em galhinhos desidratados, vale também cobrir com rodelas finamente fatiadas de cebola roxa. Dito isso, que tal acompanhar o pão com um misto de cogumelos refogados em manteiga e alho, ovos mexidos ou omelete de palmito, bem picado e drenado, preparado no azeite de trufas e terminar tudo com uma maçã assada com especiarias que está na página 144 do livro que Letícia e eu lançamos na semana passada? O pão básico também está lá num capítulo dedicado aos preparos básicos, que fazem a maior diferença para quem está aprendendo e até para quem já sabe cozinhar. Bon appétit e bom fim de semana!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O que se come nessa estação?

A natureza é não apenas um celeiro onde podemos encontrar tudo o que é necessário para nos alimentar, senão um termômetro da saúde da terra e uma verdadeira farmácia para cada um de nós, mas para isso seu cio tem que ser respeitado. A sazonalidade de cada alimento deve ser observada e o solo de onde são retirados tem que estar saudável, porque se ingerimos um alimento doente ou medicado com insumos o seu valor nutricional é bastante menor, muitas vezes tudo o que sobra para aproveitarmos são as fibras que no final são apenas isso, fibras sem tantas vantagens. Os sais minerais, vitaminas e todos os outros nutrientes estão nos alimentos saudáveis e bem tratados, os orgânicos que nos mantêm bem e alimentados, e eu falo da boca pra dentro porque sou uma prova viva dessa dieta, vegetariana há mais de 20 anos o único remédio que tomo é para hipo tireodismo, herdado. Não vale no que diz respeito a alimentação investir no barato porque ele sai definitivamente caro, eu por exemplo, acabei de fazer meu check up anual e vai tudo bem e nos conformes, obrigada.
Meu filho mais velho foi pouco beneficiado por orgânicos porque quando me tornei vegetariana ele já estava maior, mas os outros dois durante suas vidas adultas nunca tomaram qualquer remédio, e quando pequenos por conta de infecção intestinal, uma única vez viram antibióticos.
Quando estamos em boa sintonia conosco e conhecemos nosso corpo o suficiente, salivamos diante dos frutos da estação, assim não mais, bem conectados sentimos ao entrar numa feira ou num mercado o perfume de verduras, frutas e legumes que sejam locais e estejam na estação, os que têm que se deslocar saem do pé antes do tempo e o perfume é tímido, ainda não está maturado o suficiente e esse fruto nunca vai ter seu sabor de verdade, apenas sabor aproximado.
Me lembro de durante minhas viagens ao nordeste minha mãe pedir frutas de Recife onde foi criada e sinceramente o gosto era muito diferente das que encontrávamos nos mercados, hoje as não intoxicadas lá são também mais difíceis de achar.
Na beira das estradas em Israel, compramos milho e melão na semana passada, quando eu estava lá, o milho mais macio e doce que já comi e o melão só de pensar faz a boca aguar.
Aqui estamos no inverno a tabela nos diz que tudo o que é picante, de cor menos exuberante e está mais próximo da terra é o que a gente deve procurar. No inverno o que está em cima da terra meio que iberna, está bem próximo dela, procura calor, como nosso corpo. Temos um clima que varia à partir do tropical e, portanto, nossos invernos não se portam de maneira homogênea no Brasil, mas é possível se trabalhar com uma tabela razoável dos alimentos dessa época, os alimentos são mais picantes e de cores mais escuras,uns ficam rentes a terra e outros não vão assim tão longe, não são muito ricos em caldo e nem super exuberantes, mas nos fornecem tudo o que é necessário, e quando fumegam numa panela, o difícil é resistir... et voilà uma sopa/creme de cebolas bem fácil pra se aquecer com um bom copo de tinto pra completar, bon appétit!

Creme de cebolas

Ingredientes por pessoa:

1 cebola média finamente fatiada
1cl de chá de manteiga
½ cubo de caldo vegetal
250 ml de água
½ fatia de pão integral sem a casca
1 cl de sopa de creme de leite gelado e dessorado
1 cl de sopa de grana paddana ralado
1 torrada
1 fatia pequena de queijo gruyére

Preparo:
Refogue a cebola na manteiga até dourar e aos poucos acrescente a água, dissolva nessa mistura o caldo vegetal e ferva em fogo brando por 15 minutos, acrescente a fatia de pão, tampe a panela e desligue o fogo, deixe o caldo esfriar e processe. Junte o creme de leite e o parmesão, acrescente sal se necessário e ferva levemente em fogo brando.
Coloque a torrada com o queijo no fundo de um bowl, despeje o creme por cima e sirva bem quente