sábado, 21 de maio de 2011

Brigadeiro e afeto e almoço de domingo

Acho que todos nós, brasileiros pelo menos, temos lembranças de momentos brigadeiro, sejam da nossa infância, da dos nossos filhos e em tempo da dos nossos netos. Temos com certeza memórias da adolescência, as moças pelo menos, quando para assistir a sessão da tarde comíamos brigadeiro às colheradas entre lágrimas emocionadas que os hormônios faziam saltar descontroladamente dos olhos...
E porque ninguém nunca pensou em fazer um negócio dedicado a eles, os brigadeiros? Bom finalmente alguém pensou e o negócio parece que vai muito bem obrigada! Mas porque esse papo de brigadeiro hoje?
Porque ontem foi o aniversário do meu cunhado querido e no final do jantar a Carol serviu um brigadeiro inusitado, de Ovomaltine!
Eu minto, apenas um pouco, quando digo que meu doce predileto é o de leite, mas ele fica ali “por una cabeza” do brigadeiro.
Não gosto muito de chocolate (isso é verdade, juro!), mas ironicamente faço sobremesas bastante interessantes com ele, por favor, não peçam receita porque fico arrasada. Já tentei, várias vezes, me desapegar, mas como boa mãe judia só entrego os pontos no leito de morte...Eu tenho esse negócio com doce digo que doce é yin(feminino), sem o menor conhecimento de causa, por pura intuição, e admiro sinceramente as mulheres que com largueza de espírito são capazes não apenas de preparar doces, mas passar a receita.
Meu livro de sobremesa vai andando, a passos tão curtos que não sei não...
Bom, deixemos de lero-lero e partamos para o almoço de sábado ou domingo, que com esse friozinho abre o apetite de dar medo, et voilá : creme de pupunha (palmito), torradas ao azeite trufado, omelete/souflê de queijo brie, ervilha torta (mangetout) cozida no vapor e pequeninas cebolas carameldas no suco de figos. De sobremesa pêra poché no suco de laranja temperado com cravo, bon appétit!

Creme de pupunha

Ingredientes: (por pessoa)

1 palmito pupunha
1 cl de café de manteiga
½ xícara de leite

Preparo:

Lave e seque o palmito e em fogo brando derreta a manteiga em frigideira inox. Quando o palmito estiver macio, retire processe com ½ xícara de leite, tempere esirva em bowls individuais.

Tiras de torradas ao azeite trufado

Ingredientes: (por pessoa)

2 fatias de pão tipo forma com 6 ou 12 grãos
2 cls de chá de azeite trufado

Preparo:

Corte as fatias em 2 ou 3 partes verticalmente sem retirar as bordas. Aqueça levemente uma frigideira, disponha 1 cl de azeite e disponha as tiras da primeira fatia e vire rapidamente para que as duas partes recebam azeite. Repita o processo com a segunda fatia.

Omelete suflê de brie

Ingredientes:

2 ovos
2 a 3 fatias de brie quase maduro
2 cls de sopa de leite
1pitada de canela em pó
1 pitada de noz moscada
Sal a gosto
1 cl de chá de azeite

Preparo:

Bata ligeiramente as gemas com o sal, canela, noz moscada e o leite, reserve. Bata as claras em neve e misture delicadamente às gemas. Espalhe com a ajuda de papel toalha o azeite numa frigideira anti aderente, aqueça e disponha a mistura cobrindo toda a panela. O fogo deve ser brando para não queimar a omelete. Coloque as fatias do queijo sobre a mistura, tampe por alguns minutos e abra para espalhar com cuidado algum liquido que ainda não tenha cozinhado. Tampe por mais 2 minutos e se o interior já estiver quase cozido,com a ajuda de uma colher dê formato de panqueca ou dobre um lado sobre o outro, desligue o fogo e deixe por mais 1 minuto tampado, sirva a seguir.

Ervilhas no vapor

Ingredientes:

1 punhado de ervilhas tortas bem lavadas
Sal

Preparo:



Com uma faquinha fina retire a ponta das ervilhas, salpique sal sobre elas e leve para o banho Maria que assim que levantar fervura deve ser desligado e as ervilhas devem repousar nesse calor por não mais que 3 ou 4 minutos.

Cebolas carameladas no suco de figo

Ingredientes: (por pessoa)

5 a 6 pequenas cebolas
Suco coado de ½ figo
1 cl de chá de açúcar mascavo

Preparo:

Em panela inox disponha o suco e o açúcar,misture bem e acrescente as cebolas inteiras sem casca, mexa a cada quanto, em fogo brando, até que escureçam.

Peras poché

Ingredientes: (por pessoa)

½ pêra descascada e desossada
Caldo de 1 laranja pêra
1 cravo
2 cls de sopa de iogurte cremoso levemente adoçado com 2 gotas de baunilha

Preparo:

Leve o iogurte ao frezer e ao fogo brando a pêra com metade do suco de laranja e o cravo. Cozinhe, a pêra, por alguns minutos, sem mexer, até começar a amaciar, secando acrescente aos poucos mais suco. Retire o iogurte do freezer e sirva com a pêra ainda quente, se quiser salpique sobre ela um pouco de canela em pó misturada a uma pitada de curry.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Fim de semana em São Paulo

Fim de semana em São Paulo, passeio gastronômico na certa e dieta mandada pro espaço... Bom, hoje já é segunda feira, chuvosa, e tudo torna quase ao seu devido lugar.
O almoço do sábado foi na Mercearia do Francês, desnecessário dizer que os pães do couvert estavam deliciosos e pra continuar pedimos torradinhas de champignon (na manteiga é claro, afinal estamos em território francês) e ratatouille com queijo de cabra, lindo, cheiroso e gostoso que veio surpreendentemente enformado. Meu amigo pediu risoto de abóbora com carne seca, a apresentação é linda e a carne não vem misturada, assim que belisquei o risoto, um primor! O vinho foi um chileno carmenére/sauvignon, 14º, Antu Ninquén que em mapuche vem a ser aparentemente Sol da Montanha, muito bom. Cometi um erro clássico que foi pedir massa como prato principal em restaurante francês. Os franceses herdaram de Catarina de Médicis muitas receitas italianas e como no caso dos pães, se superaram, já na massa...Um caso quase raro eu acertar nos pratos que incauta tenha experimentado.De sobremesa crepe Suzette e brulée corretíssimos e uma coisa que adoro nos franceses: garfo e colher sempre que a sobremesa não pede faca, não pode ser de outro jeito. Fazer como para comer? Usar o dedo pra ajudar a sobremesa a ser pescada ou tentar agarrá-la até que escorregue pela borda do prato e se esborrache na mesa? E vive les français(!) povo da sobremesa que sabe de A a Z como fazer e servir!
Domingo de manhã caqui e pêra bem comportados até atacar N variedades de pão italiano e um queijo de cabra tartine, bon dieu, onde isso vai terminar? Nas páginas do Google para descobrir se no cardápio tinha comida vegetariana e onde ficava o Dalva e Dito do Alex Atala.
O Alex Atala é um dos meus ídolos culinários, a cozinha dele tem uma coisa desbravadora, masculina, quase agressiva (talvez por isso os doces não sejam o forte...), mas aí aparece o bom humor, ingrediente indispensável para uma cozinha ter leveza e se levar a sério somente na hora do corre-corre, sem falar da propriedade no uso do que é brasileiro. -Muita gente me pergunta como posso ser vegetariana num país de tantas carnes, valha-me Deus esse é um país tropical, abençoado por Deus!-
Tudo desde a entrada é lindo de ver, cheirar, e por falar em cheiro, a batida de priprioca...Ele trouxe do norte e como diz com muita propriedade sabor é o aroma líquido, eu já senti o aroma do perfume e o gosto na bebida é exatamente aquilo que o vidro contêm, sem tirar nem pôr. Eu não gosto de cachaça, mas nem por um minuto pensei em substituir por saquê, que estava intocavelmente perfeita do jeito que veio e ainda por cima acompanhada de palitinhos de mandioca no ponto exato.
Menu devorado, hora de pedir o prato. Dúvida: arroz vermelho do sertão com espeto de queijo tostado e legumes ou ratatouille do sertão (mandioquinha, maxixe,batata doce roxa, quiabo, gerimum, palmito assado, banana da terra, chuchu, cebola e manteiga de garrafa). Fui de ratatouille (fixação?) e veio tão lindo e perfumado que esqueci de perguntar se a manteiga já estava incorporada. É preciso ter controle e não tocar no prato por um instante, mirá-lo como quem olha para um jóia e mesmo se a fome apertar a gente se comporta, inspira e só observa, desde o instante em que ele toca na mesa.
A quantidade foi pequena, mas a surpresa foi grande, saborosíssimo!
Antes, esqueci de dizer que vieram pão de milho e integral, palitos de polvilho e dentre os beliscos do couvert um patê de feijoada. Sobremesas me fazem sempre ter a quase certeza que carecem de mãos femininas e não foi nem tão bonita e nem tão gostosa quanto eu esperava e dos petits fours que acompanham o café eu tiraria tudo o que não fosse o deliciosíssimo pé de moleque, mas, pretensão e água benta...
Quem sou eu pra falar de Alex Atala?
Barriga cheia, mão lavada, pé na estrada e uma última browseada ligeira pelo mercado Santa Luzia antes de ir embora com a promessa de na próxima ponte aérea aterrissar diretamente no D.O.M de Alex Atala que acaba de ser premiado como o quinto melhor restaurante do mundo pela World’s 50 best restaurants, dá uma olhada lá http://www.domrestaurante.com.br
O Dalva e Dito estão no www.dalvaedito.com.br e a Mercearia do Frances no http://www.merceariadofrances.com.br/ com receitas do que comi, bo appétit!