quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Afálico?

Falávamos animadas sobre cardápios, quando de repente ouvi dela a expressão e achei genial! Minha amiga atravessando um momento mente, se aprofundando em psi me saiu com essa, as aulas estão abordando o momento afásico causado por traumas e ela, assoberbada de trabalhos e da energia que se arrasta meio nefasta do lado de fora de nossas janelas, me saiu com essa!...
Falamos com animação admirada por mulheres que conhecemos e que mesmo já entrando nos oitenta têm vida amorosa animada com direito a crise de ciúmes e vida dupla numa fase que poderíamos acreditar que já está tudo acabado e que as senhoras de respeito apóiam os cotovelos ralados no parapeito da janela à espera do ato final, mas não, para elas ainda não chegou a hora e animadas se perfumam e enfeitam, nada afásicas e muito menos afálicas ao que parece.
Em nada é possível generalizar e se o fazemos é por pura comparação, passamos existências inteiras em cabos de guerra tão desnecessários, agarrados aos nossos fragmentos de certeza, que com certeza irão embora da mesma forma como chegaram, no fundo nossas idéias mudam com rapidez tão impressionante que talvez tenhamos vergonha de admitir que nos agarramos à “coerência” por simples medo de enfrentar mudanças sem tremelicar. Mas voltemos ao afálico... A verdade é que os tempos vão bem bicudos e embora eu escute o tempo todo, principalmente dos filhos, que foi sempre assim desde sempre, me impressionam as notícias, os comportamentos, a voracidade, é preciso às vezes fazer um esforço sobre humano para conter o desapontamento com os que já nem disfarçam ao que vieram. Na verdade atualmente nem é preciso tanto esforço pra se ficar afálico, porque o contrário disso é se encantar com o frescor, com as trocas justas, a solidariedade, afálico é fácil quando a desconfiança e o cinismo dão a tônica dos negócios. Dito isto, vou lá pra minha cozinha preparar sanduíche quente de gruyére na manteiga de trufas brancas, acompanhado de salada verde, tomates orgânicos e um copo estupidamente gelado de chardonnay Montes Altos 2008, boa noite!