quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Palestra do dia 19/10

“Criado o primeiro homem, levou-o Deus a passear entre as arvores e lhe disse: observa as obras que criei, vê como são belas! Procura não pecar e não destruir o mundo que fiz. Pois se vieres a estragar algo, não haverá quem conserte. (Talmude)


Não apenas belas e nem apenas alimentícias, o que brota da terra não é apenas matéria para nos alimentar, mas também farmácia para nos curar. A natureza é sabia e produz em cada estação aquilo que nosso corpo precisa para se manter saudável. No inverno os alimentos são mais escuros, saem debaixo da terra, as raízes trazem do solo calor para nos aquecer e as hortaliças como a salsa, coentro, couve manteiga, repolho são ricos em vitamina C e sais minerais para nos proteger de gripes assim como a laranja, tangerina, morango, uvas e bananas que são abundantes no inverno. No Brasil quase tudo cresce em quase todas as estações, como por exemplo, as bananas, laranjas e tangerinas também as batatas, cenouras, abóboras entre outros. No frio é a vez dos alimentos com menos água, as frutas e legumes com muita água e cor brotam no calor pra matar a nossa sede e amenizar a temperatura do corpo e ajustar o termostato. Na hora de comprar, compre o que está barato, porque se tem muito está na safra e se está na safra menos veneno é usado.
O veneno usado para matar bicho de lavoura vai ficando na gente e o alimento que era para fazer parte da farmácia natural, embora ainda funcione como tal, tem um “efeito colateral” acrescentado, o veneno, então o bom é procurar comprar de quem planta pouco, porque remédio de lavoura é caro e quem vende menos não pode se dar a esse luxo. É bom também fazer compra no fim da feira porque com o tempo que fica no tabuleiro ao sabor do sol, o legume, a fruta e a verdura dão uma espreguiçada da viagem. Tudo que vem de mais longe de onde a gente mora é colhido antes da hora, antes de estar completamente maduro e aí não desenvolve o potencial necessário, ao invés de farmácia inteira fica só meia farmácia, mas ainda tá valendo!
Nós como civilização, estamos divididos em antes e depois da descoberta do fogo. Descobrir o fogo significou não apenas se aquecer durante as estações frias ou iluminar caminhos à noite ou manter animais afastados do sono dos homens, significou cozinhar! E cozinhar mudou a vida dos homens que se até ali eram nômades, deixaram de apenas acampar para fincar raízes, plantar e criar animais e produzir os primeiros utensílios de cama e mesa, e assim desde essa época, cozinheiros e artesãos foram sempre muito valorizados. E vai daí que pequenos povoados foram aparecendo e com eles novos alimentos também.
A coalhada, por exemplo, foi descoberta por acaso. O leite ordenhado e levado no lombo dos camelos em potes de barro para ser bebido durante as viagens talhava debaixo de tanto calor e de tanta estrada e era tomado assim, coalhado, e com o passar do tempo e algumas pesquisas foi descoberto que era um alimento excelente e barato. Do leite foram aparecendo os derivados: manteiga, queijo e iogurte. Já a margarina, não tem uma gota de leite nela e nem somra de parentesco com ele e pior,é comparada ao plástico, a fórmula é bem parecida, a diferença entre os dois é de apenas uma molécula. Se você deixar a margarina fora da geladeira durante semanas ela nem apodrece, nem atrai bichos e nem cheira mal. A margarina foi criada na França, num concurso durante um período em que leite era racionado e obrigatoriamente tinha a cor branca para ser diferenciada da manteiga, além de ter preço muito mais barato, mas não faz bem a saúde, na verdade ela é a tal da gordura hidrogenada, a que faz mal, a gordura saturada. Manteiga é um alimento bom, mas precisa ser consumido com moderação, não se escuta dizer que o povo francês morre muito de doenças relacionadas com gordura e eles são seguramente os maiores produtores e consumidores de laticínios do mundo. Pronto, de volta a farmácia! Comida e remédio precisam de moderação, então a gente não exagera nem no sal e nem no açúcar, evita comida em conserva, conserva vem de conservante que além de sal e açúcar e gordura em excesso pode significar ainda corantes e outros aditivos que não fazem muito bem a saúde. Sal em excesso impede a urina de fluir e fica no sangue, fazendo pequenos depósitos aqui e ali, numa poupança que não é muito boa porque vai impedindo o sangue de andar livre pelo corpo, o açúcar e as gorduras em excesso também não dão passagem. Pode-se comer de quase tudo um pouco, e é um bom hábito aprender a ler os rótulos. Não entendeu alguma coisa? Procure informação, ajuda de quem sabe, a gente evita muita doença quando conhece aquilo que come. É bom também botar na ponta do lápis o que se gasta com alimento, se por acaso usamos alimentos empacotados ou enlatados a conta aqui é diferente, o excesso de gorduras e conservantes vai significar dias, semanas, meses e até anos roubados da nossa vida e para isso é preciso acertar a contabilidade rapidamente antes que fique muito caro. A gente vive com pressa, vive cansado e infelizmente se alimentar mal agrega menos saúde e mais mal estar e mais cansaço que vira mais mal estar e mais cansaço, até que tudo junto vira doença, somos definitivamente aquilo que comemos! Nossa saúde e nossa doença dependem mais dos alimentos que escolhemos do que imaginamos, vivemos cada dia mais para comer do que comemos para viver e assim adoecemos matando a fome com biscoitos recheados e salgados empacotados, sempre com pressa, comendo distraidamente e sem nos darmos conta de quão pouco cuidado dedicamos aos únicos bens verdadeiros que temos: vida e saúde. Muitos de nós gastamos horas cuidando da aparência sem dedicar tempo necessário para a escolha e preparo adequado dos alimentos, mas o que aparentamos por fora tem tudo a ver com o que colocamos para dentro. Vale à pena investir em panelas que peçam menos gordura na hora do preparo, vale à pena servir um prato com alimentos de muitas cores, legumes e verduras de preferência pouco cozidos sobre banho-maria, salpicados com pouco sal e ervas frescas picadas. Fazer uma hortinha em casa ocupa pouco espaço e garante uma alimentação mais saborosa e saudável, eu já vi hortas suspensas feitas em porta- sapatos plásticos com furinhos embaixo, pendurados em lugar que tenha sol e não requer talento especial e nem dá muito trabalho, sol e água dão conta do recado. Tomates, por exemplo, que levam veneno pesado, podem ser plantados em vaso sendo os mais práticos os pequenos: retira-se as sementes para serem secas, primeiro com papel toalha e depois arejando em local fresco e claro, aí é só plantar em vaso, o resultado é uma planta ornamental bonitinha e tomates bem doces e livres de agrotóxicos.
Vivemos no século da pressa e a pressa é inimiga da refeição. Se Deus aparecesse hoje no supermercado com certeza a maçã não seria a vítima da proibição desse século, mas os salgadinhos, os enlatados, refrigerantes e doces industrializados.
O que faz um alimento ficar conservado é açúcar, gordura e sal que se usados em excesso vão minando gradativamente a saúde. Leia o rótulo dos alimentos como quem lê a bula de um remédio, porque no fim é isso o que os alimentos são, instrumentos de cura e bem estar e dito isso, não significa que tenham que ser feios ou sem graça, o que precisam é de nosso interesse para serem saudáveis e saborosos. Beber bastante água, água pura sem mistura, limpa aquele alimento que talvez não seja tão bom para o nosso organismo.
Acrescentar frutas cítricas na dieta diária ajuda a limpar nossos canais, não é fato que usamos o limão para retirar gorduras e para limpar o cobre, a prata e o bronze? Então beber limonada que é boa e barata é bom para o nosso corpo, limpa as gorduras, aumenta a resistência e ainda ajuda a afastar muco e gripe que muitas vezes são obra de intolerância alimentar ou resultado de excessos que derrubam a imunidade.
Educação alimentar é sempre melhor que remédio, procurar informação sobre o que se come e atualizar o que diziam nossas mães e avós não se perde no tempo.
A modernidade trouxe muitos benefícios,mas como toda mudança,efeitos colaterais que apenas o tempo irá, tomara, ajustar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Batata foi elevada a categoria de alimento super nutritivo

Eu por exemplo não me surpreendo e fico super à vontade com o fato de sempre ter sido defensora e consumidora de batatas, e não entendo porque depois de milênios freqüentando nossas mesas só agora estudos reconheçam seu valor. De origem peruana, dos altos Andes onde qualquer esforço a mais significa um excesso verdadeiro, manteve essas populações bem alimentadas e protegidas de forma acessível.
Rica em vitamina C, a batata é o vegetal mais rico em potássio do planeta, para que serve potássio? Principalmente para manter o coração funcionando bem e manter o corpo hidratado, quer mais do que isso? Tem mais, é só pesquisar.
O que engorda na batata? Tudo que não é batata, fritura, molhos, gorduras,queijos e os diversos aditivos para sabor e conservação adicionados quando são industrializadas.
Um pacote de batatas fritas comprado no supermercado tem “embutido” aproximadamente 70 ml de gorduras em seu preparo, imagine o esforço e tempo despendidos numa engrenagem que tem que funcionar com excesso de graxa, pois assim se sente nosso organismo cada vez que uma carga de gordura excessiva é ingerida. Mas a batata mesmo, pobre, pobre em gorduras,o que não quer dizer que possa ser ingerida em excesso, aliás nada em excesso é bom sabemos todos por experiência própria, mas porque insistimos? Força do hábito de ingerir indiscriminadamente aquilo que parece ser mais fácil e dá menos trabalho, porém esse trabalho dá frutos a médio e longo prazo,assim como as “comidas fáceis” também! Não é possível manter uma dieta baseada em excesso de sal, açúcar, farinhas e gordura animal sem pagar um preço alto por isso, mas isso todos nós sabemos não é mesmo, mas colocamos em prática? Talvez porque diferentemente de nossos ancestrais que conheciam o poder medicinal dos alimentos, nós acreditamos em remédios que aparentemente curam mais rapidamente e que mesmo tomados conforme prescrição nem sempre curam e às vezes deixam rastros de efeitos colaterais além do que precisam a priori “ter “uma doença para curar, sejamos mais rápidos, evitemos...
Eu acredito firmemente que quem cozinha precisa entender de alimentos, conhecer as combinações e misturas, a durabilidade e a utilização sazonal para manter a saúde de quem come, de quem produz e do solo produtor, a interação quebrada é a falta de saúde generalizada que presenciamos hoje, então viva a batata!
Durante a segunda guerra na Inglaterra o racionamento de comida foi bem apertado e um amigo meu, David Howard, foi praticamente alimentado com batatas, e claro que só batata é muito pouco e a desnutrição deixou marcas nele mais tarde, uma das receitas que me ensinou foi essa:

Cascas de batatas assadas com iogurte temperado
(para essa receita o ideal é usar as orgânicas porque os defensivos agrícolas se instalam nas cascas)

Ingredientes para assar as batatas:

cascas de batatas bem lavadas
papel manteiga
pouco azeite
sal
orégano para temperar

Preparo:

Seque bem as casacas, forre uma forma com papel manteiga, pincele com azeite e disponha as cascas e tempere com sal e orégano, forno quente por 15/20 minutos.


Ingredientes para o iogurte temperado:

1 copo de iogurte natural
um punhado generoso de cebolinha e salsa
sal a gosto

Preparo:

misture tudo e utilize