sexta-feira, 8 de outubro de 2010

veio do http://inagracindo.blogspot.com ? essa estória começa lá

As ervilhas serviram a Johann Gregor Mendel para as experiências que o levaram à descoberta das leis da herança biológica, hoje conhecidas em todo o mundo como leis de Mendel, mas é claro que nem minha mãe e nem as mães da vizinhança estavam preocupadas com essas teorias quando nos faziam engolir a sopa quente de ervilha que durante anos me causou náuseas só de sentir o cheiro!Boa fonte de sais minerais, fósforo, cálcio, potássio ferro, bons na formação dos ossos, dentes e sangue, tem alguma vitamina A e vitaminas do Complexo B, que promovem o crescimento e estimulam o apetite! Era tudo o que elas queriam; filhos gordinhos! Mas minha mãe ultrapassava todas as regras de conduta materna quando me contava histórias lacrimogênicas, logo eu, criança tão sensível que por qualquer pequeno drama se derretia e abria a boca num choro logo completado por uma colherada de sopa, e ela entusiasmada continuava o drama até que eu limpasse todo o prato. Durante quantos anos não pude sentir nem o cheiro? Meu amor por ervilhas é recente, aprendi com o filho mais moço, que já não é mais tão moço...Se me arrependo? Muito! Mais do que todo o conteúdo de saúde a ervilha é uma pérola delicada de sabor e textura muito sutis. Hoje sou fã da sopa, do purê com hortelã picado, das batatinhas assadas com alecrim, dentes de alho e ervilha, do patê, delas misturadas com pequenas cebolas carameladas no melado e suco de laranjas... Ah, a relação com a história do outro blog? A constatação de que um ponto de vista é só isso; um ponto de vista apenas.

Sopa de ervilhas com croutons de pimenta

Para a sopa

Ingredientes:

2 xícaras de ervilhas secas
500 ml de água
200 ml de leite ou iogurte natural
1caldo vegetal (opcional)
Sal e pimenta ralados a gosto
1 cl de sopa de queijo tipo boursin natural
Azeite
Hortelã fresca picada

Preparo:

Em fogo brando cozinhe as ervilhas na mistura de água e leite com o caldo vegetal até que as ervilhas quase desmanchem, tempere e processe se quiser obter uma mistura cremosa ou deixe os grãos aparentes. Sirva cobrindo com um fio de azeite e guarneça com uma colherada do queijo tipo boursin, salpique o hortelã sobre o queijo, sirva fria ou quente.

Para o crouton

Ingredientes:

Fatias de pão de forma descascadas
5 cls de sopa de azeite
Pimenta do reino ralada

Preparo:

Corte as fatias de pão em cubinhos homogêneos, salteie em frigideira regada com azeite, rale a pimenta do reino sobre o crouton e mexa levemente até obter cubinhos quase torrados.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Yes nós temos bananas!

A fruta é muito antiga, sua idade é estimada em 8000 anos (antes de Cristo!) e as variedades são mais de cem.
A banana, orgulho nacional, não é brasileira como muitos acreditam, ela chegou aqui trazida pelos navegadores portugueses e começou e ser cultivada entre os séculos XV e XVI . Original do sudeste da Ásia a banana passou a ter cultivo sistemático primeiramente em Papua, Nova Guiné,hoje com técnicas especiais é cultivada em qualquer lugar do planeta que possa oferecer calor natural ou de estufas controladas.
Tudo na banana é utilizável além do fruto propriamente dito; o coração, por exemplo, é uma iguaria servida na Ásia (o sabor é parecido ao da alcachofra e como essa o coração e as pétalas são comestíveis), as cascas são aproveitadas na confecção têxtil e de papel, produzidas com técnicas centenárias.
Nutritivas e versáteis as bananas podem ser preparadas nas formas doce e salgada, refogadas, ensopadas, cozidas fritas e desidratadas, viram até farinhas dietéticas para afinar a silhueta. Enfim, cada família tem uma receitinha infalível, saborosa e econômica que é sempre uma festa. Na minha, meu irmão mais velho, o Demócrito, cultivou o “doce de banana rosa”, uma delícia feita à olho, sem receita precisa, deliciosa para ser comida gelada. Ele enfatiza que a cor só é conseguida com a banana prata, as outras oxidam e escurecem...

Doce de banana rosa

Ingredientes:

Banana prata madura ma non troppo
Açúcar orgânico branco
Leite
1 canela em pau (opcional)

Preparo:

Corte cada banana em três longitudinalmente e reserve. Polvilhe o fundo de uma panela com açúcar e disponha a primeira camada de bananas, cubra com açúcar. Repita essa ordem três vezes, termine com a camada de açúcar e depois cubra tudo completamente com leite. A panela fica parcialmente tampada e o doce vai ser cozido em fogo brando até que atinja a cor rosa, que é o sinal de que está no ponto.

Brunoise de cantaloupe au poivre rouge

Com mais acesso a informações a cozinha tem deixado de ser apenas o lugar de se fazer comida. Aos poucos a bancada deixa de ser apenas um balcão culinário para se transformar também num universo de pesquisa e reações químicas.
Pesquisar, escolher e entender aquilo que consumimos pode ajudar a transformar o que às vezes não parece tão saboroso ou neutralizar um sabor que se impõe aos demais e que por essa razão às vezes é deixado de lado, desmistificar na prática algumas regras absolutas pode trazer resultados bem interessantes.
Durante uma das aulas do Cordon Vert, cortes de pimenta, depois de picar umas quantas malaguetas, inadvertidamente cocei os olhos...O ardor é bem mais acentuado do que na boca e meus colegas solidários correram por água gelada para me ajudar, porém uma das professoras mais experiente no assunto, embebeu dois chumaços de algodão em leite que colocou sobre meus olhos. Efeito mágico e quase imediato.
Na verdade quase todos nós sabemos que o leite é capaz de neutralizar alguns venenos que atingem as mucosas, e, no entanto, para nos aliviarmos do ardor da pimenta em geral recorremos sem pensar duas vezes a água...
Existem as chamadas pimentas de cheiro apenas perfumadas com um ardor muito ligeiro, dessas hoje em dia sou fã, já das outras sempre busquei distância, porém em função dessa experiência durante meu curso resolvi dar uma chance à pimenta ardida e criar com ela um prato que realce o after taste ( retro sabor) além do ardor.

Geléia de pimenta

Ingredientes:

2 xcs de açúcar orgânico branco
Suco e casca ralada de 1 limão siciliano
300 ml de água
100 ml de suco de maçã fresco
4 pimentas malaguetas verdes ou vermelhas

Preparo:

Lave, seque e pique bem a malagueta (se não for usar luvas para picar, lembre de lavar bem as mãos com sabão neutro, certos detergentes e pimenta podem detonar uma reação de queimadura) e reserve. De preferência em panela de ágata leve os outros ingredientes ao fogo brando até levantar fervura, mexendo de vez em quando. Acrescente a pimenta e deixe cozinhar por 20/30 minutos, mexendo a cada quanto, acrescente mais açúcar aos poucos se achar necessário. Desligue o fogo tampe a panela e deixe esfriar. Para estocar tenha um vidro fervido e esterilizado com álcool.

Segue uma entrada bem saborosa que utiliza a geléia.

Brunoise* de cantaloupe au poivre rouge

Ingredientes:

1 receita de geléia de malagueta vermelha
Melão cantaloupe
2 ou 3 cls de sopa de mascarpone, boursin* ou chévre* por pessoa
Folhas de hortelã
Coentro bem picado (opcional)

Preparo:

Brunoise*- técnica francesa de corte em cubinhos homogêneos que se presta a frutas, legumes e verduras crus ou cozidos.
Chévre*- queijo de leite de cabra cremoso
Boursin* ou tipo boursin- queijo de leite de vaca cremoso, tem uma receita em posts mais antigos no blog

Em prato de sobremesa arrume a brunoise num aro culinário e guarneça com um galhinho de hortelã, na lateral disponha o laticínio escolhido a colheradas e por cima uma colher de sobremesa rasa da geléia e sobre ela um pouquinho do coentro picado. Bom apetit!