domingo, 17 de julho de 2011

Minhas Tardes com Margueritte

Minhas Tardes com Margueritte (La tête en friche) de Jean Becker.

Noite fria no Rio, lua cheia, e chegamos ao filme programado no Laura Alvim, pouca fila e o filme já vai dizendo adeus do cartaz e não se pode deixar de ver...Gerard Depardieu fabuloso e sua companheira de cena, ah a doce Margueritte, assim mesmo com dois ts... Que economia de gestos e quantos olhares sem nenhum ou quase nenhum trejeito que traísse aquilo que nos esperava... Narrativa de poucos cenários e pouquíssimos atores engolindo às vezes letras até a morte, completando lacunas das cruzadas do jornal a esmo ou ouvindo páginas de livros cumprir seu papel, narrando como a vida passa ao largo, indiferente e além do nosso controle. Palavras, palavras, palavras, algumas que não se encontram em dicionários ou são complicadas de achar ou mal explicadas e que das estações do ano não entendem nada e nem sabem nada sobre frutos realmente, apenas dão vaga idéia de significados daquilo que pode ser qualquer coisa, mas sempre falta...
Um único tomate jogado entre suas páginas e explicação vaga do pomo d’oro e mais nada, onde já se viu, apenas uma qualidade de tomate? No mínimo ofensivo para italianos que cultivam esse fruto como se fossem da própria família tal o amor dedicado, mas certamente na Itália os dicionários se ocupam muito mais deles, os tomates.
E assim, durante as tardes, sentados num banco de praça os dois conferem os pombos, dezessete ao todo, nomeados de acordo com suas personalidades, é claro, e um sentimento improvável e delicado aflora em pequenos bocados, um flerte não com a frieza dos dicionários, mas do tipo que não tem palavras e nem necessariamente diz eu te amo. Filmes assim merecem sopa de tomates bem temperada, para ser degustada com Caliterra cabernet sauvignon e um pão branco básico (página 60 do livro Da Colheita Para a Mesa), recheado quem sabe, com muzzarela e pesto (página 55 do livro ainda do mesmo livro), então segue a receita, bem fácil, bon appétit!

Sopa de tomate italiana

Ingredientes:
8 a dez tomates pelados (dica para pelar na página 56 do livro, as sementes podem ficar)
3 ou 4 dentes de alho
5 ou 6 galhinhos de orégano desidratado
1 ½ cl de sopa de azeite
Sal
1 cl de sopa de vinho tinto
5 cls de sopa de creme de leite gelado e dessorado (opcional)

Preparo:
Refogue o alho no azeite até quase queimar, junte os tomates e cozinhe em fogo brando por 15/20 minutos, mexendo a cada quanto, junte os galinhos de orégano, o vinho e o sal, desligue o fogo deixe esfriar apenas um pouco e processe. Antes de servir se quiser acrescente o creme de leite, um fio de azeite e guarneça com um galhinho de orégano seco.

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