quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Streusel ou torta de...

Dia de vento gelado incomum no Rio de Janeiro e depois da longa caminhada me deu uma fome inusitada de bananas. Fiquei sonhando com as bananas desde que escrevi o artigo, mas doce aqui em casa tem destino certo; quilos a mais para eu carregar, ninguém come além de mim... Bom pensei, dos males o melhor! Um strudel na confeitaria Kurt, massa leve de pouco açúcar como é comum aos doces europeus. Doce que não se sobrepõe ao café ou chá, que complementa apenas.
O Sr Kurt Deichmann nasceu na Alemanha, em 1907 e chegou ao Brasil em 1939 fugindo da guerra. Em 1944, abriu uma pequena loja de frios na Av. Ataulfo de Paiva, no Leblon, que aos poucos foi se transformando numa confeitaria hoje tocada por sua sobrinha Evelyn.Seu Kurt era muito amável e sempre disposto a trocar dois dedos de prosa sem pressa com os clientes. Com o passar dos anos e os nossos pequenos dedos de prosa, contei das minhas frequentes viagens a trabalho e não sei se por saudades de casa ou por gostar de ouvir novidades em sua área terminávamos por conversar sobre a doçura não tão doce da confeitaria européia, pílulas apenas, porque ele gostava de receber a todos os clientes pessoalmente e se desculpava desmanchado em sorrisos quando pausava nossa conversa.
Suas tortas são famosas, produto de trabalho artesanal cunhado por uma segunda geração e atrás delas vem gente de todo lugar, comer, comprar e encomendar.
O dia lindo, mas meio frio, não arrisquei, sentei do lado de dentro e pedi um pingado com um strudel de maçã e pronta para a primeira garfada, qual não foi minha surpresa ao escutar a garçonete cantando o cardápio de tortas dizer a palavra mágica; banana! Momentinho pode repetir, por favor? Streusel, streusel de banana diet... Então você me desculpa, esse strudel está intocado e quero provar o streussel.
Me deu saudades do Sr Kurt que com certeza teria adivinhado que o que na verdade eu tinha vindo procurar naquele dia frio em sua loja era um streusel e não um strudel, e com chá comme Il faut, mas aí já era demais até porque o café já não fumegava, então tomei assim mesmo e lavei a boca com a água sem gelo e sem gás antes de comer com os olhos, cheirar discretamente e avançar impiedosa rumo ao doce desconhecido. O Sr Kurt com certeza me viu entrar e desde aquele momento sabia o que eu queria, o streusel feito com banana rosa! Cozido sem leite, talvez com um pouco de água, talvez com tal qual para adoçar, definitivamente o que eu queria comer, ficou faltando apenas o chá.
Em confeitaria o termo streusel é usado para definir, farofa, farelo ou crumble que fica mais elegante e dá as tortas feitas com frutas um pouco mais de dignidade. A esse farelo, como num biscoito acrescenta-se manteiga, açúcar e farinha. Farinha e açúcar podem ser integrais, pode-se ainda acrescentar nozes, amêndoas ou avelãs e talvez um pouco de passas, levar ao forno ou simplesmente saltear em frigideira como quem faz uma farofa. Ajeita-se as bananas rosas e com um aro culinário dá-se o corte redondo ou quadrado, cobre-se com o streusel et voilá. Se a mão for firme pode-se usar faca afiada. Doce frio ou quente, farofa de temperatura igual ou diferente, que sem dieta cai bem obrigada com sorvete de canela! Quer a receita do sorvete? É só deixar seu comentário. Abraço.

3 comentários:

  1. Bom dia , Ina ... Fiquei com água na boca !!! Só falta a receita do sorvete...Bjs, Nana

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  2. Deixando um email posto a receita individualmente

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  3. Artigo delicioso! Seus textos estão cada vez mais gostosos de se ler. Fico curiosa para saber qual é o local silencioso no shopping.
    Beijos,
    Bibis.

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