segunda-feira, 17 de outubro de 2011

As estrelas do Michelin

O dia começou com uma neblina grossa e surpreendente para a época do ano, o fog tomou conta da cidade, mas algumas horas depois o sol abriu e soprou uma brisa apenas fresca. De repente depois do primeiro frio da manhã uma emergência em despir toda a lã sobreposta e desnecessária e aproveitar o outono quase quente com uma floração primaveril tardia. Kings Road é a meta e o The Botanist o restaurante. Já escrevi no blog sobre ele, sacrilegamente nos últimos tempos foi guardado numa segunda gaveta e substituído pela vã função de novas aventuras gastronômicas em Londres.
A distância às vezes faz coisas que o paladar agradece, e assim depois das últimas frustrações o retorno foi necessário e pródigo confirmando que adentrávamos um restaurante de verdade, desses onde da água ao café nenhuma vírgula pode ser acrescentada, tudo no lugar certo, na hora certa, de paladar correto e apurado e visual irretocável.
Se tem estrelas do Michelin eu não sei, e prefiro nem perguntar porque os dois últimos estrelados onde comi custaram muito dinheiro e não me disseram absolutamente nada, fiquei envergonhada de comentar afinal entre minha opinião e as estrelas Michelin...
Eu vegetariana me fartei num creme quase espuma de aipo trufado regado com um fio de azeite de trufas e em seguida comi uma salada quente de girolles com mini cenouras, parsnips (que são parentes da cenoura embora brancos) laminados e fritos em pouquíssimo óleo, rabanetes cozidos no vapor em tempero muito suave e castanhas levemente açucaradas. De sobremesa uma esponja de figos com levíssimo creme caramelo e tudo regado a Chardonnay do sul da França estupidamente gelado. Degustação feita em companhia de minha amiga Daniela, muito elegante, que gemia enquanto comia um risoto de frutos do mar al dente acompanhado de lulas crocantes em parmesão que não provei, mas pude ver o bonito conjunto e sentir o aroma do prato, além, é claro, de escutar seus ais durante todo o almoço! De sobremesa ela pediu um petit gateau recheado de frutas vermelhas acompanhado de sorvete artesanal de morangos envolto em finíssimo biscotti. A conta foi bastante razoável, o serviço impecável e o expresso bem quente, o que atualmente é raro, já que muitas máquinas mais modernas se recusam a “queimar” o pó do café com água excessivamente quente. Saindo de lá uma passada imprescindível pelo mercado gourmet do Harvey Nichols, vontade de levar todas as novidades não faltou, mas me bastou um vidrinho de azeite de trufas brancas que estão na estação e levantam o moral até mesmo de um simples miojo quentinho.
Bom depois de um mês batendo perna à porta de mesas estreladas Michelin que me perdoe, mas vou ser bastante mais parcimoniosa na hora de contar estrelas, dito isso eu e Daniela já temos almoço agendado em Niterói no restaurante do museu, comi uma vez lá logo depois que abriu e gostei muito de tudo o que vi e comi.
Dou notícias durante a semana e alguma receita legal! Bon appetit!

3 comentários:

  1. Também quero me juntar ao coro de "ais"...
    Valeria Castro

    ResponderExcluir
  2. huuuummmmm ... so de lembrar, a decoracao, o servico, o vinho, enfim, um espetaculo!!! quero mais!!! e o jardim da tia do Bob?? escandalo!!! o calor de outono foi o unico porem, mas quem poderia esperar?? ate a proxima babes, Danish.

    ResponderExcluir