segunda-feira, 16 de maio de 2011

Fim de semana em São Paulo

Fim de semana em São Paulo, passeio gastronômico na certa e dieta mandada pro espaço... Bom, hoje já é segunda feira, chuvosa, e tudo torna quase ao seu devido lugar.
O almoço do sábado foi na Mercearia do Francês, desnecessário dizer que os pães do couvert estavam deliciosos e pra continuar pedimos torradinhas de champignon (na manteiga é claro, afinal estamos em território francês) e ratatouille com queijo de cabra, lindo, cheiroso e gostoso que veio surpreendentemente enformado. Meu amigo pediu risoto de abóbora com carne seca, a apresentação é linda e a carne não vem misturada, assim que belisquei o risoto, um primor! O vinho foi um chileno carmenére/sauvignon, 14º, Antu Ninquén que em mapuche vem a ser aparentemente Sol da Montanha, muito bom. Cometi um erro clássico que foi pedir massa como prato principal em restaurante francês. Os franceses herdaram de Catarina de Médicis muitas receitas italianas e como no caso dos pães, se superaram, já na massa...Um caso quase raro eu acertar nos pratos que incauta tenha experimentado.De sobremesa crepe Suzette e brulée corretíssimos e uma coisa que adoro nos franceses: garfo e colher sempre que a sobremesa não pede faca, não pode ser de outro jeito. Fazer como para comer? Usar o dedo pra ajudar a sobremesa a ser pescada ou tentar agarrá-la até que escorregue pela borda do prato e se esborrache na mesa? E vive les français(!) povo da sobremesa que sabe de A a Z como fazer e servir!
Domingo de manhã caqui e pêra bem comportados até atacar N variedades de pão italiano e um queijo de cabra tartine, bon dieu, onde isso vai terminar? Nas páginas do Google para descobrir se no cardápio tinha comida vegetariana e onde ficava o Dalva e Dito do Alex Atala.
O Alex Atala é um dos meus ídolos culinários, a cozinha dele tem uma coisa desbravadora, masculina, quase agressiva (talvez por isso os doces não sejam o forte...), mas aí aparece o bom humor, ingrediente indispensável para uma cozinha ter leveza e se levar a sério somente na hora do corre-corre, sem falar da propriedade no uso do que é brasileiro. -Muita gente me pergunta como posso ser vegetariana num país de tantas carnes, valha-me Deus esse é um país tropical, abençoado por Deus!-
Tudo desde a entrada é lindo de ver, cheirar, e por falar em cheiro, a batida de priprioca...Ele trouxe do norte e como diz com muita propriedade sabor é o aroma líquido, eu já senti o aroma do perfume e o gosto na bebida é exatamente aquilo que o vidro contêm, sem tirar nem pôr. Eu não gosto de cachaça, mas nem por um minuto pensei em substituir por saquê, que estava intocavelmente perfeita do jeito que veio e ainda por cima acompanhada de palitinhos de mandioca no ponto exato.
Menu devorado, hora de pedir o prato. Dúvida: arroz vermelho do sertão com espeto de queijo tostado e legumes ou ratatouille do sertão (mandioquinha, maxixe,batata doce roxa, quiabo, gerimum, palmito assado, banana da terra, chuchu, cebola e manteiga de garrafa). Fui de ratatouille (fixação?) e veio tão lindo e perfumado que esqueci de perguntar se a manteiga já estava incorporada. É preciso ter controle e não tocar no prato por um instante, mirá-lo como quem olha para um jóia e mesmo se a fome apertar a gente se comporta, inspira e só observa, desde o instante em que ele toca na mesa.
A quantidade foi pequena, mas a surpresa foi grande, saborosíssimo!
Antes, esqueci de dizer que vieram pão de milho e integral, palitos de polvilho e dentre os beliscos do couvert um patê de feijoada. Sobremesas me fazem sempre ter a quase certeza que carecem de mãos femininas e não foi nem tão bonita e nem tão gostosa quanto eu esperava e dos petits fours que acompanham o café eu tiraria tudo o que não fosse o deliciosíssimo pé de moleque, mas, pretensão e água benta...
Quem sou eu pra falar de Alex Atala?
Barriga cheia, mão lavada, pé na estrada e uma última browseada ligeira pelo mercado Santa Luzia antes de ir embora com a promessa de na próxima ponte aérea aterrissar diretamente no D.O.M de Alex Atala que acaba de ser premiado como o quinto melhor restaurante do mundo pela World’s 50 best restaurants, dá uma olhada lá http://www.domrestaurante.com.br
O Dalva e Dito estão no www.dalvaedito.com.br e a Mercearia do Frances no http://www.merceariadofrances.com.br/ com receitas do que comi, bo appétit!

2 comentários:

  1. Embora tenha vivenciado isso tudo, me pareceu uma outra experiencia ler seu texto: me vi sonhando, imaginando os locais, os pratos, os gostos de uma forma ainda mais agradavel e gostosa do que a experiencia em si! Que delicia ler sua versao, sua visao!

    Obrigado pela oportunidade de compartilhar isso tudo com uma verdadeira connoisseur!

    E viva o Brasil misturado com a Franca, ne?

    Beijo

    Domenico

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