Sempre me dá
calafrios ao pensar no quanto consumimos de não comida em nossas refeições diárias.
Os debates sobre o uso de hormônios e antibióticos em animais de abate são acalorados
e os grandes produtores insistem em dizer que nenhum dos dois é usado em seus
animais, mas o fato é que animais de abate em massa têm amadurecimento muito
mais rápido do que animais criados de forma caipira, o que sugere hormônio de
crescimento. Animais de abate em massa ficam expostos a doenças que se não detectadas
rapidamente dizimariam a população inteira de um criadouro onde nascem, crescem
e morrem confinados, e no caso de doença, como debelá-la num ambiente fechado
e tão populoso, antibióticos?
Os produtos desses animais também estão carregados
dos remédios que ingerem além dos possíveis pesticidas agregados ao pasto comum
e o produto das rações, perspectiva sombria... Os vegetais que chegam às nossas mesas também não
estão livres de venenos, ao contrário, os grandes produtores podem afirmar que não,
porém na hora de exportar para países de primeiro mundo se não mudam as regras, o produto é rejeitado e eu me pergunto: se na atualidade nossa economia vai
indo bem obrigada, porque as regras não mudam aqui também? Lutar pela qualidade
do que comemos enquanto lutamos pelos direitos animais é um posicionamento político
que exige ação, e ações nem sempre são fáceis de engolir. O que vemos no mundo é
que boicotes e sanções são capazes de remover montanhas, e, no entanto,
passivos como gado de abate continuamos a consumir indiscriminadamente todo o
veneno que nos oferecem a preços exorbitantes, assistindo a proliferação de doenças,
que sinceramente, dado os anos que existem e o dinheiro investido em pesquisa já
deviam ter apontado alguma solução positiva. Não sou cientista, mas
pesquisadora e observadora e acredito que a comida é grande causador das
dificuldades na doença e na recuperação da saúde deteriorada, há sem dúvida
outros complicadores que fazem parte do nosso cotidiano, mas a comida freqüenta
nossa vida mais do que qualquer um deles e é na atualidade uma de nossas maiores
obsessões. Se pesquisarmos do que é capaz o excesso ou a falta de hormônios ou
de antibióticos, talvez reconsideremos nossas escolhas, o conhecimento é sempre
a melhor arma de resistência que podemos ter e é tolice pensar e dizer que
ignorar é uma bênção. Uma vez que cada um de nós passar a prestar mais atenção com o
que se alimenta, vai ser possível evitar enormes dores de cabeça futuras e na
ponta do lápis economizar uma fortuna em médicos e remédios. Vivemos um século ansioso,
deprimido, obeso e apesar de tantos avanços não somos capazes de deter o
desenvolvimento de uma simples gripe e isso é no mínimo estranho. Nossa imunidade
a doenças é a cada dia mais baixa e estamos sujeitos a epidemias descontroladas
e resistentes a antibióticos como nossos ancestrais do começo do século dezenove,
estamos, no fim das contas, desamparados. Manipuladores de uma tecnologia super
moderna não conseguimos reverter uma dor de cabeça ou um espirro
em pleno século XXI, o que deveria nos levar a pensar que talvez precisemos
rever muitos valores e investimentos que fazemos diariamente de olhos fechados. Orgânicos ainda
parecem caros porque a manutenção da técnica depende do aumento no consumo, porém
investir menos no que se come pode significar maior investimento em doenças em
detrimento de uma boa qualidade de vida mais longa e saudável. Quando for
comprar pense duas vezes no que que vai colocar no carrinho, a saúde agradece pelo
cuidado. Bon appétit!
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